Saí dali e nem olhei para trás. Meu lobo arranhava, ansioso para se libertar, querendo reivindicar o que lhe pertencia. Eu não acreditava em segundas chances, mas Selene parecia disposta a brincar comigo. Cinco anos após perder minha companheira, Selene me enviou outra. E, para piorar, parecia ser uma humana. A mais fraca da cadeia alimentar.
Percebi o Kael me analisando, enquanto o Jones apenas me acompanhava calado, sem fazer nenhum questionamento. Eu precisava descobrir quem era aquela mulher. Subi os degraus em dois e dois, e seu cheiro ainda permanecia em minha mente, mesmo após ter adentrado a diretoria. Andei de um lado para outro, tentando acalmar todos os meus desejos e vontades. Não posso simplesmente tomá-la para mim.
“Covarde” — Meu lobo murmurou.
“Você arriscaria seu coração de novo?” — Eu o questionei.
“Ela é NOSSA companheira” — O lobo não hesitou em responder.
— Jones, por favor, poderia nos dar licença? Preciso falar algo em particular com nosso alfa. — Kael pediu, e Jones ficou mais do que feliz em deixar a sala após me ver exaltado. — O que houve, Derek? Quem é aquela mulher? — Kael perguntou, percebendo que algo estava errado.
— Não é ninguém! — No entanto, aquela frase amargou minha língua, e meu lobo não estava feliz em escutá-la.
— Se fosse ninguém, aposto minha vida que você não estaria assim, tão exaltado. Qual é, cara? Somos amigos, você sabe que pode confiar em mim. Eu sei que ela deve ter algum significado para você estar tão nervoso dessa forma. — Disse meu amigo.
— Ela é nossa companheira! — Admiti de uma vez. Kael olhou para mim surpreso.
— Uma segunda chance? É isso que você está querendo dizer, Derek? Você tem certeza? — Ele pareceu surpreso com o que afirmei.
— Por que você acha que estou assim? Selene só pode estar brincando comigo! Isso não pode estar acontecendo. — Respondi irritado.
A força do vínculo entre companheiros nos faz sentir a necessidade de manter o outro por perto, de proteger, de ter a certeza de que ele ou ela estava feliz até que a morte os reclamasse. Muito poucos lobos sobrevivem à sua vida se a sua outra metade morrer. Eu sabia disso muito bem. Por pouco, não me entreguei à morte também quando a Zaíra partiu. E agora estava diante de outra companheira.
— O que você pretende fazer, Derek? Você não pode simplesmente rejeitar sua companheira. Você não sobreviveria a isso, e nem ela. Você sabe que, mesmo decidindo ignorar tudo isso e escolher dar andamento à sua vida sem ela, nunca estará satisfeito.
— Eu sei disso tudo, Kael, mas não posso simplesmente chegar nela e reclamá-la para mim. Ela é uma humana. Nunca entenderá nossa vida. E se ela resolver me rejeitar? Sabe que também existe essa possibilidade. Precisarei ser claro com ela.
— É, meu amigo, você está completamente ferrado!
Eu sabia que estava. Se não bastasse descobrir que tinha uma segunda chance e que ela era uma humana, ainda teria que comunicar isso a Dafne, e sei que ela não aceitaria muito bem. Afinal, ela já estava bastante empolgada em ser a próxima Luna. Eu precisava descobrir o máximo de informações possíveis sobre essa médica. Então, mais uma vez, contatei mentalmente Jones e pedi as pastas dos médicos, com minha principal atenção voltada para a pasta da médica pediatra.
Quando finalmente Jones me trouxe o que foi pedido, sentei-me e procurei pela pasta dela. Ali continha todas as informações que eu precisava. Kael avisou que providenciaria o conserto da câmera e saiu, me deixando ali sozinho. Acabei descobrindo que ela estava residindo em uma das casas que pertenciam à matilha. Isso seria mais fácil para mim do que eu pensava. Como um experiente predador, sabia que precisava cercar a caça, e a paciência era minha estratégia.
