Capítulo 3

Wat saiu correndo até o hospital mais próximo de sua casa, o coração acelerado, as pernas quase falhando a cada passo. Entrou apressado pela porta principal, e foi direto à recepção.

— Meu pai, Pedro... ele foi internado. Pode me informar onde ele está?

A atendente, uma senhora com maquiagem exagerada e sombra cintilante demais para a ocasião, sorriu com delicadeza.

— Hum... está no quarto 213. Pegue esse cartão de visitante.

— Obrigado. — Gun respondeu gentilmente, pegando o cartão com as mãos trêmulas.

Ele caminhou pelo corredor iluminado por uma luz fria, e a cada passo seu coração apertava mais. Lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto. Ao encontrar sua mãe, correu ao seu encontro:

— Mamãe... cadê o papai?

— Ele está inconsciente. Sua irmã está com ele.

— A Alicia está aqui?

— Sim, filho. Não pude deixá-la sozinha nesse momento.

— Eu vou vê-lo.

Gun entrou no quarto com os olhos vermelhos de tanto chorar. Alicia correu e o abraçou com força.

— Irmão... papai vai ficar bem, não vai?

— Vai, sim... ele vai acordar logo. — Gun limpou os olhos com o dorso da mão. — Eu falei pra ele não trabalhar pesado... Entregador de pizza? Papai já não tem idade pra isso. Por que ele foi tão teimoso?

Sentou-se ao lado da cama, pegou a mão de Pedro com carinho e encostou-a no rosto.

— Estou tão cansado, papai... Hoje o dia começou todo errado. Cheguei atrasado no meu primeiro dia de trabalho. E quem me atropelou foi justamente meu chefe... Acredita? Quando o vi na empresa... aquele homem elegante, frio, lindo... era Kim. Um verdadeiro inferno. Um chefe irritante... Papai, acorda, por favor.

A enfermeira entrou, interrompendo com doçura:

— Por favor, precisam sair para que o paciente descanse.

Ao abrir a porta, Gun deu de cara com Ayan e Kim.

— Boss?! O que você está fazendo aqui?

— Ayan me ligou. Disse que você precisava descansar. Vamos, me acompanhe.

— Eu não vou. Não posso sair daqui até meu pai acordar!

— Wat, por favor, ouça o chefe. Eu fico com a Alice e a Marta — tentou convencer Ayan.

— Eu já disse que não vou sair!

— Wat, isso é uma ordem! — disse Kim, pegando sua mão e puxando-o para fora do hospital.

— Me solta, chefe! Não me tire de perto do meu pai, por favor!

— Wat, me ouve. Você não vai voltar lá. E ponto. Entra no carro, agora. Vai descansar.

— Eu nem te conheço direito... Como quer que eu confie em você?

— Para de besteira — disse Kim, empurrando Gun para dentro do carro e fechando a porta do passageiro. Entrou pelo lado do motorista logo depois.

Wat estava furioso, os lábios contraídos de raiva.

— Wat?

— É Gun, ok?

— Eu vou continuar chamando de Wat. Gosto assim. E amanhã você está dispensado do trabalho. Vai tirar um dia de folga.

— Hum... — murmurou ele, irritado. — E aí? Matou o homem inocente?

— O que você está dizendo? Eu não matei ninguém inocente.

— Ah, não? E o cara que seguiu suas ordens? Ele matou, não foi? Você é perigoso.

Kim permaneceu em silêncio.

— Responde! Matou ou não?

— Isso não é da sua conta. Fique fora dessas coisas. Já sabe que eu sou perigoso... então, não se meta.

— Você é insuportável — sussurrou Wat.

Chegando na mansão, os seguranças de Kim estavam a postos. Assim que viram Gun, um estranho, apontaram armas imediatamente.

— Eu... eu devo ir embora, senhor Boss...

— Você vai ficar. Abaixem as armas!

— Sim, senhor!

Kim pegou a mão de Gun e o conduziu para dentro. O garoto ficou pasmo ao ver o luxo daquele lugar.

