10 - Meu irmão é uma boa pessoa, idiota as vezes.

Toda minha vida foi destinada a proteger as pessoas, sempre me senti o irmão super protetor, aquele que se necessário fosse daria a vida pelo estranho. Meu pai sempre disse que a familia deve ser o primeiro lugar na vida de um lobo, queria que meu irmão pensasse assim quando assumiu o posto de Alfa, pois é, sou o irmão mais novo de Harlan Vaughn.

Ainda me lembro quando a notícia da morte de nossos pais chegou até nós, eu tinha apenas dezesseis anos enquanto Harlan completava seus dezenove anos. Ainda me lembro que chorei engolido em meu quarto e que Harlan entrou falando que tudo ficaria bem, depois disso nossa vida mudou bastante.

A mudança foi em um sentido bom, por assim dizer, pelo menos para mim. Mas ultimamente Harlan tem estragado sua vida com bebidas e mulheres. Meu irmão gosta de sair e festejar isso todo mundo sabe, a diferença é que esse gosto sempre trouxe problemas para nossa tribo pois ele não festeja com as mulheres do nosso bando e sim com as das tribos vizinhas, e isso sempre nos leva a uma guerra ou confronto, mas agora ele tinha ultrapassado todos os limites.

— Fica a vontade, Siobhan. — Falei ao passar pela porta principal de casa com ela logo atrás segurando a criança. O olhar de espanto estava nítido em sua expressão.

— Quando eu tinha doze anos, meu pai me fez decorar o rosto de cada garota que estava em um livro. Todas filhas de alfas das tribos vizinhas, e devo dizer que seu rosto não mudou em nada. — Falei por fim quando a vi abraçar mais ainda o bebe em seus braços, sorri com aquilo.

— Doze anos de idade? — Ela perguntou deixando um pouco o medo de lado.

— É, meu pai sempre disse que se desejamos começar uma guerra com alguém, o ponto fraco é sempre a família. — Sem querer parecer nostálgico com o tipo essa lembrança acabei sorrindo um pouco sem graça.

— Mas me diga, como foi parar no meio daquela floresta? — Assim que fechei a porta atrás de nós, vi o exato momento em que seus olhos se voltaram para o meu em um pedido silencioso para não tocar no assunto, mas era preciso.

— Como já deve saber, engravidei do seu irmão… Uma loba sem companheiro não é bem vista por todos principalmente se ela tiver um filho, meu pai me expulsou quando me recusei a abortar Ravi, minha mãe e irmã o convenceram a me deixar morar na casa e quando Ravi nasceu na semana seguinte ele me expulsou de vez, tenho morado dentro do meu carro até então… — Conforme ela me contava pelas coisas que passou, minha mão se fechou em punho enquanto procurava controlar a raiva.

— Seja como for, está segura agora. Ninguém vai te colocar na rua aqui, e meu sobrinho será melhor tratado, como o verdadeiro príncipe que é. — Minha voz era calma enquanto meu peito se estufava em sinal de orgulho.

Ouvi a risada de Siobhan e percebi que fazia tempo que ela não sorria assim. Ficamos conversando por alguns minutos, Ravi estava adormecido no cercadinho improvisado que fiz no sofá com algumas almofadas enquanto na cozinha estava preparando algo para ela comer, podia ver seus olhos fixos no filho com um sorriso mais fraco.

— Eu quero me desculpar. — Falei ao colocar a sua frente um prato com macarrão, ela me olhou com confusão.

— Meu irmão é uma boa pessoa, um pouco idiota, mas ele é uma boa pessoa. Desculpe o transtorno que sua vida virou por ser mãe do filho dele. — Falei e nesse momento ela me olhou com certa diversão.

— Ah, a fama do seu irmão sobre ser idiota já é bastante conhecida entre as garotas. Mas não me arrependo em momento nenhum de ser mãe daquele garotinho ali. — Havia ternura em seu olhar quando falou de Ravi, isso me fez sorrir por sabia que ela seria uma ótima mãe.

Meu celular estava em cima da bancada, e o mesmo começou a vibrar insistentemente, quando olhei as mensagens suspirei vendo que os rapazes tinham voltado da patrulha e que a tira colo meu irmão irresponsável tinha sido visto mais uma vez com outra garota nos braços.

— Siobhan, fique à vontade certo? A casa agora também é sua. Preciso sair para resolver algumas coisas com os demais lobos, e também já vou aproveitar para avisá-los que de hoje em diante você tem passe livre aqui. — Falei ao saltar da bancada enquanto caminhava até a sala onde meu sobrinho ainda dormia, beijei sua testa e fiquei por alguns minutos o observando dormir, suas mãos pequenas e bochechas gordinhas, era como um anjo esculpido.

— Obrigada Leo Vaughn. — Ela falou por fim me assustando ao final por ela saber meu nome.

— Esse livro de fotos pelo jeito é obrigatório em todas as tribos. — Ela disse por fim depois de levar a boca mais uma garfada de macarronada, isso me fez rir ao sair pela casa trancando a porta por precaução.