Desde que cheguei a esse hotel, meus dias se resumiam a ficar dentro do quarto olhando pela janela o nascer do sol e o pôr do sol. Não é que tinha medo de sair do quarto, mas tinha receio de que quando eu pisasse fora do quarto Marjorie me expulsasse também, o que resultava em noites sem dormir.
E por falar em Marjorie, ela sempre batia a porta trazendo uma bandeja com comida e entrava para ver como estava Ravi, este ao ouvir a voz da mulher já abria os lábios em um sorriso banguela.
— Bom dia! Como meu pequeno raio de sol dormiu? — Marjorie falou após duas batidas na porta onde ela entrou logo em seguida, Ravi sorriu assim que a ouviu e eu apenas virei meu rosto para ela com um sorriso singelo nos lábios.
— Pelos céus, Siobhan! Tens dormido à noite? — Ela depositou a bandeja com o desjejum em cima de um armário que tinha no quarto e seguiu até parar em minha frente, seus dedos gélidos tocaram minha bochecha com cuidado virando meu rosto para um lado e depois para o outro, não a respondi de início.
— Sabe que ninguém lhe fará mal aqui, está segura! E não coloque a culpa no pequeno raio de sol, ele não chora a noite que sei muito bem. — Marjorie viu o exato momento em que abri minha boca para falar algo, porém ela foi mais rápida e simplesmente detonou todas as desculpas que eu poderia dar.
Abaixei minha cabeça olhando meus pés por alguns minutos e quando levantei meu rosto havia lágrimas querendo cair por meus olhos, Marjorie me abraçou tão apertado que me senti acolhida ali.
— Tome um banho quente e depois se deite nessa cama e durma. Não se preocupe com Ravi, eu olho ele. — Suavemente ela beijou minha testa e se voltou para a cama onde Ravi estava deitado mexendo os pés e as mãos.
— Como sabe que ele não chora a noite? — Perguntei por fim antes de pegar uma troca de roupa e seguir para o banheiro.
— Não é a única que perde o sono às vezes… — Marjorie piscou ao me ver fechar a porta.
Assim que liguei o chuveiro, senti a água quente cair sobre meus músculos doloridos, imagens de quando estava na casa de Harlan veio em minha mente, minha respiração acelerou imaginando que a qualquer momento aquela cena se repetiria, ele iria entrar pela porta me puxar pelo braço e me colocar para fora. Esperei por aproximadamente dez minutos e quando vi que era apenas um truque da minha mente, me permiti relaxar naquele banho, lavando meus cabelos longos e maltratados.
Limpa e com uma aparência melhor do que quando entrei, segui até o quarto onde encontrei Marjorie ninando Ravi em seu colo, sorri com aquela cena.
— Os demais hóspedes não precisam de ajuda? — perguntei ao me sentar na cama ainda olhando os dois.
— Então… existe uma lista de prioridades e no topo dessa lista está um bebê lindo, com olhos brilhantes que ganhou meu coração todinho… É os demais hóspedes que se lasquem. — Marjorie me respondeu de forma tão calma e tão séria que ao terminar de ouvir foi impossível não rir .
— Vamos, deite e durma pelo menos umas três horas. — Aquilo não era um pedido.
Puxei as cobertas me deitando por baixo delas, a cama era macia e confortável, foi impossível não gemer em satisfação quando minha cabeça estava recostada no travesseiro, agora entendia porque Ravi não reclamava quando estava deitado, àquela cama era divina.
— Vamos deixar a mamãe descansar. Vem que a vovó Marjorie vai te mostrar tudo aqui. — Ouvi a voz dela distante enquanto ela se retirava do quarto com Ravi, um sorriso brotou em meus lábios ao ouvir ela se denominar vovó Marjorie. Assim que o suave clique da porta ecoou pelo quarto já estava entregue ao mundo dos sonhos.
(...)
Era meio dia quando acordei assustada e me sentei na cama procurando por Ravi. O trato era dormir três horas e acabei dormindo por quatro, uma hora a mais do que combinado. Saltei da cama vestindo meus sapatos e saí do quarto procurando por meu filho.
Estava descendo as escadas quando ouvi a gargalhada dele e depois a risada de Marjorie na recepção.
— Ele deu muito trabalho? — perguntei ao me encostar no balcão e logo os olhos atentos de Ravi começaram a buscar o local onde eu estava.
— Que nada, Ravi é um doce de bebê e bastante esperto. — Marjorie respondeu ao olhar para meu rosto e sorrir.
Fiquei ao lado dela no balcão pelo resto da tarde, não entrava muita gente querendo se hospedar naquele lugar, talvez a fachada precisasse de mudança.
— Sabe, andei pensando e o que acha de trabalhar aqui? Pode me ajudar na recepção e na arrumação dos quartos… — Marjorie falou de forma tão calma que logo me chamou a atenção.
— Está me oferecendo um emprego? — Não consegui esconder a empolgação em minha voz, e Marjorie apenas concordou.
— É claro que o salário não é dos melhores, mas se você aceitar a vaga é sua. O quarto já é seu independente da sua resposta. — Marjorie falou com os olhos fixos na porta principal por onde passou um casal de idosos segurando suas bagagens.
Balancei a cabeça em alegria observando a seguir até onde o casal de idoso parou. A conversa foi rápida e quando pisquei ela já tinha alugado mais um quarto no segundo andar.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
ARMINDA
MARAVILHOSO MARJORIE DANFO UM EMPREGO PRA SIOBAN.
2024-09-24
4
Ruby
acho legal, que esse bebê não usa fralda.
2024-09-15
0
Silvia Araújo
mistérios dinovo
2024-08-14
1