Cecília Narrando
Acordei, fui direto tomar um banho, coloquei uma roupa confortável e segui para a academia. Depois do treino, voltei pra casa e fiz meu serviço doméstico. Hoje eu iria na mansão dos Conors conversar sobre a vaga de babá que estavam oferecendo. Comecei a preparar meu almoço quando escutei três batidas na porta. Ao abrir, me deparei com uma mulher que, além de bonita, tinha um jeito empoderado que impunha respeito. Assim que entrou, disse:
— Boa tarde.
— Boa tarde — respondi.
— Como se chama? — ela perguntou.
— Me chamo Cecília Harris.
— Sou Paola Conors. Fiquei sabendo que foi pra você que ofereceram a vaga de babá. Vim aqui te conhecer um pouco — disse ela com gentileza.
Não estranhei a visita. Se eu iria cuidar da filha dela, era mais que justo esse encontro.
— Sim, o braço direito do seu marido me chamou na boca pra conversar e comentou que vocês estavam procurando alguém.
— Que ótimo! Estamos mesmo precisando. Em breve vou ganhar nossa princesa e quero alguém pra me auxiliar em casa, ajudando apenas com a bebê.
— Também comentei com ele que iria pensar. Ouvi uns boatos de que seu marido é arrogante e trata mal os funcionários.
Percebi que ela deu uma risada meio sem graça antes de responder:
— Sempre haverá boatos. Algumas funcionárias que tivemos nos roubaram, e o Thor não teve como ser gentil. Mas fique tranquila, ele é um homem justo e trata bem quem trabalha de forma honesta com a gente.
— Sendo assim, fico mais tranquila em aceitar a proposta.
— Que ótimo! Se quiser, amanhã pode subir lá em casa pra conhecer melhor e almoçar com a gente.
— Muito obrigada pela gentileza.
— E pode me chamar só de Paola, viu? Não sou tão velha assim — disse ela sorrindo.
Concordei, a acompanhei até a porta, nos despedimos e ela foi embora. Lembrei que tinha deixado as panelas no fogo. Aproveitei que estava tudo pronto, arrumei a mesa, almocei, lavei a louça e fui pra sala assistir um pouco de TV, já que à noite sairia com a Melissa.
No fim da tarde, subi pro meu quarto e fui me arrumar. Tomei um banho, comecei a fazer minha maquiagem quando o celular tocou. Era a Melissa.
— Oi, Melissa. Tô quase pronta!
— Ótimo, tô aqui na frente te esperando.
— Só terminando a make e já desço.
— Beleza — respondeu ela antes de desligar.
Terminei a maquiagem, passei um perfume, fechei a casa e fui até o carro dela. Cumprimentamo-nos com um beijo no rosto e seguimos rumo ao asfalto. Pegamos um trânsito pesado — sexta-feira no Rio é sempre complicado. Fomos até uma sorveteria. Ela estacionou e descemos.
Ao entrarmos, a atendente veio com o cardápio:
— Boa noite, senhoras.
— Boa noite — respondemos juntas.
— Aqui está o cardápio. Fiquem à vontade. Quando decidirem, é só me chamar.
Passamos alguns minutos escolhendo e, depois, chamamos a atendente para fazer o pedido.
— Então, amiga... Vi que a Paola foi até sua casa hoje. O que ela queria? — perguntou Melissa, curiosa.
— Foi conversar comigo e tirar minhas dúvidas sobre a vaga... e sobre o Thor.
Ela franziu o cenho:
— O que você ouviu de tão ruim sobre o Thor?
— Boatos de que ele era um ogro com os funcionários. Mas, depois da conversa com ela, vi que é só falatório da comunidade.
— É sim. Thor é super tranquilo. Conheço ele há um tempo e nunca vi maltratar ninguém.
As palavras dela me deram ainda mais segurança pra aceitar o trabalho. Logo, nossos pedidos chegaram. Comemos sorvete, pedimos alguns drinks — achei o máximo uma sorveteria que serve bebidas alcoólicas. Melissa, por ser a motorista, pegou leve. Depois, fomos dar uma volta na praça.
— Amiga? — disse ela.
— Diga.
— Me conta mais sobre você, sobre sua família.
— Bom, sempre morei no morro. Morava com meus pais, mas, por causa de uma briga, resolvi morar sozinha. Trabalhava em um salão no shopping como recepcionista, mas ele faliu e fui demitida. Sou solteira e agora tô em busca de um recomeço... ou melhor, acho que já encontrei.
— Uau, amiga. Uma bela história! — disse ela, rindo.
— E você? Me conta sobre sua vida.
Ela ficou um pouco pensativa, com o semblante mais sério, mas respondeu:
— Como muita gente sabe, perdi meus pais. Moro na casa que era deles. Sou blogueira no Instagram. Tenho quem me ame e quem me odeie... E sou fiel do MC.
— Sinto muito pelos seus pais... E você ama o Marcos?
— Amo mais que tudo.
— Que lindo o amor de vocês...
— E você, amiga, não gosta de ninguém?
— Já me apaixonei uma vez, mas era um amor impossível. Agora tô focada em me estabilizar. Se o amor verdadeiro aparecer, tô pronta pra me entregar.
— Vai aparecer sim, e eu quero ser madrinha, viu? — brincou ela.
Depois de um tempo, voltamos pro carro. Melissa me olhou com um sorriso travesso e perguntou:
— Tá afim de dirigir?
— Amiga, e se eu bater teu carro? Vou ter que vender até o que não tenho pra pagar!
Ela riu:
— Relaxa! Tô do teu lado, qualquer coisa puxo o freio.
Assenti, fui pro volante e ela colocou uma música que eu amo: Poesia Acústica. Começamos a cantar juntas, animadas.
Estávamos tão envolvidas que, quando vimos, já estávamos de volta ao morro. Subimos até minha casa. Desci, nos despedimos, e Melissa seguiu pra casa dela. Subi direto pro meu quarto, coloquei meu pijama, me deitei na cama e fiquei olhando as redes sociais até adormecer.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Natalia Maia
já até sei o que vai acontecer...a mulher do dono do morro vai morrer no parto e ela vai ficar com ele e com o bebê
2024-07-14
4
Deyserrê
poesia acústica 12 amoo
2023-11-07
1
Jucilene Barbosa
amei a letra da música continua assim autora 🥰
2023-04-30
3