Capítulo 17

Todos estavam reunidos na sala de jantar.

Kim, com um gesto carinhoso, serviu a comida no prato do seu namorado. Otto sorria, contente por estar partilhando aquele momento ao lado do filho. Lola, sempre elegante, pediu com gentileza que Ana se juntasse à mesa. A jovem, porém, recusou timidamente e afastou-se.

— Sente-se, Ana. Você é da família. Jante conosco, disse Kim com um olhar acolhedor.

Wat levantou-se, puxando uma cadeira ao lado dele:

— Por favor, sente-se com a gente, pediu ele com doçura.

Ana, envergonhada, aceitou o convite e sentou-se. Kim, então, serviu seu prato e se aproximou para sussurrar:

— Você tem todo o direito de estar aqui. Sei que fui frio com você antes… mas depois que conheci o Wat, muita coisa mudou em mim. Obrigado por ter paciência comigo. Me perdoe, Ana.

As palavras do Boss emocionaram Ana, que não conteve o sorriso com os olhos marejados. Gun, tocado pelo momento, abraçou sua amiga. Enquanto isso, Otto servia bebidas e contava histórias de trabalho, quebrando o clima tenso. Wat se sentia confortável ali, acolhido por aquela família que agora também era sua.

Ao final do jantar, Kim levantou-se, dando licença para levar Wat até o quarto. Assim que entraram, Wat disse com a voz baixa e triste:

— Kim… me deixe ir com você? Mesmo aceitando a sua viagem, meu coração não quer que você vá.

Kim se aproximou, beijando os lábios trêmulos do namorado:

— Eu voltarei antes da sua formatura. Estarei aqui, ao seu lado, para te aplaudir no dia mais importante da sua vida.

Wat não conseguiu segurar as lágrimas, desabando nos braços do Boss. Kim o conduziu até a cama, cobrindo-o com carinho. Apagou as luzes e saiu para a varanda, tentando respirar fundo. O vento frio da madrugada batia em seu rosto enquanto ele olhava para o céu, cheio de dúvidas.

— O que eu faço agora?, sussurrou para si mesmo.

Mas seus pensamentos foram interrompidos pela voz suave que tanto amava:

— Kim?

— Hum?

— O que está fazendo aí fora?

— Apenas tomando um ar…

— Vem deitar, preciso do seu abraço. Está frio sem você.

Kim fechou a janela e as cortinas, deitando-se ao lado de Wat, que logo se aconchegou em seus braços. Ele recebeu um beijo estalado na testa e ouviu Wat murmurar:

— Por que tudo isso está acontecendo conosco? Será que não podemos simplesmente ser felizes?

— Podemos, sim. Tudo tem seu tempo. Logo, estaremos juntos novamente, como deve ser, respondeu Kim, seguro, mas com o coração apertado.

Na manhã seguinte, Otto bateu à porta.

— Kim?

— Sim, papai?

— Saímos para o aeroporto ao meio-dia. Arrume suas malas, filho.

— Já é hoje? Eu não sabia…, disse Kim surpreso, com os olhos baixos.

— Eu deveria ter te avisado ontem, me desculpe. Mas precisamos ir logo.

Kim respirou fundo e se virou para acordar Wat com um beijo suave.

— Bom dia, meu amor.

— Acordou cedo, chefe?

— Não dormi. Preciso fazer as malas… embarco hoje ao meio-dia.

Wat se levantou devagar, com os olhos marejados e o cabelo todo bagunçado. Ele ajudava Kim a arrumar a mala, dobrando cuidadosamente cada peça de roupa entre soluços silenciosos. Ana entrou e se ofereceu para ajudá-los. Kim e Wat, então, desceram para o café da manhã.

Lola estava na sala lendo o jornal, com um sorriso tranquilo. Otto tomava seu café e os amigos Alex, Ben e Arlan já os aguardavam.

— O que vocês fazem aqui? Vieram se despedir?, perguntou Kim.

— Claro. Você é nosso amigo. Não poderíamos sair sem nos despedir, disse Ben.

— Somos seus parceiros, Kim. Estamos com você, completou Arlan.

— E você, Alex? Nada a dizer?, provocou Kim.

Alex chorou e o abraçou forte. Kim sussurrou:

— Confio em você para cuidar de tudo… e do Wat também. Ben e Arlan estarão fora em breve.

— Noivo? — perguntou Alex, surpreso.

— Sim. Dei um anel a ele. Estamos noivos agora. Assim, ele saberá que voltarei em breve.

Lola interrompeu com gentileza:

— Meninos, venham tomar café.

