Caindo na Estrada

A mesa estava posta. O cheiro do café recém passado exalava por toda a casa. Aquele cheiro trouxe, ao Alex, à memória da infância que ele tivera ali. Sua infância foi muito feliz, até aquele fatídico acontecimento que nenhum deles tinha coragem de falar.

– Que cheiro bom, mãe. Seu café sempre é o mais delicioso que eu tomo. – Ele se sentou na cadeira, enquanto sua mãe servia uma xícara e colocava em sua frente

– Você sempre elogia tudo que faço, filho. Como não amar você? – ela se inclinou e beijou-lhe a cabeça

– Vocês são uma família harmoniosa. É lindo de se ver. – Vicent falou colocando o cotovelo na mesa e descansando seu queixo sobre a mão

– A gente tenta ser o mais amigável com o outro. – Seu Jordan respondeu

– Agradeçam pelo alimento e vamos comer– Dona Ângela pediu. Eles fecharam os olhos e deram as mãos. Ela conduziu a oração de agradecimento. O Vicent observava aquele cenário todo encantado.

Eles começaram a tomar o café fresquinho, a televisão ligada passava o jornal da manhã, à mesa os pais do Alex contava a novidade sobre os parentes.

– Filho, você se lembra da Sarah? – Dona Ângela perguntou com entusiasmo

– Lembro sim. Ela é a sobrinha da tia Marta, né? De vez em quando, nas férias, elas passavam uns dias aqui. – ele respondeu relembrando

– Ela está voltando do Canadá. Terminou os estudos e vai passar uma temporada aqui. Sua tia quer que ela se hospede aqui em casa. O que achar?

– Mãe, acho isso ótimo. A senhora gostava muito dela e vocês sempre ficavam conversando. Creio que ela seja uma boa companhia para a senhora. – Alex pontuou os benefícios, visto que a mãe ia passar por provações e ter alguém de quem gostava por perto ia ajudá-la.

– Falei que ele ia gostar da ideia, querida. Quem sabe assim podemos juntar esses dois? – Seu Jordan falava com uma expressão de quem andava maquinando.

– Esqueça isso, pai. Se foque em você e na mãe.– ele olhou para o Vicent e fez sinal com os olhos para ele fosse embora.

– Eh, bem... chegou a minha hora. Tenho que pegar a estrada. Não posso me atrasar. Comi comidas deliciosas aqui, estou farto. Obrigado, mãe e pai do Alex. Desejo tudo de bom para vocês – Vicent se levantou, arrumou a cadeira na mesa e foi em direção aos anfitriões para se despedir.

– O tempo com você passou tão rápido. Quando quiser, passe por aqui para nos visitar e comer algo gostoso. – Dona Ângela convidou

– Alex, estou indeciso. Depois de conhecer seus pais estou querendo morar com eles. – ele brincou

– Que rapaz adorável! Você mora na mesma cidade que meu filho, né? – ela perguntou e o Vicent balançou a cabeça positivamente. – Então cuida dele por lá na nossa ausência. – Ela pediu segurando-o pela mão.

– Fiquem tranquilos, irei cuidar dele.

Eles se despediram e o Vicent saiu.

– Vou aproveitar a deixa, pegar minhas coisas e o gato Vicent para ir embora.

– Que engraçado, o dono e o gato tem o mesmo nome. – Seu Jordan reparou

– É mesmo! Eu nem me liguei nisso, querido. Você é bem observador.

Alex subiu para o quarto, chegando lá encontrou o Vicent na forma de felino em cima da cama. Ele se virou para olhar o mestre.

– Fiz tudo certinho, meu senhor? – ele perguntou abanando o rabo

– Você se saiu bem, Vicent. – Alex sentou ao lado do gato e começou a afaga-lo

– Esse carinho é tão bom, mestre. faz aqui na minha barriga também. – ele virou de patinhas para cima e com olhar cheio de candura

– Vou fazer como uma recompensa. – Alex começou a acarinhar a barriga do felino. O pêlo era macio e agradável de mexer. Seus dedos mergulhavam por entre eles e deslizavam para lá e para cá.

Alex se levantou pegou a mochila, colocou na costa. Tomou o gatinho e colocou em seu braço.

– Vamos para casa.

Eles entraram no carro e partiram para o início de suas vidas juntos.

– Ah, não gosto quando você está na forma de gato. Se transforme e se sente aqui na frente comigo.

Vicent obedeceu, se transformou e sentou-se no banco do carona. Abriu a janela e deixou o vento bater no seu rosto. Alex queria ouvir uma música, ligou o rádio e tocava a música " Better Together de Jack Johnson.

– Let's bora, baby – Vicent exclamou animado

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