A minha sorte foi quando o relógio marcou meia noite, com suas dozes badaladas. Passei tanto tempo ali ajoelhada no chão frio da sala limpando minhas lágrimas que caiam em cascata que não vi quando a figura de meu pai saiu da cozinha e voltou para a sala novamente.
— Levante-se, vamos agora mesmo para a Clínica. — A voz de meu pai soou pela sala inteira, minha mãe estava sentada no sofá em silêncio apenas como uma mera telespectadora enquanto minha irmã se mantinha vigilante.
Com um pouco de dificuldade devido a dormência de minhas pernas me coloquei de pé olhando fixamente para o homem à minha frente. Havia repulsa em meu olhar, podia sentir o medo exalando de minha mãe e a ansiedade de Sierra, até o momento havia sido a boa filha, a submissa, claro tirando o fato que estava grávida sem um companheiro. A questão é que sempre fiz o que ele pediu e ainda sim ele se achava no direito de me tratar como um objeto?
— Eu não vou! Levarei essa gravidez até o fim. — A princípio minha voz saiu como um sussurro, não sabia se ele tinha me ouvido, porém tive a certeza quando ele jogou um casaco qualquer em minha direção.
O casaco grosso bateu contra meu peito e caiu no chão.
— Eu disse que não vou. — Dessa vez minha voz ficou mais firme, senti os olhos dele queimar em minha pele e endireitei minha coluna, nunca pensei que poderia fazer jus ao título de filha alfa, mas ali estava eu na minha perfeita pose de autoridade, sendo dona de mim com o olhar tão sério e firme que me fez arrepiar.
— Ótimo, se não vai até a clínica o médico virá até você. — Meu pai estava sério, assim que ele terminou de falar já buscava o telefone para discar o número.
— Levarei a gravidez até o final, pode me prender ou até mesmo me bater, mas o meu filho, o seu neto. Vai nascer, pelos céus pai, essa criança é um Clermont! — Podia até mesmo tocar a raiva que meu pai sentia naquele momento.
Sierra assistiu a tudo sem mesmo respirar e quando meu pai deu dois passos para trás subindo as escadas logo em seguida batendo as portas e jogando as coisas pelo chão, minha irmã se aproximou de onde estava passando as mãos por meus ombros.
Tremia igual um pedaço de vara verde, tentando não quebrar com o vento forte. O som dos carros começaram a ser ouvidos de dentro de casa, carros e motos. Não demorou e logo a porta da frente se abriu passando por ali os lobos de confiança de meu pai, sendo seguidos pelos demais membros da tribo, logo a sala de casa ficou pequena.
— Chamei todos vocês aqui nesta noite, para fazer um comunicado. — Meu pai descia as escadas abotoando sua jaqueta preta enquanto os olhos se mantinham fixos em mim.
— Quero que a notícia se espalhe entre nossa tribo e vizinhas, Siobhan Clermont não é mais a filha Alfa. Todos os benefícios e regalias que vêem com esse título não pertencem mais a ela. — Os murmúrios começaram a circular pela sala e nesse momento senti meu coração doer, para os lobos o que valia era o status e não o laço sanguíneo.
— Sendo assim, quero você e esse feto fora de minhas vistas, fora dessa casa! Saía apenas com a roupa do corpo. — Ele gritou por fim me fazendo abraçar meu ventre com força. Um soluço escapou de meus lábios indicando que a qualquer momento iria desmoronar, mas me recusava a fazer isso na frente de toda a alcateia.
No segundo em que dei dois passos em direção a porta principal, todos abriram caminho para minha passagem. Olhares totalmente indecifráveis me seguiam até atingir a calçada onde meu carro estava parado.
Assim que fechei a porta do carro, tombei minha cabeça no volante e deixei as lágrimas rolarem, o gosto da derrota em minha boca era maior que tudo. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas confesso que me assustei quando Sierra abriu a porta.
— Vem, mamãe convenceu ele a lhe deixar morar conosco. — A rua estava vazia novamente, os visitantes haviam ido embora. Por alguns minutos pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto, mas minha irmã não mentiria de forma tão cruel assim.
— Sabe que as coisas vão ser mais difíceis agora… Papai pode ser jogo duro, mas ele sempre pensa no melhor para nós. — Sierra, a filha mais nova perfeita que sempre tentava justificar os atos do nosso pai e ainda sim me apoiar.
No momento em que atingimos a varanda da casa, ele surgiu a porta me olhando com indiferença.
— Não falará comigo a menos que eu lhe pergunte algo, e já sabe tudo poderá voltar ao normal caso mude de ideia. — Ele era frio e cruel com as palavras. Estava sem forças para revidar, por isso apenas abaixei a cabeça e segui porta adentro em direção a meu quarto no andar de cima no final do corredor.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 81
Comments
Silvia Moraes
E o pai do bebê!! Não sente o cheiro do filhote
2024-12-10
0
Cleide Almeida
achei tão estranho isso 🤔🤔🤔
2024-10-22
0
ARMINDA
OPAAAAA ENTÃO MAMÃE CONSEGUIU DOBRAR O LOBÃO E NÃO DEIXAR A FILHA FICAR NA RUA DA AMARGURA
2024-09-24
5