“Esse lugar é mil vezes melhor que minha casa... Esse homem é podre de rico... e completamente metido.”

Enquanto observava cada canto da sala, Gun se perguntava: “Será que um dia vou ter uma casa assim? Minha família estaria mais segura...”

— Wat? — chamou Kim.

— Hum?

— Entre no quarto. Vou pegar uma toalha pra você tomar banho.

— Ei... aqui é seu quarto?

— É. Qual o problema?

— Dois homens no mesmo quarto?

— Para com bobagens. Pegue a toalha. Vou esperar aqui enquanto você toma banho.

Kim se afastou e ligou para Alex:

— Diga, senhor.

— O que aconteceu com aquele indivíduo?

— Já estava morto. Precisamos saber quem está por trás disso.

— Investigue. E me avise assim que souber.

— Sim, senhor. Kim... investiguei sobre Gun.

— Seja breve.

— Ele é um rapaz simples, do povoado. Trabalha e estuda para sustentar a família. O pai não é o pai biológico dele. O garoto não sabe disso. Alice é filha biológica do Pedro. Ele faz faculdade de engenharia, mas os trabalhos de meio período mal pagam os estudos. Cuide bem dele, senhor... ele precisa de ajuda.

— Hum... desligando.

Wat saiu do banheiro só com a toalha. Kim o olhou de cima a baixo, completamente sem reação. Seu rosto ficou corado.

— Kim? Está me ouvindo?

Kim estava nas nuvens. O corpo definido de Wat fez seu coração acelerar. O garoto se aproximou e sussurrou:

— O que deu em você? Por que está tão perto? Cara, você é muito estranho... Vai tomar banho ou não?

— Hum... — respondeu Kim, puxando de repente a toalha da cintura do rapaz.

— KIM! Você me deixou pelado!

— Eu já vi. E não me importo.

— Que droga! Pervertido! — resmungou Wat, pegando suas roupas rapidamente. — Vou me vestir logo, antes que você me possua!

Kim riu e seguiu para o banho, eufórico. Enquanto a água caía, ele pensava:

“O que está acontecendo comigo? Kim... se controla!”

Quando saiu do banheiro, também de toalha, perguntou em voz baixa:

— Wat, quer jantar?

Não obteve resposta. Olhou para a cama. Gun dormia profundamente. Kim sorriu e pegou o cobertor, cobrindo-o com cuidado.

— Boa noite, Wat — sussurrou, tocando suavemente os cabelos do garoto.

No corredor, Ana passava com uma bandeja.

— Ana, me sirva o jantar, por favor.

— Seu pai ligou?

— Não... estranho. Ele sempre liga. — Kim tentou contato, mas caiu na caixa de mensagens. Seu semblante se fechou, a preocupação era visível. Desceu para a sala e sentou-se diante da lareira. Ana lhe serviu sopa e café.

— Senhor, quem é o garoto?

— Meu estagiário. Está passando por um momento difícil. Cuide bem dele. Sirva tudo o que precisar.

— Sim, senhor.

Na manhã seguinte, Wat acordou sentindo-se renovado. Ao abrir os olhos, percebeu que Kim dormia ao seu lado. Tentou sair de mansinho, mas ao tirar o braço debaixo da cabeça dele, Kim acordou.

— Bom dia... dormiu bem?

— Hum... dormi, sim. Obrigado por me deixar na sua cama. Estou em dívida com você.

— Estou exausto...

— Dormiu tarde?

— Estou preocupado... Roupa no armário. Vista o que quiser. Te espero lá embaixo pro café.

Gun assentiu com a cabeça. Pela primeira vez... algo em seu peito pareceu aquecer de verdade.

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Comments

Cleide Almeida

Cleide Almeida

bem d boa🥰🥰

2023-08-03

2

Leitoradelivros Online

Leitoradelivros Online

Relaxa Boss

2023-05-16

1

Leitoradelivros Online

Leitoradelivros Online

É isso aí cuida do meu bebê

2023-05-16

0

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