Depois que minha irmã voltou para casa, voltei meus olhos para o carro, que era meu lar agora e a casa do meu filho. Ravi estava começando a acordar, podia ver suas mãos pequenas sendo jogadas para cima como se buscasse por algo. O sorriso em meus lábios foi involuntário, tratei de me alimentar e logo que seus resmungos começaram o peguei no colo, pronta para amamenta-lo.
— Meu lindinho corajoso. — Falei ao encarar as bochechas gordas dele enquanto o mesmo sugava o leite.
O tempo passava devagar, cada dia era uma descoberta diferente, eu não sabia como ser mãe mas estava descobrindo aos poucos e de uma coisa eu tinha certeza, Ravi nasceu para ser meu, meu filho e professor pois com ele estava descobrindo uma nova forma de amor, o amor incondicional. Ali sentada no banco de trás do carro com meu filho nos braços, finalmente conseguia entender que não deixaria nada acontecer com ele, que lutaria por ele até o fim dos meus dias.
Os dias se tornaram semanas e quando me dei conta duas semanas tinham se passado, oficialmente meu carro era minha casa e aquele estacionamento da estação de Trem era mais seguro que ficar em um beco escuro. Havia água corrente na estação, então durante o dia procurava fazer tudo que podia, inclusive dar banho em Ravi dentro do banheiro da estação e à noite voltava para dentro do carro. Sol, chuva, mau tempo, tudo isso refletia na imagem do meu carro onde sua pintura já estava desgastada.
O dinheiro que minha irmã havia deixada durou apenas por cinco dias, com ele consegui colocar gasolina no carro, seria bom estar preparada caso precisasse sair correndo de lá, comprei apenas o essencial para me manter viva e o resto do valor gastei tudo com Ravi, seu bem estar era minha prioridade. Durante a noite após Ravi dormir, eu apenas tirava um cochilo, afinal me recusava a pregar os olhos morando onde estávamos.
E aquela noite foi exatamente assim, Ravi adormeceu após mamar e arrotar, meus olhos estavam pesados e sabia que devido a exaustão que sentia se fechasse meus olhos eu dormiria por no mínimo três dias inteiros. Estava quase adormecendo quando ouvi batidas bruscas no vidro do carro, o que me assustou.
— Não pode ficar aqui. — O homem vestido com roupas escuras falava, mas não consegui entender direito até abaixar o vidro um pouco e ver que suas vestimentas eram de um oficial de segurança.
— Desculpe oficial, não estou fazendo nada de errado. — Falei baixo não querendo acordar meu filho e nesse momento o homem franziu a testa.
— Estou recebendo reclamações sobre esse carro suspeito a duas semanas, está assustando as pessoas que passam por aqui. — Ele voltou a falar dessa vez olhando pela fresta aberta da janela, ele por ser um homem da lei devia ser treinado para caçar todos os lugares possíveis, pois vi quando seus olhos se voltaram para a cadeirinha onde Ravi dormia e ficou fixos nele até minha cabeça entrar a sua frente.
— Certo, senhor. Vou sair daqui. — Falei com calma e fui surpreendida com um leve suspiro seu.
— Não sei o que se passa em sua vida, mas moça o mundo é cruel com crianças… Porque não o entrega para um orfanato onde ele será bem cuidado? E não vai precisar dormir e acordar nesse carro… Porque pelo jeito é aqui que vocês moram não é? — Olhei assustada para o homem à minha frente. Abri a porta descendo do carro e vi que o oficial recuou um pouco para trás.
— Porque entregaria o meu filho para um estranho criar? Não percebe , todo mundo passa por algum tipo de dificuldade. — Minha voz estava baixa, ainda não queria acordar Ravi.
— Apenas disse o penso, veja sua aparência… Está com olheiras, maltrapilha, magra… Se não quer entregar a criança para adoção, que pelo menos a leve para o pai dela, está nítido que você não tem condições de cuidar de um bebê. —As palavras dele me atingiram com força, fechei os olhos por alguns segundos e depois o encarei.
— Como disse antes, vou sair daqui. Passar bem. — Abri a porta do motorista onde a chave já estava na ignição e virei a mesma dando partida no carro. O oficial falou mais alguma coisa, porém já estava dando a ré com o veículo para sair em direção ao desconhecido.
Uma coisa apenas que ele disse fez sentido, eu não havia feito esse filho sozinha então nada mais justo que buscar pela ajuda de seu pai. Precisava de ajuda, porém mais do que tudo eu precisava dormir.
Olhando pelo retrovisor Ravi estava entregue ao mundo dos sonhos volta e meia um sorriso surgia em seus pequenos lábios. Dirigi por mais trinta minutos até estacionar o carro em uma viela, haviam casas de ambos os lados na rua, saltei por cima do banco até sentar ao lado da cadeirinha e apoiar minha cabeça ao lado de meu filho, com o carro travado e meus olhos pesados simplesmente apaguei.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Frederica Ribeiro
dá muita dó,
2025-02-10
0
Cleide Almeida
oh situação viu
2024-10-22
0
ARMINDA
CARAMBOLAS QUE SITUAÇÃO . 🤔🤔🤔🤔🤔🤔
2024-09-24
2