Minha mente era um turbilhão de lembranças, a maioria de escolhas feitas por mim mesma. Sentia falta da minha irmã mais velha e agora do pacotinho que ela carregava, Ravi. Para um lobo familia deveria ser o objeto mais valioso de sua vida, pena que meu pai não pensava assim.
A culpa me corroia por dentro desde que vi minha irmã mais velha sair para uma festa, quem sabe se naquele dia não tivesse mentido ao papai, agora nosso futuro fosse diferente. Siobhan era uma mulher bonita, com seus vinte e quatro anos, ela nem sempre foi respeitada como filha alfa, tal respeito ela lutou para ter uma vez que os lobos sempre acreditavam que tal título pertenciam somente a um filho homem.
Ver a maneira como nosso pai a arrastava escada a baixo, a forma como ele a xingava apertava meu coração. Ele nunca tinha sido tão cruel assim conosco, quer dizer ele nunca escondeu o fato de querer um filho homem e quando teve duas garotas sua decepção se mostrou mais ainda.
Viviamos trancadas dentro de casa, não podíamos sair nem mesmo na janela que já era motivo para ele surtar e nos chamar de meretrizes ou coisa pior, mamãe não falava nada, com aquela mania de que o alfa da casa e da tribo era ele, ela não tinha voz ativa.
Me perguntava quando será que ela iria se impor para alguma coisa naquela coisa, confesso que cheguei a pensar que tudo estava resolvido quando ela fez a cabeça dele para que Siobhan ficasse durante a gestão em casa, mas depois de tudo que ele fez vejo que ela talvez nunca se imponha para nada.
— Solta ela, Dick ! — Minha mãe implorou com Ravi no colo, nem mesmo com a presença do seu neto recém nascido, o tão sonhado herdeiro homem que ele sempre quis, nem assim ele foi capaz de maneirar em suas agressões.
— Pai! Solta ela agora! — Gritei em plenos pulmões para ver o corpo de Siobhan ser jogado no meio da sala, minha mãe abraçava o bebê de forma protetora, o que me fez pensar quantas vezes ele não deve ter sido assim conosco ainda bebês. No segundo em que ele fez menção de avançar sobre minha mãe que segurava Ravi, me coloquei à sua frente rosnando em sinal de alerta.
— Neles você não toca. — Vociferei de forma ameaçadora e isso o fez parar.
Minha mãe caminhou até Sio após me entregar Ravi para segurar, ela abraçou sua filha mais velha e lhe beijou a testa.
— Você precisa se transformar. Mostre a seu pai que é uma Clermont de verdade, mostre sua loba interior. — Não conseguia entender o que minha mãe queria com aquilo, mas Siobhan pareceu entender então ela deu início ao processo de transformação. Ela já tinha se transformado uma vez claro que por acidente, mas me lembrava muito bem que sua loba era linda, tinha pelos negros como a noite sem luar e seus olhos eram azuis tão claros que chegavam a brilhar.
Ainda me lembrava da forma eufórica como contei ao papai e ele duvidou, mas agora vendo a transformação de Siobhan acabei me assustando, pois ela estava pequena, magra, seus pelos eram negros porem opacos, estava mais parecendo um filhote recem nascido do que uma loba adulta. O som de desaprovação que saiu dos lábios de Dick fez meu coração doer, e eu sabia que o coração de minha irmã estava igual.
— Chama isso de loba? Você é pequena e fraca… Uma vergonha para os Clermont. — Ele balançou a cabeça ao ver minha irmã voltar ao normal, não havia outro olhar estampado na face de nossa mãe a não ser a decepção.
— A quero fora dessa casa pela manhã. — Papai subiu as escadas apos seu show e minha irmã caiu de joelhos chorando amargamente por sua loba ser tão pequena e fraca.
Queria consolá-la, mas como faria isso? Nem mesmo eu tinha me transformado, eu sabia que o processo era doloroso e nem sempre tudo era bem sucedido.
(...)
Siobhan dormiu em meu quarto e pela manhã quando acordei a vi parada na porta segurando Ravi, meu pai estava a sua frente lhe entregando um pacote.
— Pegue esse valor e desapareça daqui. Nunca mais quero ouvir falar em você ou nessa criança amaldiçoada. Nunca mais volte aqui. — As palavras dele me machucaram, imagino como devia estar minha irmã . Siobhan olhou por cima do ombro de papai e apenas fez um gesto para que eu não descesse as escadas. Ela acenou timidamente antes de subir em seu carro, desaparecendo logo em seguida.
Logo que ela se foi, meu pai entrou fechando a porta e quando me viu seu semblante não mostrava nada além de orgulho e raiva. Passei por ele em silêncio caminhando até a porta.
— Para onde está indo garota? — Ele perguntou de forma fria, me lembrar de todas as coisas que ele disse e fez a Siobhan me fez endurecer o coração.
— Ainda sou a rastreadora desta tribo, tenho minhas tarefas. Algo mais Dick Clermont? — Voltei meu rosto para ele, meu olhar era petrificante pois ele se assustou com a maneira como o chamei e antes que ele pudesse responder mais alguma coisa, sai pela porta batendo logo em seguida.
Como rastreadora, eu conseguiria localizar minha irmã onde quer que ela estivesse com meu sobrinho, se Jacinto Dick Clermont pensa que vai simplesmente apagar Siobhan da existência desta tribo, ele vai perceber que será mais difícil do que pensa.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Marilane Cesario
Deus me livre de um monstro assim
2024-11-29
0
ARMINDA
CARAMBOLAS QUANDO ESTE PAI VAI SE RENDER E TOMAR CONTA DE SUA FILHA E NETO.
2024-09-24
2
Mellika Duarte
caramba
2024-08-29
1