Louca? Eu?

Na noite seguinte na mansão Campbell...

Eva Campbel e Frankie Campbell estavam na sala esperando o jantar ser servido.

O som de notificação de uma nova mensagem chegou no celular da esposa.

Ultimamente, todas as vezes que recebia uma mensagem ou um telefonema de um número diferente, o coração dela acelerava.

Aquela frase que recebeu no dia do casamento de Aiden e Lina, não saía dos seus pensamentos:

[Tic Tac, Tic Tac, Tic Tac! Aiden vai te perdoar?⏰⏱⏳⌛]

Ainda receosa, Eva Campbell respirou fundo e abriu o aplicativo de mensagens.

[Assassina! 👬- 👭 -👫] — Uma única palavra seguida por emojis de crianças em pares.

A mulher começou a tremer.

Outra mensagem chegou em seguida:

[Tic Tac, Tic Tac, Tic Tac! Aiden vai ficar sabendo em breve.⏰⏱⏳⌛]

Eva apertou com tanta força o seu celular que os seus dedos delicados e brancos quase transparentes ficaram vermelhos.

Frankie percebeu que a esposa estava pálida.

— O que houve? Parece que viu um fantasma.

— Não foi nada. — Mentiu.

— Acha que sou idiota? Você recebeu duas mensagens agora e ficou assim.

A mulher tentou desconversar, pois se o esposo visse aquelas mensagens, não teria como explicar.

Assim como o seu filho, se Frankie descobrisse o que ela fez no passado, não a perdoaria.

Por mais que ele não tenha gostado da escolha de Aiden na época, aceitou por saber que era a felicidade do seu filho que estava em jogo.

Apesar dele não mencionar nada, Eva sabia, porém, ignorou. Para ela o amor de Aiden e Lina poderia ser reacendido. Os dois eram mais compatíveis financeiramente.

Frankie entendia muito bem o que era casar sem amor, apesar do tempo ajudar a criar sentimentos pela outra pessoa, não era nada fácil. Ele e Eva casaram por conveniência. Por isso, não interferiu no casamento de Aiden. Ele até gostava de Ágata. Ela era educada, se mantinha calma durante as ofensas da sua esposa e o mais importante, tornou o seu filho um CEO respeitável, sem noitadas e mulheres.

Quando soube do motivo da separação dos dois, ele chamou o filho no escritório e conversaram por muito tempo. Entendeu que Aiden amava Ágata de verdade.

Foi solidário e aconselhou o filho a procurar a esposa e pedir perdão de joelhos, se fosse necessário.

Ele também tentou localizá-la quando viu que o filho fracassou e começou a se autodestruir com noitadas, bebidas e escândalos envolvendo muitas mulheres. Porém, foi em vão.

Para evitar brigas com Eva, pois ela não suportava a nora na época, tudo que Frankie fez, foi em segredo.

Eva viu que o marido a encarava, mas fingiu não ser o alvo dele.

Minutos depois, Yasmim apareceu na sala e avisou-os que o jantar estava servido.

O casal se deslocou até a sala de jantar.

Frankie ainda estava desconfiado de Eva, mas não tocou mais no assunto.

Eva por sua vez, mal tocou na comida, apenas bebeu vinho.

Frankie jantou normalmente, como não podia tomar álcool devido à medicação que tomava, bebeu suco.

A refeição foi feita no mais puro silêncio, apenas pequenos barulhos esporádicos de talheres eram ouvidos.

Ao finalizar o jantar e a sobremesa, voltaram para a sala. Ficaram um pouco mais de tempo e subiram para a suíte para descansar.

Não demorou muito para Frankie pegar no sono. Porém, Eva estava assustada com as mensagens e dormir parecia impossível.

Enquanto isso na cozinha, todos os seis funcionários da casa acabaram de jantar e organizar a louça de ambos os jantares, patrões e empregados.

— Pessoal, boa noite. Vou dormir, estou cansada. — Yasmim disse saindo em direção a ala dos empregados.

— Todos estamos cansados. Não sei porque mas já estou com sono. — Um deles falou.

— Ultimamente, não está sendo fácil aguentar a histeria da Sra. Campbell. — A cozinheira falou.

— Toda a vez que aquela nora antipática dela liga, somos nós que temos que aguentar. Nem na lua de mel, a dondoca não dá sossego. Também, estou com sono. Trabalhar para essa mulher, está ficando cada vez mais insuportável. — O motorista desabafou.

— Parem de falar bobagens. Vamos descansar, já está tarde. — Disse a governanta bocejando.

Yasmim estava escondida num dos corredores perto da cozinha e acompanhou cada um dos seus colegas ir para o seu respectivo quarto.

Ela aguardou até dar uma hora da manhã.

Subiu descalça as escadas, foi para a suíte que ficava em frente a do casal.

Eva após lutar contra os seus próprios demônios internos adormeceu. Porém, acordou com vozes baixas no seu quarto. Elas falavam ao mesmo tempo, acendeu a luz do abajur ao seu lado e as vozes pararam.

Não havia ninguém no quarto.

— É só a minha imaginação. — Ela sussurrou.

Desligou a luz e assim que fechou os olhos novamente, as vozes voltaram, porém, dessa vez falaram uma de cada vez em pontos diferentes do quarto.

— Vovó, por que você nos matou? — Uma voz infantil falou.

Eva estava muito assustada, começou a suar frio.

— Éramos inocentes... — outra voz infantil disse.

— O papai vai descobrir, ele não vai te perdoar. — As duas vozes falaram ao mesmo tempo.

Ela tremia, custou a alcançar o interruptor. Ligou a luz novamente e as vozes cessaram.

Ela sentou-se na cama e cutucou o marido que dormia profundamente.

— Frankie, você ouviu essas vozes? Frankie, Frankie. — Sacudiu o marido.

— Eva, o que foi? Deixe-me dormir.

— Você ouviu as vozes?

— Só a sua. Que inferno! Vá dormir. Parece uma louca desse jeito. — Ele ficou mal-humorado por ter acordado daquele jeito.

— Louca? Eu? — Eva começou a duvidar de si mesma.

" Só estou impressionada com as mensagens. É isso. É só a minha imaginação. Calma! Fantasmas não existem." — Pensou e repetiu as mesmas frases diversas vezes.

Já era de madrugada quando voltou a dormir, porém, permaneceu com a luz acesa.

Quando fechou os olhos ouviu de novo:

— Vovó, por que você nos matou?

Eva levantou, verificou o banheiro, o closet, a sacada, atrás das poltronas e das cortinas, não tinha nada e nem ninguém.

— Será que estou ficando louca? — Eva passou o resto da madrugada em claro naquele dia.

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