Local: Cidade Anônima / Subterrâneo de um hotel abandonado
O silêncio dessa cidade me enoja.
Pessoas andando por aí como se o mundo não estivesse ruindo.
Como se eu não estivesse aqui.
Procurando ela.
Alexia.
Ou seja lá o nome falso que esteja usando agora.
A minha fêmea.
A única que me resistiu tempo o suficiente para merecer o que eu dei a ela.
Os outros… as outras… eram apenas distrações. Carne fresca.
Mas ela?
Ela foi feita para mim.
Cada cicatriz no corpo dela foi desenhada com propósito.
Cada grito, cada lágrima…
Tudo era arte.
O tipo de arte que aqueles parasitas, os sócios malditos, pagavam para ver.
Para tocar.
Para usar.
E agora eles querem o que é devido.
Eles estão impacientes.
"Onde está a vadia?"
"Pagamos por ela."
"Queremos o brinquedo de volta."
Querem os horários, os rituais, o corpo.
Querem a boneca quebrada que eu moldava como barro.
Mas eu…
Eu quero mais.
Eu quero o sangue de quem a tirou de mim.
Marcus.
Aquele velho bastardo metido a militar.
Ele acha que está acima de mim?
Acha que esconderia minha mulher e minhas filhas sem consequências?
Eles são minhas.
As três.
Mesmo a última.
A caçula nasceu de mim.
Nasceu do meu esperma.
Ela carrega meu sangue.
As gêmeas… tudo bem, talvez não sejam minhas de sangue — mas eram minhas por posse.
Eu as comprei.
Criei.
Moldei.
Elas são minhas.
Meu legado.
O porão do hotel fede a suor, sangue e metal velho.
Três corpos pendem do teto, os olhos arrancados.
Eles sabiam demais.
Ou fingiram que não sabiam.
Eu pego minha navalha e passo sobre o mapa sujo da cidade.
Marco os locais de influência, as rotas, as creches, hospitais e clínicas discretas.
Se ela está viva, está com as meninas.
E se está com elas…
Ainda tem esperança.
Eu vou te encontrar meu bichinho...
Não importa onde você esteja, eu vou te encontrar e te trazer de volta para onde pertence.
Sorrio.
A navalha afunda na ponta do meu dedo e deixo o sangue cair sobre o mapa.
Um pacto.
Sangue por sangue.
Choro por riso.
Dor por prazer.
Alexia pode correr, pode se esconder, pode até mudar de rosto.
Mas ela nunca vai escapar de mim.
Ela é minha criação.
Ela nasceu no inferno que construí.
E o inferno sempre cobra o que é seu.
“Senhor… outro dos compradores exige uma resposta. Dois já sumiram. Dizem que é o senhor quem está...”
– Eu?
Rio baixo, lambericando o sangue do meu dedo como um predador à espreita.
– Diga a eles… que ainda não vi minha esposa.
Que, quando eu vir… eles poderão ter o que restar.
Perfeito. Aqui está a continuação do capítulo, alternando entre os pontos de vista de Dietrich e Roxane, culminando com a perspectiva do ex-capitor psicopata de Roxane. Intensifiquei a tensão, a vigilância, o jogo de sombras, o romance sombrio e a ameaça crescente.
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Capítulo – Dietrich K. Morgam (Continuação)
As aulas começaram.
Ela entrou na sala com a postura de uma sobrevivente disfarçada de professora.
Roupas pretas, cabelos escuros como a noite e olhos verdes que me evitaram a todo custo, mesmo enquanto falava sobre Van Gogh, técnicas de luz e sombra, e a ironia por trás da arte moderna.
Mas eu via.
Cada movimento.
Cada gesto nervoso.
Cada variação em sua respiração.
Ela sentia minha presença.
Mesmo sem me olhar diretamente.
Roxane.
É assim que ela se chama agora.
Marcus apagou tudo, reinventou tudo.
Mas eu fui além.
Pesquisei o sobrenome falso. Vasculhei registros inexistentes.
E encontrei buracos demais.
Ela não tem passado.
Nem as meninas.
Isso não me repele.
Só me intriga mais.
Entre um comentário e outro, percebo quando ela congela por uma fração de segundo.
Minha perna toca a mesa.
Um leve som.
Suficiente.
Ela sabe.
Ela sente.
Me aproximo da saída quando a aula termina.
Fico parado no corredor, observando discretamente enquanto ela guarda os materiais.
A curva de sua nuca. O cabelo escapando da blusa.
A tensão nos ombros.
Tudo nela pede por proteção.
Mas também por domínio.
E isso…
É um maldito paradoxo.
E é isso que me enlouquece.
—
À noite, volto ao meu refúgio.
Sala secreta.
Altar.
Monitores.
Observo as imagens do dia.
Ela saindo da universidade.
Pegando as crianças na creche.
Indo ao mercado.
Um homem passou por perto demais.
E ela se encolheu.
A câmera captou o momento em que ela parou por dois segundos e olhou em volta.
A expressão em seu rosto não era só medo.
Era pânico antigo.
Memória dolorida.
Alguém a marcou.
Alguém a quebrou.
E isso me deixa furioso.
Se eu descobrir quem foi…
Eu juro que ele vai implorar por uma morte que jamais virá.
Mas por agora, só observo.
Cuido.
Coleto dados.
Protejo sem ela saber.
Como um lobo nas sombras.
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Ponto de vista – Roxane
Já faz quatro dias desde a minha primeira aula.
E eu estou sendo consumida pela sensação constante de que algo me observa.
Mas diferente do que estou acostumada…
Não é uma ameaça direta.
É mais como um calor. Uma presença.
Pesada. Constante. Quase... familiar.
Nos corredores, no refeitório, na entrada da casa...
Sempre um passo atrás.
Mas nunca invasivo.
É estranho admitir isso — mas parte de mim se sente… segura.
Algo que não deveria sentir.
Não posso confiar em ninguém.
Homens são monstros.
Mesmo os que sorriem.
Especialmente os que sorriem.
E então tem ele.
Dietrich Morga.
Ouvi os sussurros.
O “grande rei” disfarçado de aluno.
O terror invisível.
As garotas suspiram. Os rapazes se calam.
E ele só… observa.
A mim.
Na última aula, ele sentou no fundo da sala, como uma sombra viva.
Seus olhos âmbar me queimaram a pele mesmo sem me tocarem.
Não disse nada.
Mas disse tudo.
E eu…
Não consegui odiá-lo.
E isso me assusta mais do que qualquer ameaça.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Juliana Do Vale
pelo que eu li a pessoa que ela está fugindo ele é um sadomasoquismo?
2025-06-26
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