“Nossa” — Mais uma vez meu lobo fez questão de afirmar.
“Eu sei que ela é nossa. Mas precisamos ter paciência. Precisamos conhecê-la primeiro. Não podemos simplesmente reivindicá-la”. — Afirmei para ele.
Não havia maneira de lutar contra isso. A necessidade de revê-la me sufocava, então decidi verificar se Kael havia concluído o serviço e, quem sabe, se tivesse sorte, poderia vê-la novamente. Ao descer as escadas, percebi seu aroma e soube que ela estava próxima.
Um lobo não esquece cheiros. Isso fazia parte de sua natureza e uma maneira de reconhecer e identificar o mundo ao seu redor. Ao virar o corredor, meus olhos a encontraram. A cena que se desenrolava era a de Kael conversando com ela. Isso me encheu de uma raiva e ciúme possessivos.
Quando ela olhou para ele e sorriu, balancei a cabeça sem acreditar, abrindo e fechando minhas mãos, sentindo minhas unhas rasgando. Kael sabia que todo alfa era considerado ciumento e possessivo com sua companheira, então o que ele estava fazendo perto da minha? Eu simplesmente rosnei para meu beta. Tinha certeza de que ela não podia escutar. Sua audição não era tão apurada quanto a nossa. No entanto, aquilo chamou sua atenção, e ela olhou diretamente para mim.
Assim que terminei meu expediente, caminhei para fora do meu consultório com várias pastas em mãos e totalmente distraída. Terminei esbarrando numa escada no corredor e quase derrubei um rapaz que estava subindo. O coitado conseguiu se equilibrar, mas fiquei morrendo de vergonha. Ele desceu para verificar se eu estava bem.
Enquanto pedia desculpas por quase causar um acidente, ouvi um rosnado, semelhante ao de um cão feroz. No entanto, ao olhar na direção do som, deparei-me apenas com um homem incrivelmente atraente, sem sombra de dúvidas.
Ele exibia linhas de expressão em seu rosto que realmente o faziam parecer feroz e perigoso. Seu olhar transmitia força, fúria e determinação. Era verdadeiramente cativante, o sonho de qualquer mulher. Sexy e capaz de deixar qualquer uma excitada apenas com seu olhar.
— O que você está fazendo, Kael? — Perguntou aquele homem sem tirar os olhos de mim. Inalei seu aroma, uma mistura de cedro, canela e toranja, algo selvagem. Sua voz era profunda e fez com que eu gemesse internamente.
— Consertando a câmera, Derek, mas esqueci de sinalizar, então a doutora quase se acidentou. Estava me desculpando com ela. — O rapaz se justificou, mas, na verdade, fui eu que quase causei o acidente.
— Na verdade, quase o acidentei quando bati na escada. Por muito pouco ele não foi ao chão. Me perdoe novamente. — Eu falei, olhando rapidamente para ele, porque meus olhos não conseguiam mirar em outra coisa a não ser naquele homem que se encontrava agora em minha frente.
Ele se abaixou, e só agora percebi que uma das pastas havia caído. Quando ele se levantou com a pasta, nossas mãos acabaram se tocando, e uma corrente elétrica pareceu percorrer meu corpo. Aquilo me surpreendeu, e o encarei com surpresa, enquanto ele me observava com a cabeça levemente inclinada, como se estivesse tentando entender o que havia acontecido. Fiquei tão desconfortável com a situação que simplesmente pedi licença e segui para a sala dos médicos.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Olhos de Girassol
MDS
2025-02-08
0
Graça Barbosa
eita misericórdia kkkkkkkk que homem, lobo 🐺🐺 é esse ❤️❤️
2024-09-24
5
Graça Barbosa
eita esse lobo 🐺 que ter sua companheira entendeu ❤️
2024-09-24
1