Lembranças Parte II: O convite

Ágata respirou fundo algumas vezes, limpou as lágrimas, pegou o copo com água que estava na mesinha ao lado da cama, bebeu pequenos goles e disse:

— Ironia ou não, sou a esposa dele ou melhor dizendo, a partir de hoje, a ex-esposa. — Ágata levantou a cabeça mesmo estando com coração em frangalhos e limpou as lágrimas que ainda caiam contra a sua vontade.

— O que? Quando se casaram? — Ele perguntou extremamente surpreso.

— Há três anos.

— Desculpe-me por estar surpreso, mas não esperava por essa novidade.

— Tudo bem. O nosso casamento não foi noticiado ao público. Talvez hoje, eu tenha entendido o motivo…

Ágata lutava para limpar as lágrimas que começavam a rolar novamente.

— O Aiden me decepcionou muito. Não quero encontrá-lo tão cedo. Talvez esteja pensando que eu estou fugindo da realidade em vez de encarar o problema de frente. Bem, na verdade, eu estou fazendo isso porque sei que sou fraca o suficiente para cair na lábia dele de novo. Não quero viver num círculo viciante. Preciso manter a promessa que eu fiz a ele e a mim mesma. Tenho que esperar amenizar a dor da perda dos meus filhos para conseguir seguir em frente. — Ela terminou de falar, fechou os olhos e suspirou.

Após abri-los novamente disse:

 — Já que mágicas não existem… E agora falando sério, preciso de algum advogado para intermediar o meu divórcio com urgência. Se tiver algum nome que possa me indicar… será de grande ajuda.

— Tem certeza?  Ele sabia da gravidez?

— Absoluta certeza. Esse casamento foi o pior erro da minha vida. Quanto à gravidez, ele sabia… E mesmo assim não foi capaz de manter a sua promessa e nada me tira da cabeça que foi por causa dele que perdi os meus bebês. 

— Você descobriu que ele trai você, não é? 

— Pelo jeito só eu não sabia… isso me abalou, me destruiu. Já que entendeu tudo o que aconteceu comigo… Eu posso me abrir… Além de ter pegado ele me traindo hoje, acredito que Lisa fez essa crueldade com os meus bebês por causa dele. Será que ela matou os meus bebês por ciúmes? Não consigo encontrar outra suposta conclusão. Sinto que a minha vida acabou. — Terminou de falar em lágrimas.

William balançou a cabeça negativamente. Levantou da cadeira e parou perto da janela, olhando para fora por alguns minutos. Depois, virou-se para Ágata e falou:

— Estou indo hoje para a Inglaterra, se quiser me acompanhar, pode ficar o tempo que precisar na minha casa. Vivo na ponte aérea… Vi que o seu passaporte está na sua bolsa, então, será bem-vinda. Prometo que vou descobrir a verdade sobre Lisa para você.

— William, por que quer me ajudar? Somos dois desconhecidos.

— Não sei ao certo. Acho que me solidarizei com a sua história.

 — E se eu for uma bandida, alguém mau caráter…

— Você não é.  Como posso lhe dizer… Talvez eu odeie o seu marido muito mais que você. Porém, sei que ele não se casaria com uma mulher de má índole.

Ágata suspirou e olhou bem para William.

— Pelo jeito, não me contará o motivo, mas a minha intuição diz que esse ódio que você sente por Aiden tem a ver com mulher.

Ele riu alto.

— A cada segundo gosto ainda mais de conversar com você. Aquele idiota parece ter perdido uma grande mulher. Vai para a Inglaterra comigo? 

— Não sei. Não quero voltar naquela casa e fazer as malas. Até porque tudo que tenho lá, foram presentes do Aiden. Não quero nada dele, nenhum centavo. E falando em centavos deve ter visto na bolsa que não tenho dinheiro. Então, é melhor eu ficar por aqui. — Ágata falou com desprezo e balançou a cabeça negativamente.

William olhou para ela por um tempo e disse:

— Não precisa se preocupar com dinheiro. Quanto às malas, providencio tudo que é necessário para você. Venha comigo, se não se adaptar posso te trazer de volta quando quiser.

