Especial

Lolla

–O que eu faço, Debby? –Pergunto um tanto desesperada.

–Faz o que disse que faria. –Ela dá de ombros. –Disse que entregaria sua virgindade à ele, agora não há como voltar atrás.

–Por que eu fiz isso? –Escondo o rosto com as mãos. –Eu fico tão vulnerável na presença dele, é como se o filtro entre meu cérebro e meus lábios fossem desligados e eu digo apenas o que ele quer ouvir. Ele exerce algum tipo de poder sobre mim.

–Uau, isso é sexy... –Debby sorri. –Amiga, ninguém vai te julgar por perder a virgindade, ou por fazer sexo casual com um cara que acabou de conhecer. Aproveite esse momento... Se não quiser, me apresento em seu lugar. –Provoca.

–Eu quero, mas confesso que estou com medo. Como é a primeira vez? –Pergunto curiosa.

–Nunca conversou com ninguém sobre isso? –Ela parece surpresa.

–Debby, com quem eu falaria? Hector? As colegas de escola que caçoavam de mim? –Reviro os olhos. –Só tenho você para falar sobre essas coisas.

–Está bem. –Ela sorri. –A primeira vez depende muito do quanto você está entregue e do quão gentil ele será...

–Meninas! –O chefe bate na porta, nos assustando. –Temos clientes esperando!

–É claro, senhor Clover. Já estamos saindo. –Digo, destrancando a porta.

–Levaremos uma bronca por fofocar por tanto tempo no vestiário. –Debby ri.

O dia se arrasta entre um cliente e outro, mesas para servir, depois para limpar, estoque para organizar e em todas as tarefas minha mente me traía e me levava ao senhor Morgan. As mãos dele em meu corpo e o beijo tão perfeito... Aquele momento no carro onde senti seu pênis duro se esfregando em mim e depois no provador com seu dedo tocando uma parte tão íntima minha... "Madre de Dios", se isso foi só o começo, imagine o final... Eu parecia estar fervendo, fiquei úmida bem naquele lugar e senti meus mamilos enrijecerem, tudo o que eu mais queria era continuar e não parar nunca mais, era como se meu corpo não precisasse mais de comandos do cérebro, parecia agir sozinho, minhas mãos percorriam caminhos por conta própria, eu não teria coragem de toca-lo daquela forma se minha mente não estivesse tão entregue à ele e àquele momento.

Finalmente o dia na Food Happy chegou ao fim, me despeço do senhor Clover e de Debby, chamo um táxi, já que meu carro continua na oficina mecânica, graças a ajuda de Caille pude pagar pelos seis mil em consertos e ainda me restou dois mil. Hector acreditou quando eu disse que a empresa que mandou o dinheiro por engano me deixou ficar com tudo, já que o erro foi deles. Nem quero imaginar o que ele dirá ao me ver sair no mesmo horário da faculdade, nem terei como mentir, já que Caille me buscará em casa e eu precisarei estar pronta.

Sentada em frente à penteadeira com luzes de led, penso em um milhão de tipos de maquiagem que eu poderia fazer, no entanto nunca fui à um evento formal, estou perdida... Pesquiso rapidamente algumas inspirações e decido por "Foxy Eyes" e batom nude com um fundo rosado, prendo o cabelo num coque glamouroso, que toma muito do meu tempo e só me resta colocar o vestido.

Meu celular apita, vejo no visor uma mensagem de Caille avisando que chegou e eu obviamente ignoro porque estou muito atrasada.

Corro para o guarda roupas e retiro o vestido preto com mangas e barra em renda francesa, o vestido é lindo e o comprimento é abaixo dos joelhos, em contrapartida é justo e delineia minhas curvas, depois de vesti-lo, corro para colocar os scarpins vermelhos, também comprados por Caille e ouço batidas na porta da sala.

–"Hermana", está esperando alguém? –Hector grita do outro cômodo.

–Sim, consegue abrir? –Não acredito que Caille subiu.

Coloco um par de brincos de ouro, delicados em forma de flor, pertenciam à minha mãe e são a única lembrança que tenho dela.

Uma última olhada no espelho, estou linda, pareço importante e rica... Hora de me encontrar com o senhor Morgan.

–"¿Vás a salir con este hombre?" –Hector me encara furioso.

–Eu entendo a sua língua, senhor Moe. –Caille debocha. –Algum problema em sua irmã sair comigo?

–Você é arrogante. Não gostei da forma como falou comigo quando trouxe minha irmã pra casa outro dia.

–Hector, não seja rude. –Repreendo. –Pedi para me esperar lá fora, senhor Morgan. –Resmungo.

–Está maravilhosa, Eloísa. –Caille praticamente sussurra e a forma como fala mexe com tudo em mim. –Não respondeu minha mensagem, achei que tinha desistido e decidi vir buscá-la.

–Lolla, não pode sair com ele. –Hector pula até mim com suas muletas. –Não acho que seja um bom homem.

–"Hermano", cabe a mim julgar isto. Por favor, seja gentil com Caille, ele sempre me tratou muito bem. –Se Hector soubesse que tipo de tratamento venho recebendo...

–Está bem. Mas estou aqui se precisar de mim. E estarei de olho no senhor, Morgan! –Hector aponta para Caille que sorri e levanta as mãos em rendição.

–Pronta, senhorita? –Caille pergunta.

–Sim, vamos.

Antes de sair do quarto, passei o único perfume caro que tenho e só uso em situações extremamente importantes, Acqua di Gio por Giorgio Armani, é um aroma dos deuses.

–Está realmente linda, Lolla. –Morgan diz ao abrir a porta do carro para mim. –E está especialmente cheirosa também.

–Obrigada. O senhor está lindo também... Sempre está na verdade. –Deixo escapar a última parte.

–Ora, obrigado. –Ele sorri sem tirar o rosto da estrada. –Tenho uma surpresa para você.

–Para mim?

–Será depois do jantar.

–É um presente?

–Um presente para mim. –Sorri malicioso e entendo do que ele está falando.

–Caille, hoje eu trabalho na Rainbow.

–Imaginei que diria isso, então tomei a liberdade de subornar seu chefe. –Me olha de soslaio.

–Isso é errado em tantos níveis... –Reviro os olhos.

–O que é errado? Eu fazer de tudo pela sua companhia? Não faria o mesmo por nenhuma outra...

Como ele pode dizer coisas desse tipo? Me faz ficar pensando e ruminando suas palavras, faz parecer que realmente se importa e que sou especial de alguma forma... Eu não quero me iludir, não posso!

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