Marina - Grupo de amigas

Criamos um grupo para organizarmos o casamento da Laila, a distância. Eu estou em São Paulo, Giovana, Tábata e Salete estão espalhadas pela Bahia.

Giovana é pediatra e mora em Salvador.

Salete é ginecologista e mora em Itacaré

E Tábata é dona de uma loja de conveniência em uma praia em Salvador.

Como a noiva está em Ilhéus teremos que resolver muitas coisas pelo Whatsapp, eu não tenho muito tempo, pois meu trabalho no escritório é bem puxado e tenho que resolver muitas coisas até o dia da viagem, principalmente adiantar meu trabalho para ter umas férias tranquila.

Fizemos uma pequena lista de coisas que precisamos preparar para a viagem e para o casamento. O grupo é muito ativo, mensagens chegam a todo momento com ideias mirabolantes.

A primeira coisa que vamos decidir é onde será o casamento e as roupas que vamos usar. Pois temos que levar tudo pronto para não fazermos feio na festa.

A escolha da cor do vestido tem que combinar com o modelo que é escolhido e com o horário da festa.

Laila avisa que o casamento civil será junto com o religioso e que haverá um almoço para os padrinhos e parentes, depois a cerimônia será em um local ainda a ser escolhido pelos noivos.

Assim já começa os problemas, as opiniões se divergem sobre o local: Praia, clube, hotel, na fazenda ou na igreja?

O que era para ser escolhido pelo casal virou um ringue, cada um quer dar sua opinião e acaba confundindo mais a situação.

Estou em uma audiência e o telefone não para de chegar mensagem. Ele vibra e minha curiosidade me faz passar os olhos na tela para saber o que as meninas estão falando.

A juíza que está analisando o caso da minha cliente e do sugar daddy, a todo momento me encara e faz um ar de reprovação. Pior está o advogado de defesa, seu telefone está vibrando em seguida com o tanto de mensagem que chega. Parece ser um advogado muito requisitado, pelo visto. Ele também está sendo reprovado pela excelência a nossa frente.

Eu desligo o meu celular e o jogo dentro da bolsa, não posso prejudicar meu trabalho com distração.

Eu falo a situação da minha cliente para a juíza e a coloco como vítima de um velho tirano e sem coração, mostro fotos da sua traição e das suas libertinagem e provas de que ele tem dado prejuízo na empresa da família. Comprovo que ela o ajudou a construir o patrimônio e a empresa, ela tem direito a metade de tudo que foi construído durante vinte anos de casados e que ela precisa de uma pensão vitalícia por ter trabalhado por anos sem carteira assinada e foi explorada durante anos para enriquecer os cofres da empresa e agora ser descartada.

O advogado ao lado, está querendo me ver morta, eu finjo que não estou vendo seu olhar de reprovação sobre nós. Seu jeito sexy não me abala.

Ele morde os lábios provocantes e a juíza está perdendo o juízo com seu charme sedutor, ele fala com uma voz firme e um olhar fixo, alegando que nada impede que minha cliente arrume um emprego, pois ainda tem idade para estar ativa no comércio , sendo que é formada em contabilidade administração e gerenciamento. Alega que o seu cliente já é de idade e que está se aposentado e a empresa ficará a cargo de um funcionário de confiança e com isso não pode assumir uma pensão por mais de seis meses.

Eu peço a palavra por ver a injustiça sendo feita a minha cliente, entro com uma petição que, se ele está se aposentado e diz não ter condições de administrar a empresa da família, onde ambos são sócios majoritários, então que passe a administração para a ex esposa, que também é acionista e que é formada e tem capacidade e sempre trabalhou na empresa ajudando seu marido, e que ela o pague a pensão para sua manutenção.

O clima esquenta e acho que o velho está enfartando, isso porque a juíza deu causa para minha cliente e que vai rever os altos daqui a seis meses.

__ Ela ficará a frente da empresa, e os demais bens e propriedades serão divididos em igual valor para ambos.

Eu me contenho, para não dar tanto na cara, que a mal-amada deu a volta por cima e que essa causa é ganha.

Saindo do fórum radiante, nada melhor do que ganhar uma causa de um ser tão repugnante como esse advogado.

Pego meu celular e o ligo, olho para o lado e o advogado também está ligando o dele. Estamos cheios de mensagens, ele está distraído e eu também

Leio a mensagem:

__ Depois de todos os padrinhos opinarem e o noivo fazer uma enquete com os rapazes e nós fazermos uma com as moças, ficou decidido que será na praia ao entardecer.

Tábata manda essa mensagem e eu fico chateada, eu não gosto de casamento na praia, não adianta arrumar cabelo, vestidos caros e maquiagem exuberantes, na primeira brisa do mar, tudo vai embora e estamos todos descabelados e descalços.

__ Com direito a fogueira, luau e muita música.

Salete fala em áudio e eu solto a respiração:

__Que seja feita a vontade da maioria. Agora vamos decidir a cor dos vestidos da madrinha...

Falo baixinho e saio pelo corredor olhando o celular, acabo esbarrando no advogado marrento. Ele também estava distraído olhando as mensagens:

__ Você é muito solicitada, seu telefone não parou um segundo durante a audiência.

Ele fala com ar de deboche e eu o respondo por educação:

__ Sou, muito solicitada, eu sou competente, deu para perceber lá dentro, você não acha?

__ Aquilo foi jogo sujo, vocês mulheres sempre se ajudam, se fosse um juiz, um homem, vocês jamais teriam ganho.

__ Você é machista, aquilo foi competência coisa que você não tem.

Quando me dou conta, estamos parados em meio ao corredor e discutindo como duas lavadeiras. Estamos tão pertos um do outro que nossas respirações são sentidas e o nosso olhar se cruza. Seu perfume é másculo e inebriante, seria um problema se eu não o detestasse tanto.

Passo por ele e saio o deixando plantado como uma árvore no meio do enorme corredor do século dezoito, não olho para trás para não ver sua cara novamente...

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