Vendo que a sua maior oportunidade de viver em paz por um tempo até se sentir forte de novo, estava à sua frente, ainda receosa por aceitar uma proposta de um desconhecido, começou a pensar na sua situação atual.

A sua vida já havia chegado ao fundo do poço. Não podia contar com os seus pais, eles não aceitariam a sua separação. Os seus amigos eram universitários, ela estava sem dinheiro, sem um trabalho… 

Entre ir para um abrigo e ir embora com um estranho, Ágata resolveu arriscar e aceitar. 

Algo lhe dizia que William era confiável.

— William, aceitarei com uma condição. Assim que eu arranjar um emprego, lhe pagarei cada centavo gasto comigo.

— Não lhe cobraria por isso, mas se você se sente melhor assim…

— Ótimo, como faremos e quando partiremos? 

— Vou ver se pode ter alta hospitalar. Se sim, preciso de mais algumas horas para tomar algumas medidas para realizar a minha mágica e te fazer desaparecer. — Ele sorriu e saiu do quarto da enfermaria.

— Não quero que ele me encontre aqui.

— Não vai.

O Médico aconselhou que Ágata ficasse pelo menos 24 horas em observação devido a medicação tomada, porém com os arranjos de William, foi liberada no final da tarde.

Ainda relembrando do passado... Ágata era grata a William e à família Morris.

A saída do hospital pelo heliporto, o embarque no jato particular com direito a uma enfermeira do hospital ao lado dela, roupas, moradia, alimentação, tudo foi por conta de William. 

Ele foi um amigo que Ágata nunca teve. 

A pessoa mais atenciosa, educada e companheira que passou pela sua vida. Além de tudo, William era muito respeitador, um cavalheiro.

O que mais a surpreendeu foi quando chegaram no apartamento dele, uma enorme cobertura.

Já havia uma suíte toda preparada para ela, com o closet repleto de roupas e acessórios. 

Antes de partir, ele havia solicitado à sua irmã que era uma estilista famosa para montar um closet completo. 

A pedido dele, Ágata digitou numa página de e-mail em branco, os seus tamanhos de roupas, estilos preferidos e numeração dos calçados enquanto aguardavam a liberação do jato particular no aeroporto.

No caminho, tendo muito cuidado com as palavras, Willian aconselhou Ágata a ficar em casa por um tempo, se recuperar fisicamente e depois aproveitar para conhecer a cidade, ou seja, se adaptar primeiro e depois pensar em trabalhar.

Dois dias depois que chegaram, ele marcou uma consulta médica para Ágata e fez questão de acompanhá-la. Pois, foi aconselhado pelo médico de Nova York que voltasse ao hospital quarenta e oito horas depois, caso não tivesse nenhum incômodo ou sentisse cólicas.

Ela foi examinada e a sua recuperação estava dentro do esperado.

Após quinze dias, William levou-a para conhecer a sua família.

Os pais dele adoram a linda mulher levada pelo filho e passaram a admirá-la, a cuidar dela como uma filha, principalmente após saberem de toda a sua história de vida.

Ágata não escondeu nada deles, era o mínimo que deveria fazer para retribuir tanta atenção.

A família Morris adorava Ágata e devido a tanto carinho recebido não entrou em depressão. Eles não a deixaram sozinha, ouviram os seus lamentos, deram conselhos...

Nunca a criticaram ou recriminaram por ter aceitado a ajuda de William ou por ter se envolvido com um homem como Aiden.

Diferente dos seus pais que quando souberam da sua separação, exigiram que voltasse para Nova York. Ágata nunca contou onde estava, parou de ligar, pois, alegaram que  deveria aceitar calada as traições do marido, o importante era receber dinheiro dele. 

A irmã de William, Celine, também se tornou uma grande amiga e foi por ela que descobriu o motivo do ódio entre o irmão e Aiden.

Fotos aleatórias retiradas da internet apenas para fins ilustrativos.

Sra. e Sr. Morris

Celine Morris

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***