Quando chegamos à diretoria, encontramos Jones. Imediatamente, ele fez o mesmo cumprimento que todos na recepção, e eu apenas acenei com a cabeça. Em seguida, Kael explicou a ele que estávamos ali para verificar as câmeras. Jones nos conduziu até a sala de monitoramento do hospital, ao lado da sua, que normalmente ficava trancada e apenas ele tinha a chave.
Seu computador também tinha acesso às câmeras, mas apenas ao que estava acontecendo em tempo real. Assim que entramos, Kael sentou em frente ao monitor e verificou a data em que foi comprovada a falta das medicações. Em seguida, ele puxou a filmagem daquele dia e acelerou para que pudéssemos acompanhar quem teve acesso à sala de medicamentos.
Num determinado momento, no final da tarde, avistamos uma pessoa estranha entrando pela entrada dois do hospital. Essa entrada era por onde os pacientes da área filantrópica do hospital tinham acesso aos consultórios. Acompanhamos essa pessoa pelas câmeras e, como desconfiávamos, ela passou por vários setores até chegar a uma determinada área. Nesse ponto, percebemos que a câmera não estava funcionando.
— De onde é essa câmera? Por que ninguém percebeu que ela estava desligada? — Perguntei, já bastante irritado com a audácia daquela pessoa.
— Aqui, a única pessoa com acesso é o Jones. Vou procurar saber com a empresa de vigilância por que não fomos comunicados que uma das câmeras havia parado. — Caleb falou, todo desconfiado.
— Por que você não colocou alguém para monitorar daqui Caleb? Seria mais fácil pegar esse idiota — Kael perguntou, e era uma pergunta lógica. Por que ele não havia contratado alguém para trabalhar monitorando as câmeras?
— Não achei necessário na época. Imaginei que com as câmeras ninguém seria idiota o suficiente para roubar medicamentos. — Respondeu Caleb.
— Pelo jeito, você foi ingênuo no raciocínio! — Kael falou, e percebi o olhar fulminante que Caleb lhe lançou. No entanto, Kael o ignorou completamente. Existia uma hierarquia, e Kael estava acima de Caleb.
Kael puxou a filmagem da câmera em frente à sala onde ficavam os medicamentos, e ficamos monitorando. Quando estávamos prestes a desistir, pois as imagens estavam mostrando duas horas após o final do expediente no hospital, a câmera mostrou novamente ele.
No entanto, com os trajes que ele estava usando, nada nos ajudava a identificá-lo. Kael voltou a monitorá-lo para saber por onde ele sairia e se havia mais algum cúmplice, mas novamente ele foi até aquele local onde a câmera não funcionava e sumiu novamente. Por onde esse idiota saiu? Eu tinha certeza de que ele não era apenas humano.
Minha irritação era tanta que acabei dando um soco na parede. Jones se assustou, e Caleb me olhou surpreso pelo meu descontrole. Meu punho ficou machucado, mas não liguei muito, já que, como lobos, nossa recuperação era bastante rápida. Em alguns minutos, nem pareceria que eu havia me machucado.
— Arrume alguém para tapar esse buraco — olhei para Caleb, e ele apenas acenou com a cabeça. — A partir de hoje, estou assumindo o hospital.
Kael me olhou feliz, pois sempre me disse que eu deveria ocupar essa função. Ele não confiava no Caleb para isso. Quanto ao meu primo, não conseguia identificar o olhar dele, mas provavelmente estava puto, pois imaginava que eu o colocaria à frente dos assuntos do hospital.
— Quero verificar onde fica essa câmera desativada. Preciso ter uma ideia de onde esse idiota se escondeu durante tanto tempo e ninguém o percebeu nas dependências do hospital. Jones, quero que providencie lobos de sua confiança para nosso monitoramento e para a segurança dentro do hospital. A partir de agora, só terá acesso ao hospital aqueles que comprovarem consulta ou justificarem sua entrada nas nossas dependências. Quero a ficha de todos os nossos funcionários. Quero saber se alguém pode estar facilitando a entrada desse idiota aqui.
