A pior parte de uma noite de bebedeira era com toda certeza a ressaca no dia seguinte. Sempre pensei que um dia daria conta do recado, por sempre observar meu pai sendo o grande Alfa, eu sempre me imaginei sendo um alfa maior ainda e batia no peito para dizer a minha mãe que tinha nascido para aquela função, contudo quando a função chegou e eu me vi ali exercendo o papel de alfa, soube que não aguentaria, pelo menos não sóbrio.
Não tinha o costume de beber todas as garrafas de whisky ou cerveja, não até passar o dia inteiro cumprindo minhas obrigações como alfa e ao chegar em casa encontrar todo o ambiente vazio, sem meus pais. Dizem que o primeiro porre nunca se esquece e aquilo é verdade. No início as brigas com meu irmão eram sempre constantes, Léo não aceitava o fato de me ver afundar em sofrimento e álcool, durante o dia um alfa respeitável e temido, a noite um bêbado e mulherengo.
O som de vozes alteradas no andar de baixo me fez abrir os olhos e sentir a ressaca me tomar por completo como uma imensa britadeira dentro da cabeça. Já tinha virado costume Léo colocar para fora as mulheres com quem eu dormia, por isso na maioria das noites eu escolhia dormir fora. Assim que a porta da frente se fechou bruscamente, eu soube que a mulher da noite anterior estava longe e assim que descesse as escadas começaria o sermão do meu irmão mais novo, por isso resolvi que primeiro tomaria um banho.
— Bom dia Léo, como foi a patrulha ontem? — Perguntei assim que desci após meu banho, onde meus cabelos longos estavam molhados. Usava apenas uma calça de moletom e estranhei o fato do meu irmão não falar nada.
— Preciso ver como estão as fortificações, não quero saber de invasão surpresas… — Continuei a falar enquanto ele agora caminhava ainda em silêncio em direção a escada.
Estava tão acostumado com ele gritando e me chamando a atenção pela bebedeira, que o tratamento de silêncio era novo. Por mais que fosse seu alfa, dentro de casa eu queria ser apenas seu irmão mais velho, aquele que acolhe, chama a atenção e discute, então nunca usava com ele a minha autoridade de alfa.
— Não vai falar comigo? — Mordi a maçã após pegá-la na fruteira e voltei. Ele parou de caminhar enquanto respirava fundo, ele balbuciou algumas palavras porém não entendi.
— Nada é sagrado para você? Não tem apreço e respeito por nada? — Ele virou para me encarar e vi que a raiva pintava suas expressões, enquanto a confusão agora tomava conta das minhas expressões.
— Olha se for por causa da mulher de ontem a noite… Não vai se repetir! Eu prometo. — Levantei minhas mãos em sinal de rendição.
— Qual foi a merda de lição que o papai sempre nos ensinou? A família é prioridade na vida de um lobo, família em primeiro lugar, sempre… — Léo cuspiu as palavras e deu dois passos em minha direção.
— Ficar relembrando as lições de um morto não vai me fazer adivinhar o que fiz de errado… — E antes que eu terminasse de falar ele gritou a plenos pulmões.
— Foi o que você não fez! Abandonou seu filho, expulsou ele e a mãe dele daqui de casa! — Léo estava tomado pela raiva, suas mãos tremiam e minha boca se abria em um perfeito oh, como eu abandonaria um filho sendo que não tenho um?
— Não diga besteira, sabe muito bem que um Vaughn não pode engravidar mulheres e menos que sejam a… — não terminei de falar pois ele me cortou.
— Sua companheira…Pois é Harlan, eu conheci a sua companheira e seu filho… você engravidou Siobhan Clermont. — Assim que Léo soltou a informação a maçã que estava em minhas mãos caiu ao chão, meu queixo caiu em descrença.
— Você está doente irmão, Siobhan Clermont é filha do Dick, e ele mantém ela e a irmã trancadas em casa. Seria impossível tê-la engravidado, eu saberia se tivesse feito isso! — Minha voz saiu firme, mas aos poucos minha mente voltava para a ligação que recebi semana passada.
— Vai me dizer que a mesma pessoa que tentou me passar um trote te ligou também… — Nesse momento os olhos dele se voltaram para os meus, diferente dos meus, seus olhos brilhavam mais fraco, como se a própria tonalidade de brilho no olhar já informasse quem seria o alfa.
— Então ela te ligou, e pensou ser um trote? VOCÊ É UM IDIOTA! — Léo gritou nesse momento e quando dei por mim estava caído no chão com meu queixo doendo. Um soco, nunca antes havíamos partido para agressão e agora Léo tinha me derrubado apenas com um soco.
— Qual é o seu problema? — Perguntei ao me levantar, dessa vez se ele fosse dar outro soco, estaria preparado.
— Faz meses que não vejo Siobhan, desde aquela festa… Eu saberia se ela estivesse grávida… Pare de inventar mentiras. — Minha risada era de puro nervosismo. Leo cruzou os braços, a raiva não estava mais presente em sua face e sim a tristeza.
— Como saberia? Ela te ligou e você pensou que era trote… Ela estava aqui ontem e você a expulsou de casa … Se lembre Harlan, o álcool não pode ter torrado seus neurônios. — Léo falou falou com calma, para depois ir em direção ao sofá. Fiz a mesma e o segui.
À medida em que Léo ia me contando tudo sobre Siobhan, meu coração se apertava. Como pude fazer isso? Pisquei duas vezes após terminar de ouvir tudo que Léo havia me dito e com um salto do sofá voltei meus olhos para meu irmão.
— Me ajuda a encontrar meu filho e sua mãe… Eu quero mostrar que sou melhor do que isso. — falei ao apontar para todo meu corpo, havia pesar e arrependimento em minha voz. Depois que Léo se acalmou e me contou tudo, foi impossível não me sentir péssimo.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Lourdesmar Luz Neves
ò bebedeira essas, hein!!!
2025-01-10
1
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
so um soco? qual é eu sei que você pode mais, mostra para mim o quanto você sabe lutar
2024-11-09
2
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
Não acredito!!! então esse babaca é o companheiro dela?! para mim ele era so o caso de uma noite! to chocada!
2024-11-09
3