Todos se reuniram à mesa. Lola presenteou o filho com uma caixa misteriosa. Ao abri-la, Kim encontrou documentos importantes: a empresa de Nova York estava agora também em nome de Wat. Surpreso, o garoto recusou, mas diante da insistência de Otto e Lola, acabou aceitando com lágrimas nos olhos.

— Você cuidará das empresas enquanto estivermos fora. Confiamos em você, disse Otto, firme.

Ana desceu e avisou que tudo estava pronto. Kim agradeceu com uma xícara de café. O clima era leve, descontraído — uma trégua necessária.

Wat e Kim subiram para escolher a roupa de viagem. Wat abraçou o namorado por trás e perguntou:

— Vai me ligar todos os dias?

— Sempre que puder. Os fusos são diferentes… vai ser difícil, mas darei um jeito. Eu queria te levar comigo.

Kim beijou Wat, cheio de saudade antes mesmo de partir.

— Eu voltarei para você, meu amor. Prometo.

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Horas depois, o carro já os esperava na porta da mansão.

As malas estavam prontas. Kim desceu com Wat ao lado, segurando firme sua mão, como se não quisesse soltá-la por nada. Ana, Lola e Otto já estavam prontos. Alex segurava a última mala, enquanto os olhos de Wat estavam vermelhos de tanto conter as lágrimas.

— Chegou a hora..., murmurou o Boss, olhando para Wat.

O estagiário abaixou a cabeça, tentando manter a compostura. Ele não queria parecer frágil, mas o nó na garganta o impedia até de respirar direito. Kim se inclinou e beijou-lhe a testa:

— Não chore. Você precisa ser forte agora. Por nós dois.

Ana abraçou o chefe, desejando boa viagem. Otto e Lola entraram primeiro no carro, deixando um espaço para o filho se despedir. Kim segurou o rosto de Wat com as duas mãos e olhou profundamente em seus olhos.

— Confie em mim. Eu voltarei. Todos os dias, ao acordar, pense em mim. E todas as noites, olhe para a lua. Onde quer que eu esteja, estarei olhando para ela também.

Wat não aguentou. As lágrimas escorreram sem controle, e ele se jogou nos braços do namorado.

— Não sei como vou conseguir ficar sem você, Kim. Me acostumei com a sua presença... com a sua voz... com seu cheiro. Já sinto a sua falta e você nem foi ainda.

— Você é forte, Wat. E eu sou seu. Para sempre. Me espere, por favor.

Eles trocaram um último beijo, intenso e doloroso. Kim entrou no carro. Wat ficou parado ali, no portão, assistindo o veículo se afastar. Só então percebeu o vazio que aquele adeus havia deixado.

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Mais tarde, no aeroporto de Incheon

Kim observava a pista pela janela, com os braços cruzados e a mente distante. Otto tentava conversar, mas o filho estava em silêncio. Lola apenas segurava a mão dele com delicadeza.

— Está pensando no Wat?, perguntou Otto.

Kim assentiu, ainda olhando para o horizonte.

— Ele é meu equilíbrio. Sinto que estou deixando uma parte de mim para trás.

— Você é como eu era na sua idade. Quando me apaixonei por Lola, deixei tudo para segui-la. Mas às vezes precisamos sair... para poder voltar mais fortes.

Kim respirou fundo. Seu pai tinha razão. Ele precisava resolver as pendências da empresa no Brasil — e rápido.

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Enquanto isso, na mansão

Wat entrou no quarto do Boss e deitou-se na cama ainda com o cheiro dele. Abraçou o travesseiro e sussurrou:

— Volte logo... Kim.

Ana entrou em silêncio, trazendo um copo de suco.

— Você precisa se alimentar, Wat. Sei que está doendo, mas ele confiou em você. Mostre que é capaz.

— É difícil… mas eu vou tentar. Não posso decepcioná-lo., respondeu ele com a voz embargada.

Ana assentiu, com ternura nos olhos.

— Estamos com você. E agora você tem uma missão maior: cuidar da empresa que ele deixou em suas mãos.

Wat olhou para a pasta de documentos que Kim havia lhe dado. Ali havia mais do que uma responsabilidade empresarial. Havia confiança, amor e uma promessa silenciosa: "Eu voltarei para você."

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No voo para o Brasil

Kim observava o céu pela janela do avião. Estava em silêncio, mas o coração dele batia forte. No bolso do casaco, segurava o anel de Wat, como um lembrete constante do motivo pelo qual voltaria.

— Espere por mim, Wat. Só mais um pouco… e eu estarei de volta. E desta vez, para sempre.

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