Um gato bêbado

Eles entraram no carro. Vicent estava todo animado, era a primeira vez que ia se divertir junto com seu mestre. Era muito bom para ser verdade. Alex admirava a alegria com que o Vicent se mostrava, parecia uma criança indo para Disney. Seus olhos brilhavam e não parava de sorrir.

– Alex, eu quero dançar muito com você, hoje a noite. Você gosta de dançar? – ele sorria docemente

– Não costumo dançar, mas não desgosto. Só não acho uma boa dançarmos juntos, eu posso te machucar sem querer. – ele deixou seu companheiro saber da sua falta de habilidade

– Não tem problema. Só quero que você se divirta.

A rua estava movimentada, muitas pessoas transitavam por ali. Ainda era cedo para chegar na boate.

– Vicent, estou com fome. Que tal pararmos numa lanchonete para encher o bucho? – ele sugeriu

– Acho uma boa ideia. Hoje comi pouco. Eu quero comer uns salgados assados. – o felino pediu

Alex avistou uma lanchonete e estacionou o carro. Desceram e foram até ela. A garçonete toda sorridente, entregou-lhes o cardápio.

– Boa noite, senhores. Sejam bem vindos.

Ela levou eles até uma mesa vazia e esperou que eles fizessem o pedido. Após fazerem o pedido começaram a conversar enquanto esperava chegar.

– Vicent, me conte um pouco de como era seu cotidiano antes de mim. Eu não sei nada sobre você, além de que é um gato espiritual e que tem um irmão gêmeo. – Alex perguntou querendo conhecer mais o servo

– O que posso dizer... Eu vivia em outra cidade, passava por aqui de vez em quando. Tenho casas aqui e em algumas cidades vizinhas e passava uma temporada em cada uma delas. Sobre meu dia a dia, sempre estive trabalhando. Tenho algumas empresas e de vez em quando ia trabalhar nelas para ter mais contato com as pessoas.

– Você tem algum amigo humano? – Alex ficou curioso

– Tenho alguns, mas a maioria deles já são velhos. É difícil fazer amizade com um jovem hoje em dia. Você vai conversar com eles e eles nem tiram os olhos do celular. – ele disse imitando alguém usando um celular

– É que hoje tudo acontece ali. A comunicação com amigos, com a família, se usa para assistir um filme, um vídeo, ouvir uma música, ler um livro, ver notícias... Ele se tornou o eletrônico que compacta tudo que é importa ali. – Alex explicou

– Eu sei. Não estou condenando. Só estou dizendo que por isso é difícil desenvolver uma amizade presencialmente. Acho incrível que você quase nunca mexe no seu celular.

A garçonete voltou trazendo o pedido deles

– Aqui, rapazes. Bom apetite. – ela entregou os pratos com os assados e colocou a bebida ao lado

– Obrigado, moça.– eles agradeceram

– Eu tenho saudades de uns tempos atrás. – Alex começou a falar enquanto dava uma mordida no salgado – eu tinha um grupo de amigos que se reuniam na minha casa. Um deles levava um jogo de tabuleiro, eu sempre carregava meu violão. A turma gostava de cantar em conjunto, as músicas do momento. Eu curtia tocar as músicas do Djavan e Skank. Me divertia demais.

Vicent percebeu que o olhar dele tinha ficado triste. Isso o fez ficar mais curioso.

– E, o que aconteceu com essa turma? – ele perguntou com curiosidade.

– Depois que minha irmã morreu, o grupo se desfez e após o enterro ninguém mais se encontrou. – ele explicou

– Eu gostaria muito de saber sobre a história da sua irmã. – Vicent falou estendendo a mão e segurando a mão dele.

– Em outro momento te conto. Sinto que ainda não estou preparado.

– Tudo bem. Leve o seu tempo.

Eles terminaram de comer, pagaram a conta e voltaram a pegar a estrada até a boate.

