Assim que estacionei o carro na frente da casa onde cresci, vi que todas as luzes estavam apagadas com exceção do abajur do quarto de Sierra. Ravi estava em meus braços então sem condições para escalar a janela até seu quarto, fazer isso segurando um bebê era impossível.
Com cuidado me abaixei para pegar algumas pedrinhas, Ravi se mexeu de forma desconfortável em meu colo e logo o balancei para que permanecesse quieto. Primeira pedrinha, Segunda pedrinha e foi somente na terceira pedrinha que ela apareceu na janela, primeiro me olhou assustada e depois um sorriso iluminou seu rosto. Acenou para que esperasse na porta da sala e logo saiu da janela.
— Sio! Onde você estava? — Ela perguntou sussurrando ao me abraçar, podia ver a preocupação em seu rosto no segundo depois que ela se afastou.
No meio do abraço ela acabou amassando um pouco o seu sobrinho me levando a rir pela forma como ele ainda tão pequeno movia os braços tentando sair daquele aperto.
— Vem, vamos entrar… O Papai está dormindo. — Ela falou e assim que passamos pela porta ela a fechou e me guiou para o andar de cima.
Ravi estava com seus olhos arregalados olhando para o teto como uma criança curiosa, ver a maneira como ele buscava se localizar me fez sorrir em conforto. Entrei no quarto de Sierra e me sentei na cama olhando tudo à minha volta.
— Desculpa o meu sumiço… — Mal tive tempo para terminar de falar e novamente ela me abraçou.
— Tem se alimentado? Está tão magra… Sio… — Sierra começou a falar, porém meu pacotinho de amor nos braços começou a se agitar.
— Não se preocupe comigo. Preciso dar água para o Ravi, somente o leite não tem sido o bastante. — Falei tentando manter o sorriso no rosto, não queria deixar transparecer toda a dor e tristeza que sentia.
Sierra não disse nada, apenas se levantou de forma afobada caminhando em direção a porta.
— Fique aqui, irei buscar. — Assim ela saiu pela porta a deixando entreaberta.
Meu antigo quarto era no final do corredor, senti uma imensa vontade de ir até lá porém sabia que estava escondida naquela casa e se meu pai descobrisse sua reação seria a mais violenta possível. Ajeitei Ravi na cama da Sierra e fiquei o encarando, seus olhos brilhavam à medida que ele me olhava e aos poucos sua boca sem dentes formava um sorriso.
Ser mãe era uma tarefa difícil, gostava de pensar que estava me saindo bem, embora ficasse claro que estava sendo um verdadeiro fracasso, afinal de contas nem mesmo um teto sob nossas cabeças eu conseguia manter. Quando pensei que ficaríamos seguros na casa com Leo Vaughn, fomos expulsos. Mas eu não podia jogar a culpa toda sobre minhas costas, Harlan tinha sua parcela de culpa também, se ele tivesse acreditado em tudo que falei no telefone e vindo ao nosso encontro talvez as coisas fossem diferentes, mas ele preferiu pensar que era um trote e depois fingiu não me conhecer em sua casa, somente para me jogar na rua com um bebê.
Coragem, era isso que precisava ter naquele momento. Antes que minha mente pudesse pensar mais um turbilhão de coisas, minha barriga roncou e meu estômago doeu. Estava com fome não poderia negar, minha má alimentação afetou na amamentação de Ravi e se eu contasse isso a Sierra com toda certeza ela ficaria uma fera.
— Aqui está a agua. — Sierra falou ao entrar no quarto com uma garrafa de água e um copo. Assim que me afastei de Ravi para pegar água, o mesmo começou a resmungar e logo o choro dele tomou conta de toda a casa.
Não queria acordar meus pais e denunciar que estava ali, mas foi inevitável. Ele entrou no quarto empurrando a porta com força procurando a origem do choro e quando me viu em pé segurando a garrafa de água e o copo, apenas senti o puxão nos cabelos e meu corpo cair ao chão de madeira.
— Solta ela! Pai, por favor! Não machuque a Siobhan! — Sierra gritava ao descer as escadas atrás de nós, eu senti meu corpo sendo arrastado e por mais que tentasse me debater para sair de suas mãos era inútil.
— Dick, misericórdia, ela é sua filha! — Minha mãe descia aos prantos e de relance vi meu filho em seus braços.
— Eu não tenho uma filha meretriz! Ela não é a minha filha, é uma invasora e merece ser castigada como tal! — Ouvi pela primeira vez sua voz e quando ele me soltou estava no meio da sala, meu corpo doía. Sierra se ajoelhou ao meu lado olhando com raiva para meu pai.
— Você é um monstro! — Sierra falou e nesse momento ele quis avançar contra ela, sendo impedido pelo grito da minha mãe. Fechei meus olhos segurando as lágrimas que queriam cair, o arrependimento por ter vindo até aqui começou a me consumir. Eu tinha nascido naquela casa, amava minha irmã e sentia sua falta. Não estava ali por ele, embora ele sempre fosse ser meu pai, nunca em minha vida estaria devolva a aquele lugar onde fui expulsa e humilhada, mas infelizmente familia a gente não escolhe e queria sentir pelo menos um pouco da segurança que sentia entre aquelas paredes.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Salome Pereira
boba fica na floresta mesmo ,ou conversasse com Léo antes
2025-01-24
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Rosimayre
o problema foi o BB chorar e acordar todo mundo
2024-12-09
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JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
o inteligência viu deixar a porta entre aberta
2024-11-09
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