Lembranças Parte I: O Estranho

Ágata não era mais a mesma pessoa de três anos atrás. Tornou-se mais forte e mais decidida. 

Um ano após sair de Nova York, ela iniciou na carreira de atriz, o seu nome artístico era Agui Jones, sobrenome em homenagem a sua avó já falecida.

Ela estava no set de filmagens quando recebeu a notícia do seu divórcio.

Mesmo estando longe, acompanhava todas as notícias sobre Aiden Campbell na internet. As quais não foram surpresa para ela, pois  entendeu a partir daquela fatídica manhã que o playboy nunca havia sumido, apenas ficou escondido atrás da fachada do CEO respeitável.

Nos primeiros doze meses em Londres, Ágata passou a se odiar por ter caído na sua lábia, por ter sido tão ingênua e ter sido pega na armadilha de Aiden. Depois passou a dedicar a sua nova profissão e o tempo foi cicatrizando as suas feridas.

Levou três anos para se divorciar. Ela poderia ter pedido um divórcio litigioso, mas para isso teria que voltar ao país.

Resolveu aguardar, pois, quando chegou a Londres descobriu algo mais sobre o passado de Aiden, sendo assim, tinha certeza que ele não iria manter aquele casamento por muito tempo…

▪︎▪︎▪︎Lembranças de três atrás▪︎▪︎▪︎

Há três anos quando saiu daquela empresa e desmaiou na rua, foi socorrida por William Morris. 

Quando acordou no hospital três horas após dar entrada na sala emergência, viu o homem lindo sentado numa cadeira à sua frente, ficou super sem graça e disse:

— Oi! 

— Oi, Ágata! Fui eu quem lhe trouxe para o hospital. Sou William Morris. Desculpe-me, mas tive que mexer na sua bolsa à procura de um documento seu. — Ele disse e sorriu sem graça.

— Tudo bem. Obrigada por me ajudar.

— Não precisa agradecer. O seu celular está sem bateria. Se quiser usar o meu para chamar alguém.

— É melhor deixá-lo desligado. Como estão os meus bebês? 

— Vou chamar o médico.

Ágata percebeu que o semblante de William era de uma pessoa preocupada.

Entrou em desespero e as lágrimas desceram pelo seu rosto.

O médico veio e se apresentou.

— Sra. Campbell preciso de algumas informações antes. Tomou algum medicamento recentemente? 

— Não. Nem mesmo para enjoos, pois já não os tenho mais.

— Estranho. O que comeu e bebeu nas últimas 24 horas?

Ágata listou tudo que consumiu no dia anterior e concluiu:

— No início da manhã, tomei suco e comi um sanduíche de queijo no avião.

Willian olhou para o médico e depois para mim.

— Ágata, foi você quem pediu o lanche? Viu atentamente quando os alimentos foram servidos para você? — Ele perguntou.

— A resposta é não para as duas perguntas. Eu fui ao banheiro e Lisa, a minha segurança particular que me acompanhava, fez o pedido. Por que tantas perguntas? 

O Médico então contou sobre o aborto provocado e a curetagem realizada.

Ágata havia ingerido uma substância altamente abortiva.

O seu choro foi aumentando cada vez mais.

— É muito provável que o medicamento encontrado no seu sangue foi ministrado pela manhã… — O médico disse.

— Por que… Lisa… faria isso? Não faz… sentido… Não. Não… pode ser… — Disse entre soluços.

Ainda trêmula, chorando muito, pegou o celular e ligou para Lisa. 

A voz automática da operadora telefônica dizia que estava fora de área de serviço.

— Por quê? — Ágata não entendia o motivo de Lisa fazer tamanha maldade.

O seu coração estava destruído.

Ágata abraçou a própria barriga com os braços cruzados sobre ela. A dor na alma por perder os bebês era maior que a dor física.

Mesmo o seu choro ecoando pelo quarto, havia um nó enorme na sua garganta.

Ela não podia acreditar no que lhe tinha acontecido.

William não sabia o que dizer. Ele se aproximou segurou na sua mão e ficou em pé ao lado da cama. 

O Médico deu à ela um calmante.

Ela encostou a cabeça perto da cintura dele. William colocou o braço no seu ombro oposto e disse:

— Ágata, sei que está sofrendo muito. Lembre-se que é uma suposição, não sabemos se foi essa pessoa.

Após alguns minutos ele perguntou:

— O que eu posso fazer por você? Quer que eu chame alguém?

— Eu não tenho mais ninguém. — Ela disse aos prantos.

Eles ficaram um bom tempo naquela posição. 

Ágata chorou sem parar. 

Quando conseguiu se acalmar um pouco, envergonhada por ter se apoiado naquele estranho, falou com voz rouca de tanto chorar:

— Desculpe-me. Já tomei muito o seu tempo por hoje. Não sei como lhe agradecer por estar ao meu lado neste momento. Obrigada, mais uma vez. 

— Sem problemas e não tem porquê se desculpar. Só quero ter certeza que está bem. Antes que eu vá, tem certeza que pode ficar sozinha? Precisa de mais alguma ajuda?

Ela conseguiu dar um leve sorriso tímido entre as lágrimas que ainda rolavam. 

— A única coisa que precisaria agora, acredito que você não poderia me ajudar. — Ela disse, limpando as lágrimas.

— Sei que para o que te aconteceu, eu não teria como reverter ou sanar a sua dor, mas se for algo diferente disso… Quem sabe eu possa fazer um milagre? — William disse com um lindo sorriso no rosto. 

Ágata suspirou.

— Poderia realizar uma mágica e me fazer desaparecer sem deixar pistas?  A minha vontade agora é sumir, ir para um lugar onde não serei encontrada por aquele cafajeste do meu marido. Eu o odeio pelo que fez comigo. E principalmente por ter colocado Lisa ao meu lado e me fazer perder meus bebês. Será que eles… — As lágrimas voltaram e não concluiu a frase com as palavras  "são amantes".

William olhou para ela que voltou a chorar descontroladamente e perguntou:

— Ágata, quem sabe eu possa realizar o seu desejo? Mas antes, estou curioso sobre algo… O seu sobrenome é Campbell por acaso tem parentesco com Aiden Campbell? 

O homem esperava por uma resposta...

Ágata por segundos, pensou em mentir. Não queria mais tocar no nome do seu futuro ex-marido, mas William foi tão bom e atencioso, como poderia negar a ele a verdade?

Foto aleatória retirada da ‘internet’ para fim meramente ilustrativo.

William Morris

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***