Capítulo dois

— Alice? Alice? — Uma voz feminina gritava.

Alicia acordou e percebeu estar num lugar totalmente diferente, algumas pessoas estavam em sua volta e a observava.

— O que aconteceu? — Perguntou atordoada.

— Alice, você acabou desmaiando, e caiu no chão.

— Alice? Mas... quem é você? — Ela não conhecia a pessoa que falava seu nome errado, e nem o lugar onde estava.

— Sou eu, sua amiga Sula! Por acaso bateu a cabeça no chão, quando desmaiou?

Sula então ajudou a moça a se levantar, quando Alice deu uma olhada em volta, viu que estava num estúdio de dança, cercada de pessoas estranhas, mas ao olhar para o grande espelho que estava à sua frente, se assustou com o que via, ela estava em um corpo estranho, que não te pertencia, logo se assustou.

— Acho melhor te levar para a enfermaria. — Sula insistiu.

— Não, eu estou bem, só preciso ir até o banheiro e lavar meu rosto.

Saindo dali depressa, Alicia caminhou em direção ao banheiro, que de alguma forma, ela sabia onde ficava, enquanto caminhava, tentou se lembrar de como foi acabar surgindo ali.

Se lembrou de estar no palco, começando a cantar sua nova música, quando viu as luzes se apagarem, e alguém a segurar por trás, tapando a sua boca e falando aquelas duras palavras.

"Vai para o inferno"

Depois, só sentiu um punhal sendo cravado em suas costas, e sendo empurrada do palco com toda a força.

— Eu morri? — Ciciava para si.

De frente ao espelho, observava seu novo rosto, que aparentava ser de uma jovem de aproximadamente 18 anos, no máximo, então, percebeu que ela conseguia captar as lembranças da antiga dona do corpo

— A dona desse corpo acabou morrendo por exaustão, e eu acabei reencarnando no corpo dela, isso foi realmente possível? — Tocava em seu novo rosto. — Já ouvi falar muito sobre reencarnação, mas não sabia que isso era real, além disso, eu era uma cantora de sucesso e conhecida no país inteiro, por meu talento, e agora estou no corpo de uma jovem aprendiz? — Tentava assimilar as coisas. — Como uma pessoa tão forte e excelente como eu, vim parar num corpo tão frágil, sem graça e vulnerável desses?

Tudo era estranho, já que antes, ela era uma mulher de 28 anos com toda uma carreira estável. Já fazia mais de dez anos que havia deixado de ser uma jovem aprendiz, como teve que vir parar num corpo de alguém tão inferior?

Alicia foi tirada de seus pensamentos, ao ver Sula entrando pela porta, com uma garrafa de água na mão, agora ela sabia que Sula, era a melhor amiga de Alice River, a antiga dona, do seu corpo atual.

— Trouxe água para você, está se sentindo melhor?

— Claro Sula, obrigada!

— Que é isso! Sabe que amigas servem para esse tipo de momento. — Disse a abraçando.

Achou estranho o abraço que recebeu, já que era acostumada a ser abraçada apenas por Sandy, mas seus abraços eram bem diferentes, já que elas não se davam mais bem como antes.

Lembrou-se, que depois que Gael pagou a cirurgia e o tratamento do coração da irmã, Sandy se transformou numa pessoa mesquinha e maldosa, toda a oportunidade que tinha para ofendê-la, o fazia, ainda mais, quando se tratava de coisas relacionadas a Gael, parecia que Sandy tinha um amor encubado pelo amado da irmã e tentava boicotá-la, achando que assim, teria uma passagem livre, para tentar entrar no coração de Gael Park.

— Se já se sente melhor, vamos voltar ao estúdio, temos que terminar o ensaio, a professora deve estar procurando pela gente. — Sula a tirou do transe.

— Tudo bem.

Elas caminhavam em direção ao estúdio de dança, e Alicia, que agora se chamava Alice, percebeu haver ganhado uma nova oportunidade do destino, uma nova vida.

Enquanto a música tocava no estúdio, ela dançava perfeitamente, aquilo tudo, era muito comum e fácil para ela, já que na outra vida, havia praticado mais de 8 anos de dança profissional. Por seu corpo agora ser mais jovem, a tornava mais flexível e rápida, mas percebeu que Alice River, não tinha noção das habilidades que seu corpo obtinha, pois todos a despreciava e a intimidava como uma perdedora, mesmo Alicia achando injusto ser colocada num corpo tão frágil, percebeu poder mudar a sua história dali para frente, pois uma pessoa que foi tão esplendida como ela, poderia usar toda a sua experiência para fazer que sua nova "eu", se tornasse alguém destemida e esplendida também.

[...]

No outro dia de aula, enquanto a professora de dança colocava a música para todos cantarem, Alice tentava ser o mais discreta possível em sua dança, já que, se desse tudo de si ali naquele estúdio, todos notariam que haveria algo muito errado com ela.

— Bem, por hoje é só. — Disse a professora de dança. — Alice, tenho que te parabenizar por hoje, estava impecavelmente bem. — Todos pararam de boca aberta, sem acreditar que Alice havia recebido um elogio, já que ela era considerada a pior aluna da sala.

— Sério, eu só pratiquei um pouco mais. — Disse tímida.

— Não seja tão modesta, vejo que andou se esforçando muito, mas não seja tão dura com seu próprio corpo, sei que sua família exige muito de você, então descanse um pouco. Acho que se sairá muito bem amanhã.

— Amanhã? — Perguntou confusa.

— Sim, amanhã, por acaso se esqueceu? — A professora lhe olhava incrédula.

— Amanhã irá ter uma seletiva aqui, Alice, dizem que um grande empresário, virá até aqui pessoalmente, escolher alguns dançarinos para um novo clipe de sua empresa. — Sula disse a abraçando eufórica.

Alicia não queria mais fazer parte da indústria do entretenimento, já que estava magoada demais pela vida que viveu no passado, e pelas coisas que passou na vida passada, tendo uma morte violenta.

Mas também entendia, que não sabia fazer mais nada da vida para se manter financeiramente.

— Quem é esse empresário Sula? — Perguntou preocupada com o que poderia vir em seguida.

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