CAP 20 LUKE - Lembranças e esperanças

Tem exatos seis meses que me mudei para os Estados Unidos, quando havia quatro meses de minha estada aqui recebi a notícia do falecimento de minha Yay, minha amada vó havia partido enquanto dormia. Larguei tudo que tinha pendente aqui e voltei pra Tailândia, passei cinco dias com minha família e retornei para cá.

No avião, ficava lembrando da última conversa que tive com minha avó. Estávamos no jardim, e fui contar a ela sobre minhas atuais conquistas profissionais e que havia assinado um contrato para filmar uma série nos Estados Unidos e iria morar lá por uns tempos, ela puxou um assunto me perguntando quando que eu iria dar-lhe netinhos.

Ela tem apenas três netos homens, contando comigo e apenas um era casado, mas sem filhos. Ela disse, que alguns anos atrás ela havia sonhado que eu tinha uma filha, que nasceu num dia muito quente e que a menina era iluminada como o sol, e seus olhinhos eram verdes como o mar.

Lembro-me que ri bastante das expectativas dela de me convencer a se casar e que eu não tinha tempo nem de conhecer a mãe dessa criança, quem dirá fazê-la com tanta riqueza de detalhes que ela a descreveu.

Ela me repreendeu e disse que eu tinha que almejar a verdadeira felicidade e essa felicidade não tinha relação com meu trabalho. Que ela gostaria de ver novamente o real brilho nos meus olhos de um amor que senti e que não tinha nada a ver com a garota que ela viu nas revistas de fofocas e sim com uma saudade distante que deixei pra trás a três anos.

Meu coração palpitou com aquelas palavras, pois sabia muito bem a quem ela se referia e essa pessoa era a brasileira Analice, como ela ainda lembrava desta história e como ela tinha razão.

Três anos se passaram e ainda tenho na memória os momentos que passei ao lado de Analice no Brasil. Nunca mais tive notícias ou se quer pude retornar ao país, mas ela sempre esteve viva nas minhas lembranças. A correria do dia-a dia no meu trabalho só aumentou e posso dizer que realizei meus sonhos profissionais, ganhei mais prêmios, peguei papéis importantíssimos na Ásia e hoje atuo aqui nos Estados Unidos, estou residindo aqui tem seis meses e trabalhando numa série de sucesso e assinamos para fazer a terceira temporada.

Depois de três anos, retornarei ao Brasil para a divulgação da segunda temporada da minha mais nova série, que pelo visto fez muito sucesso por lá a primeira temporada. Hoje fui convidado a participar do programa The Ellen DeGeneres Show. Estou empolgado para participar, logo meu fiel escudeiro Arun chega com sua equipe para irmos ao estúdio.

Arun agora é meu empresário, e designou um novo assistente para mim o Mike, também temos minha estilista pessoal Kratae Campen e sua assistente Lisa, além de dois seguranças pessoais e um motorista particular.

Agora ando sempre com essa trupe no meu círculo artístico e já viramos uma família.

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No estúdio do programa, começamos com uma breve entrevista Ellen me perguntou sobre novos trabalhos e contei sobre o sucesso da série em toda América Latina e que estaria essa semana retornando ao Brasil depois de três anos. Ela abordou o meu sucesso no país e até mostrou prints de fãs brasileiras pra mim e rasguei elogios ao país que tanto me recebeu com carinho e que tanto acompanha meus trabalhos.

Fizemos umas brincadeiras e foi um dia de gravação bem agradável. Depois que revelei minha ída ao Brasil, minhas redes sociais bombaram com o anúncio e até eu fiquei empolgado com essa viagem.

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Desembarquei no Rio de Janeiro já de noite e a recepção de fãs foi maior que dá última vez que estive aqui.

Fiz questão de ficar no mesmo hotel que dá primeira vez que vim e é claro que minhas expectativas me levavam em querer rever ela.

Já no terceiro dia aqui, chegava no hotel depois do evento de divulgação e novamente a entrada do Belmond estava lotada, desci do carro com meus seguranças me escoltando, dei alguns autógrafos e acenei rapidamente e tive uma breve sensação que vi Analice naquela multidão, olhei pra trás novamente e vi que era coisas da minha cabeça e esperanças que alimentei desde que cheguei aqui.

Fiquei cerca de uma semana aqui no país e nas vésperas de partir eu encontrei um mensageiro no hall de entrada que segundo Arun foi o que conhecia Analice na época. Me aproximei e puxei assunto com ele.

LUKE: O senhor trabalha aqui a muito tempo?

TONY: Sim senhor, há cinco anos.

LUKE: E conhece todos os funcionários?

TONY: A maioria.

LUKE: Qual seu nome?

TONY: Eu, me chamo Tony!

LUKE: Sabe Tony, eu gosto de me hospedar aqui, vocês são sempre muito atenciosos e respeitosos comigo. E da última vez que vim, eu conheci uma camareira que foi bem legal comigo, sabe me dizer se ela ainda trabalha por aqui. Acho que ela se chamava Analice.

TONY: Tinha uma Analice sim, era amiga do Vítor, outro mensageiro que trabalha aqui mais tempo. E se for a mesma que estou pensando, ela tem um irmão que trabalha de segurança aqui.

LUKE: E ela?

TONY: Ela saiu faz tempo. Mais não sei se estamos falando da mesma pessoa. Porque Analice só lembro dela e ela não era dos andares máster que o senhor pudesse conhecer.

LUKE: Mais essa que saiu, você tem o contato dela? Ou pode me dizer quem é seu irmão.

TONY: Não vi o irmão dela hoje, talvez seja a folga dele. Sobre ela, não sei muito. Vítor deve saber, eram próximos mas ele entrou de férias ontem.

MIKE: Senhor, está na hora de irmos. Não deve deixar seus anfitriões esperando.

LUKE: Obrigado Tony! Mike dê um kit meu pra esse rapaz, que foi tão atencioso.

TONY: Obrigado senhor!

Pensei em pedir o número do tal Vítor, depois imaginei que ela pudesse estar bem e casada, por que remexer num passado que talvez só existisse na minha cabeça?

Voltei a minha suíte e fui jantar na casa de um amigo apresentador daqui que me convidou antes da minha partida amanhã.

Bebi de mais nesse jantar, acordei em outro quarto do Belmond com uma mulher na cama que nem sequer lembro o nome, me levanto e volto pra minha suíte e embarco pra Los Angeles, novamente deixei pra trás as lembranças de um passado que tive esperanças de reencontrar, mas o destino não quis assim.

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