Victória olhou para ele e o analisou dos pés à cabeça. Percebi um brilho em seu olhar, mas ela nada falou. Paul também apenas observava a cena, surpreso. Pelo visto, esse laço de almas entre feiticeiro e lobo era algo raro. Até o momento, o único de quem havia ouvido falar foi o dos pais de minha companheira.
— Victória, esse é Kael Davis, meu segundo em comando aqui na Alcateia Black Wolf.
— Kael, essa é Victória, uma amiga e feiticeira.
Ambos se cumprimentam com um aperto de mão, e vi Victória inclinar um pouco a cabeça, tentando entender o que estava acontecendo ali. Kael não conseguia tirar os olhos dela.
— E esse é Paul, o curandeiro de minha alcateia. — Ela também o cumprimentou.
— Bem, se me chamou aqui, tenho certeza de que está precisando da minha ajuda. Em que posso ser útil?
— Victória, estamos tendo problemas com alguns renegados invadindo nossa alcateia e matando alguns de nossos membros. — Ela suspendeu a sobrancelha, e sei bem o que podia estar pensando. — Claro que teríamos como contê-los se eles não estivessem usando magia para encobrir seu odor. — Ela se surpreendeu.
— Como você sabe que estão usando magia? — Então, o curandeiro entregou a ela aquele diário, e ela se surpreendeu ao folheá-lo. — Onde encontraram esse diário?
— Por que isso seria tão importante? — Ela me olhou, hesitante sobre se devia ou não me contar o que sabia. Devia ter alguma informação que não tínhamos, assim como tínhamos informações que ela não possuía.
— Gerald não era simplesmente um feiticeiro, Derek. Ele é uma lenda em nosso meio. Alguém que sabia combater a magia negra praticada por alguns dos nossos, que cruzava uma linha muito tênue. Ele foi caçado por muitos. A união dele com uma loba, através dos laços de Selene, não é nada normal. — Nesse momento, ela olhou para Kael. — Muitos queriam controlar a criança que seria gerada dessa união, imaginando que elas seriam poderosas. Apenas quando esse laço era permitido, uma criança podia ser gerada. Outros tentaram, mas a gestação não ia adiante, nem com lobas, nem com feiticeiras. E pelo que posso ver aqui, o mais extraordinário aconteceu: eles tiveram gêmeos.
— Sim, Victória, mas há um ano um deles morreu. — Ela me olhou surpresa.
— O poder, ele não morre, Derek, ele volta para a natureza, mas retorna para seu portador. Se um deles morreu, por serem gêmeos, o poder retorna totalmente para o outro. Você sabe quem são essas crianças? — Todos eles me encaravam. Meus subordinados sabiam quem ela era, mas se eu não falasse, eles se manteriam calados.
— Ela é minha companheira. — Afirmei para a Victória.
— Se você tem uma das pessoas mais poderosas que meu reino suspeita que exista, por que você pediu minha ajuda?
— Ela não sabe o que ela é, Victoria. — Aquela mulher me olhou sem acreditar em minhas palavras.
— Primeiro, preciso de sua ajuda com os renegados, depois provo a você o que falo sobre minha companheira. Preciso que me acompanhe até uma cabana aqui próxima, onde aconteceu o ataque que deduzimos que foi usado magia. — Ela confirmou com um aceno de cabeça.
A levei até aquela cabana, e assim que ela chegou, nem precisou entrar para ter certeza. Ela simplesmente levou as mãos à parede e absorveu um feixe de luz rosa, que antes não era visível aos nossos olhos. Assim que aquilo foi absorvido, conseguimos obter o odor daqueles renegados, que naquele momento, após quase uma semana, já era fraco, mas não para meu olfato apurado.
— Isso foi um encantamento estratégico, Derek. A pessoa que fez isso queria ter certeza de que conseguiria passar pela sua alcateia. Isso foi apenas um teste.
— O hospital. — Kael disse.
Ele tinha razão. Aquele cara entrou em meu hospital e por pouco não levou minha filha dessa maneira. Ele passou pelos meus lobos sem ser detectado. Eles queriam ter certeza de que conseguiriam entrar, e o ataque não passou de uma distração para nós, já que sabiam que o guerreiro seria levado para lá.
— Victoria, estamos precisando de sua ajuda. Não vou forçá-la a ficar, mas serei eternamente grato se pudesse permanecer em minha alcateia até que eu consiga descobrir tudo que está acontecendo aqui.
— A filha do Gerald está aqui na sua alcateia também? — Ela me perguntou, curiosa.
— Ela também não tem conhecimento do nosso mundo. — Isso a fez me olhar ainda mais surpresa.
— Isso vai ser bem interessante de assistir. — Ela disse com um sorriso, encarando Kael.
Kael se prontificou a hospedar Victória em sua casa. Percebi o elo entre eles e, como ela nada falou, também não me coloquei entre eles. Victória saberia se defender bem, e esperava que meu beta tivesse total respeito quanto à minha convidada.
Assim que amanheceu, fui até minha filhota e a acordei como sempre. Após nos arrumarmos, seguimos para a cozinha coletiva, onde todos já nos aguardavam. Ao iniciar nossa refeição, Kael chegou com minha convidada, ambos muito felizes. Então, imagino que após nos despedirmos, Kael teve uma noite satisfatória. Quando Victória chegou, todos da minha alcateia a encaravam.
— Essa é Victoria Tuller, convidada por mim a passar uns dias nessa alcateia. Espero o devido respeito de todos com minha convidada. — Todos a observavam, e pelo cheiro, perceberam que ela não era uma loba, o que os deixou intrigados. Também percebi o olhar mortal de Dafne nela, principalmente quando Victoria sentou entre mim e Kael.
Depois de um café da manhã estranho, decidimos partir para o hospital. Antes de entrar no veículo, Caleb se aproximou, perguntando se deveria ir conosco. No entanto, percebi o leve negar de Kael para mim e neguei, informando que ele deveria permanecer aqui na alcateia, alerta para que novos ataques não ocorressem. Vi Dafne de longe nos observando. Sabia que ela não estava nada satisfeita com tudo aquilo.
Assim que chegamos, levei Victória até a diretoria para que ela pudesse sentir o ar e verificar se havia magia ali. Após negar, ela seguiu para o corredor da pediatria e parou diante da porta do consultório da Anny, observando-a como se esperasse que algo saísse dali. Para nossa surpresa, a porta foi aberta. Victória deu um passo para trás assustada, e Anny se assustou ao nos ver parados em sua porta.
— Perdão, diretor Derek. — Ela falou, colocando a mão no peito, e consegui escutar seu coração acelerado pelo susto. — Não esperava ninguém tão cedo na porta de meu consultório.
— O que faz tão cedo no consultório, Dra. Anny? — Perguntei, tentando entender o que ela fazia ali, naquele horário.
— Tive um pouco de insônia essa noite, então resolvi organizar meu consultório antes da chegada dos pacientes. — Então, ela percebeu a presença de Victória e Kael.
— Acho que a senhora já conhece Kael, e essa é a Victória, outra amiga. — Ela cumprimentou Kael primeiro com um aperto de mão e, em seguida, Victória.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Salome Pereira
To achando que Caleb Dafne ei pai tão envolvidos nesses ataques!!!!!!
2025-01-15
0
Jeanne Maezinha
tomara que ela sinta a magia e possa resolver
2024-09-24
4
Vanusa Teixeira
Será que ela vai sentir algo estando perto da Vitória
2024-08-17
4