capítulo 16

Kim deixou Wat por um instante e seguiu direto para a sala de gravações. Pediu ao segurança que rodasse o vídeo novamente. Quando as imagens começaram a passar diante de seus olhos, seu semblante endureceu. Ele viu, com clareza perturbadora, Lee encurralando e agredindo Wat no banheiro. O olhar assustado do estagiário, o corpo tentando escapar... A raiva explodiu dentro do Boss.

Sem dizer uma palavra, ele arrancou o pen drive do computador e saiu à procura de seu namorado. Encontrou-o ainda perto da pista, distraído. Pegou-o pelo braço, com firmeza, e o puxou para fora da boate. O ar da noite parecia ainda mais pesado quando Kim gritou:

— Por que você não me contou a verdade, hein?

Wat se encolheu, surpreso, os olhos marejados. — Eu... eu não queria mais violência. Tive medo que você se machucasse de novo. Se eu te contasse, você ia atrás dele, Kim. Eu não queria te ver perder o controle outra vez.

— Eu sou seu namorado, Wat! Eu tenho que te proteger! — Kim se aproximou ainda mais, seu olhar ardendo de dor e fúria. — Você não confia em mim?

— Eu confio, confio muito. Mas só de pensar em te perder... eu fico desesperado. — Wat respondeu com a voz trêmula, lutando para não chorar.

Kim respirou fundo, tentando conter as emoções. — Eu preciso ir atrás daquele filho da p*ta. Ele não merece estar solto! Ele te assediou, te agrediu. Caralho, Wat! — gritou, e logo depois, puxou o estagiário para um abraço apertado. — Escuta: nunca mais minta pra mim. O que quer que aconteça, me diga. Sempre.

Wat chorava silenciosamente em seus braços, apenas balançando a cabeça em confirmação. — Eu te amo demais — murmurou.

— Eu também. Mas preciso que você confie. — Kim acariciou seu rosto com os polegares. — Vamos embora. Eu te levo.

— Não quero voltar para casa, Kim. Não quero que meus pais vejam meu rosto assim. Prefiro ir pro apartamento... lá, me sinto mais à vontade.

— Como quiser. — respondeu ele, com doçura.

Os dois entraram no carro. Kim, ainda tenso, mandou uma mensagem para Alex avisando que havia saído. Durante o trajeto, Wat lançou um sorriso malicioso para o Boss. Kim notou pelo canto do olho.

— Que foi esse sorriso? — perguntou, curioso.

Wat passou a mão pelas coxas do chefe, os dedos deslizando com intenção. Kim engoliu em seco, não esperando por aquele toque.

— Wat... o que está fazendo?

— Eu preciso de você. — sussurrou ele com a voz rouca.

— Você bebeu demais... não devia...

— Estou sóbrio. — respondeu Gun, encarando-o com desejo.

Kim mordeu o lábio inferior, lutando contra o impulso. Pegou uma das mãos de Wat e a beijou. O estagiário então se aproximou de seu ouvido:

— Posso te ter aqui mesmo? No carro?

O chefe respirou fundo, lutando contra a excitação.

— Tem certeza?

— Sim. Tenho.

Kim desviou para uma estrada mais deserta e parou o carro. Virou-se para Wat e o puxou para um beijo feroz. O estagiário estava corado, entregue. No calor do momento, gemidos roucos escapavam da garganta do Boss. O prazer tomou conta do veículo, embalado por suspiros e juras silenciosas. Wat, imerso naquele momento, pensava:

“Hoje, me sinto livre. Estou vivendo algo perigoso e viciante. Ele me faz sentir vivo, desejado. Kim... seja só meu. Me beije como ninguém beijou, me toque como ninguém tocou. Me fda como ninguém jamais me fdeu. Maldição, que delícia viciante.”

Após o êxtase, Kim mordeu suavemente o lábio de seu namorado e sussurrou:

— Você é todo meu, Wat. Tudo meu. Me ouviu?

Wat apenas sorriu e assentiu, ofegante.

— Sou todo seu...

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Ao voltarem, Kim levou Wat diretamente para o quarto. Mas, ao descerem, encontraram Otto e Lola esperando por eles para uma conversa. Ana, já de volta, servia café na sala.

— Sentem-se, por favor. — pediu Otto.

Kim se sentou, cruzando as pernas, ainda ofegante pelas emoções da noite. Wat se acomodou ao seu lado.

Lola, com sua elegância habitual, olhou para o filho com carinho.

— Filho, seu pai vai ao Brasil para uma reunião importante... e você irá com ele.

— O quê? — Kim ergueu as sobrancelhas. — Isso é sério?

— É o que ouviu. Vai passar seis meses lá — respondeu Otto, firme.

— Pai, você pode ir sozinho! — protestou Kim.

— Eu preciso de você. Eles querem conhecer seu projeto. É sua chance.

Kim apertou o punho, frustrado. Wat, percebendo, segurou a mão do namorado, tentando acalmá-lo.

— Eu estarei aqui te esperando. — disse ele com um sorriso apagado, mas sincero.

— Como você fala isso assim, Wat? Tão tranquilo? Eu... eu não quero te deixar aqui!

Kim puxou o namorado e o levou até o quarto. Ao fechar a porta, deixou-se cair contra ela, aos prantos.

— Como você pode dizer que está bem com isso? Eu não estou! Eu não quero ficar longe de você, porra!

Wat o abraçou devagar, acariciando seus cabelos.

— Eu não estou bem, Kim. Mas preciso ser forte por você. Essa é sua oportunidade. Vá, dê o melhor de si. Eu estarei aqui, esperando por você... e me orgulhando.

Kim chorava sem freio. Wat apenas o envolveu com ternura.

— Por favor, me deixa sozinho um pouco — pediu o Boss, sussurrando.

Wat saiu em silêncio. Ao descer, Lola o parou:

— Como ele está?

— Despedaçado. Mas vai ficar bem...

— Ele precisa desse tempo. Vai ajudá-lo a pensar — disse Lola, enxugando as lágrimas do rosto do genro.

Otto permanecia calado, pensativo diante da lareira.

Pouco depois, Ana anunciou o jantar. Mas Wat foi até a cozinha, onde ela o esperava com um abraço.

— Está bem com isso, Gun?

— Não... estou com medo. E se ele não voltar? — desabafou.

— Ele vai voltar. Eu sei que vai. O chefe fará tudo para estar aqui na sua formatura. Confie nisso.

— Eu o amo demais, Ana... não sei se aguento...

— Você vai aguentar. E eu vou estar com você. Agora, senta aí que vou fazer um chá.

De repente, Kim surgiu na porta, com o olhar mais calmo. Envolveu Wat com os braços e disse com a voz baixa:

— Você estava certo, meu amor. Esse projeto é importante. Trabalhei por ele por tanto tempo... e farei de tudo para voltar antes da sua formatura. É uma promessa.

Wat o abraçou forte, sentindo-se, por um momento, em casa... mesmo em meio ao caos que os separaria por seis longos meses.

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