Depois do nascimento de Ravi foi como se um penhasco de formasse dentro de casa, meu pai não permitia que minha mãe ou irmã se aproximasse mais. Mesmo morando debaixo do mesmo teto que ele, tudo que estivesse ao seu alcance para dificultar a minha vida ele assim o fazia.
Os alimentos eram comprados, porém nem mesmo uma fruta eu podia comer. Sierra se arriscava ao pegar porções dobradas dentro de casa com a desculpa que iria comer em seu quarto e levava para o meu, era assim que estava me mantendo nutrida para dar o leite do meu filho.
Durante o dia eu rodava a cidade em busca de algum emprego para que pudesse me sustentar e até mesmo achar um lugar para morar com Ravi, mas ninguém queria enfrentar meu pai e com isso todas as portas de emprego ficavam fechadas.
À noite eu voltava para casa cansada, com fome e com Ravi nos braços resmungando que estava perto da hora dele mamar. A sensação de solidão era enorme, não tinha uma base de apoio graças a ignorância dele, meu pai. Porém nesse dia foi diferente quando estacionei na frente da casa na varanda estava meu pai, havia malas e mais malas ao seu lado, seu semblante sério e os braços cruzados diziam que mais uma tempestade estava a caminho.
— Aqui estão suas coisas e as coisas dessa criança. Quero vocês dois fora aqui. — Ele falou tão firme que estagnei meus passos olhando-o com tristeza e medo.
— Prometi à sua mãe que lhe deixaria ficar durante a gravidez, bom… A criança já nasceu, agora fora. — Não sei decifrar qual era a emoção que ele sentia, não sei dizer se ele estava feliz com tudo aquilo, se no fundo ele queria fazer aquilo ou se apenas estava sendo movido por seu orgulho. Desde a noite em que me tirou o título de filha alfa, que desisti de tentar compreendê-lo.
Ravi começava a chorar em meus braços, apenas o ajeitei com cuidado enquanto caminhava até onde estava a mala, pegando a primeira com cuidado refiz meu caminho até o carro novamente, desta vez abrindo a porta de trás onde estava uma cadeirinha, presente de minha mãe. Ajeitei Ravi naquela cadeirinha e voltei a buscar o resto das malas.
— Posso pelo menos dizer adeus a minha mãe e a Sierra? — Perguntei com calma me recusando a encará-lo.
— Elas não estão em casa. — Foi tudo que ele disse, claro que já deveria esperar isso dele, esperou minha mãe e Sierra sair para enfim poder me escorraçar de casa. Apos guardar todas as malas no carro, abri a porta do motorista e estava prestes a sair daquela rua quando voltei meus olhos para o homem que um dia chamei de pai.
— Sabe, se um dia você se arrepender de tudo isso que está me fazendo, saiba que nem mesmo na sua morte terá o meu perdão. Vou criar o meu filho com todo amor e carinho. — Falava firme enquanto o encarava.
— E quando ele perguntar pelo avô, não se preocupe. Direi que está morto e enterrado. Vencerei todas as dificuldades dessa vida, sem a sua ajuda. — Ao terminar de falar entrei no carro dando a partida logo em seguida e arrancando com o carro, as lágrimas se formavam em meus olhos e queriam cair por todo custo, respirei fundo jogando esse sentimento para dentro de um baú, pois precisava me manter forte para meu pequeno sol.
(...)
A exaustão tinha me acertado em cheio, dois dias morando dentro do carro comendo o que encontrava na rua. Depois de amamentar meu filho e o fazer dormir, deixei que meu rosto caísse sobre a parte de trás do banco a minha frente e nesse momento me permiti chorar.
Lágrimas e mais lágrimas rolavam por meu rosto como se fosse um rio sem destino certo.
Meu celular tocava de forma desesperada mostrando que minha irmã estava ligando sem parar, talvez ela não soubesse do que aconteceu. Quando atendi tentando disfarçar a voz de choro, ela pediu que a encontrassem em um estacionamento na estação de trem. Quase sem combustível e com fome liguei o carro e fui.
— Desculpa, não deveria ter saído aquele dia! — Sierra tentava se explicar enquanto analisava a situação do carro e sobretudo como estava a integridade física de seu sobrinho.
— A culpa não é sua, ele iria me colocar pra fora de qualquer maneira. — Falei agora com calma, sem dúvidas ela era o anjo em minha vida.
Antes que pudesse falar mais alguma coisa, ela tirou de seu carro duas cestas de frutas, pães e água e colocou no banco ao lado da cadeirinha de Ravi.
— É pouco, mas você está em fase de amamentação, precisa se alimentar. — Ela falava enquanto puxava do bolso de sua calça um punhado de notas, e entregou em minhas mãos. Ao que pude bater os olhos e ver aquele valor dava para nos manter por duas semanas, talvez fosse o tempo que precisava para sair da cidade e encontrar um novo começo em outra.
— Avise-me quando estiver em segurança com ele ou se estiver precisando de algo. Não quero nem mesmo sonhar, que está passando apuros com meu sobrinho por aí, fui clara? Te amo, irmã. — Sierra falou ao me abraçar e voltou para o seu carro saindo do estacionamento logo em seguida.
Uma pontinha de esperança ainda batia em meu coração que meu pai pudesse se arrepender e me mandasse voltar para casa, guardei o dinheiro no carro e voltei para onde estava meu filho, precisava me alimentar com urgência. Pobre Ravi, mal chegou a este mundo e já enfrenta a crueldade dos homens.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
querida esqueça aquele que você chama de pai, ele não merece esse título e muito menos merece que você sinta vontade que ele mude de ideia viva sua vida e esquece todos os homens idiotas que te trataram mal porfavor
2024-11-09
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Maria Bacelar
cadê o pai q n aparece ate agora ?
2024-12-22
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JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
isso sim que é uma irmã
2024-11-09
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