Chegando lá puderam ver que já estava movimentado. Vicent se aproximou do porteiro, se identificou e apresentou o Alex como seu acompanhante. Colocaram a pulseira de identificação e entraram. Lá dentro a festa já tinha começado. Haviam pessoas dançando, bebendo e se divertindo. Bem ao centro do lugar tinha um palco com pole dance. Uma dançarina estava se apresentando, apenas com uma minúscula calcinha, deixando os seios de fora. Ela segurou no mastro e escalou sensualmente. Chegando no meio do mastro, soltou as mãos, jogou o tronco para trás e se segurou apenas com as pernas entrelaçados. Ela movia o tronco para lá e para cá. Seus cabelos se movimentavam como cascata e seu belo corpo nú servia de deleite para os presentes. Uma tela projetava a imagem dela, dando zoom em algumas partes específicas. O QR code ao lado e um pouco acima mostrava os valores da doações dos presentes para ela. As doações eram generosas valores entre r$500 e r$ 1,000 eram feitas a cada movimento ousado ou sensual. Ela deslizou até colocar os pés no chão, segurou o mastro e apoiando apenas com os braços, jogou o corpo e fez sua apresentação elevando as pernas e rodopiando. Ela voltou a deslizar, ficou em pé, de costa para o público, começou a agachar rebolando e empinando o bumbum. No telão as doações chegaram a 12mil reais. Ela tinha faturado uma boa grana. Finalizou a dança e saiu para um intervalo.

– Vamos beber, Alex!– Vicent segurou-o pela mão – o que achou da apresentação?

– Achei de tirar o fôlego. É muito sensual, ousado e bonito. – ele falou tentando assimilar o que tinha visto.

Ele nunca tinha frequentando lugares assim. Aquilo era novidade para ele.

– No próximo pega a comanda e faz uma doação. Vinculei sua comanda a minha conta. Então pode gastar a vontade.

– Ela faturou 12 mil reais. Ganhou em uma noite, mais do que eu ganho em 4 meses. Acho que vou mudar de profissão – ele brincou.

– Se você dançar para mim, eu pago mais que isso. Aceita? – Vicent provocou

– Proposta tentadora.

Eles riram e foram até o bar beber. O DJ entrou em cena, começou a tocar, o povo começou a dançar. Bebida vai e bebida vem... Alex percebeu que o Vicent já estava bêbado. Não imaginava que o gato espiritual era fraco para bebida.

– Alex, vou ao banheiro e já volto.

Alguns minutos se passaram e o Vicent não tinha voltado. O DJ terminou a apresentação e ia rolar mais uma apresentação no pole dance.

Alex ouviu um alvoroço e foi conferir o que era. As pessoas estavam eufórica por ver ali em frente um homem usando uma cueca pequena, com orelha e rabo de gato.

Ao ver aquela cena, Alex arregalou os olhos. Era o Vicent quem rebolava e se esfregava no mastro. Os homens e mulheres ao redor ficaram eufóricos. O felino chegou perto da público, as mãos alheias começaram a tocá-lhe o corpo. No telão, as doações dispararam, até o momento já passava de 30mil reais. Um rapaz tentou subir no palco, mas foi impedido pelo outros. Alex sabia que tinha que fazer algo.

Tentou se aproximar e gritar pelo nome. Estava sendo muito difícil. Pensou em contornar e encontrar o caminho que o Vicent tinha usado para subir no palco.

– Essa noite, esse gato vai ser meu. Ou eu não me chamo Joseph! – Um rapaz gritou tentando segurá-lo pelo pé

– Nada disso! Ele vai ser meu! Ouviu? Ele será da Luna. – Uma moça segurou o Joseph pelo cabelo e começou a puxar.

As pessoas começaram a competir entre si e a brigarem.

Alex aproveitou da distração, subiu no palco e arrastou o Vicent de lá.

– Ah, Alex! Você gostou da minha dança? Eu dancei para você.

O mestre pegou-o no colo, jogou-lhe o paletó em cima e saiu da boate.

A noite foi animada, mas terminou com uma confusão causada por um gato espiritual bêbado.

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LuKlaus

LuKlaus

KJKJKKKK Dança, gatinho, dança

2023-05-14

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