Depois das minhas ordens, Jones, muito assustado com meu acesso de raiva, saiu para providenciar o que mandei. Caleb, nada satisfeito, disse que iria providenciar o conserto da parede. Eu e Kael fomos até onde ficava a câmera que estava desligada, e descobrimos ser do setor pediátrico.
Esse era o setor abaixo da diretoria e parecia ser o mais movimentado naquele horário. Percebemos que o fio havia sido cortado. Muitas mães com seus filhos estavam aguardando atendimento, então precisaria ser alguém ligado ao hospital para não chamar a atenção ali.
Existiam seis consultórios naquele andar. Três pediátricos do lado esquerdo da escadaria e três clínicos do lado direito, além de dois banheiros disponíveis em frente à escada. Portanto, o idiota precisaria ter se escondido em algum lugar ali para que as outras câmeras não o pegassem. Estávamos no setor pediátrico, e algo mais chamou a minha atenção.
Notei que dois consultórios já haviam encerrados o atendimento, apenas um continuava a atender e várias mães ainda aguardavam. Resolvi chamar o Jones para entender o motivo. Através do elo mental o convoquei e não demorou muito para ele aparecer.
— Me explique por que apenas esse consultório continua atendendo e os outros não? Isso não parece desigual para você? — Pelo jeito, passei muito tempo afastado daqui. Terei muito trabalho para organizar tudo.
— É porque, alfa, sempre deixamos as mães escolherem que pediatra elas gostariam para atender seus filhos. Após a chegada da Dra. Anny, todas só querem se consultar com ela.
— Existe algo de errado com os outros médicos e seus atendimentos? Ou essa médica está oferecendo algo a mais em suas consultas? — Perguntei, intrigado.
— Estive presente em uma das consultas da Dra. Anny alguns dias atrás, e pelo que percebi, ela tem uma atenção maior com as crianças e com as mães, sempre preocupada em anotar todas as informações importantes e tentando entender o que seria melhor para a criança. — Jones explicou.
— Isso não deveria ser feito pelos outros médicos? O atendimento precisa ser igualitário a todos os pacientes. Precisamos tomar providências quanto a isso. — Comentei, expressando minha irritação com a situação.
Nesse momento, a porta foi aberta e uma mãe saiu do consultório, aparentemente muito satisfeita com o atendimento. No entanto, algo chamou minha atenção. Cheguei mais perto daquela porta e inalei fortemente aquele perfume. O aroma me fez lembrar da floresta, morango e flores silvestres, com um toque de felicidade. Fiquei em choque diante das enxurradas de sentimentos que estava experimentando. Surpresa, medo, alegria, desejo, entorpecimento. Eram os mesmos sentimentos que experimentamos quando encontramos nossa companheira.
Assim que aquela médica apareceu na porta, com uma ficha em suas mãos e um lindo sorriso no rosto, prestes a chamar o próximo paciente, dei mais um passo em sua direção, mas me contive no último momento. Meu lobo gritava em minha mente a palavra...
“Nossa”
Em um desespero que foi difícil de contê-lo, meu lobo queria beijá-la, possuí-la, marcá-la com sua essência e jurar amor eterno a ela. No entanto, tive que controlá-lo. Quando voltei a cheirar o ar novamente, percebi que ela não era uma loba. Fiquei desapontado por me dar conta de que ela era simplesmente uma humana, mas meu lobo logo me lembrou que ela era dele e que nada mais importava. Eu não admitiria isso, então dei as costas e saí de lá rapidamente.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Nadilza Fidelis
primeira história no Novel Tom de lobisomens, que estou amando
2024-12-03
0
Olhos de Girassol
eita
2025-02-07
0
juliana Sereno
A deusa estar dando a ele a segunda chance /Tongue//Tongue//Tongue//Tongue//Tongue//Tongue//Tongue/
2024-12-21
1