O despertar do coração

Petter parou por instantes, apenas para observar as feições que o cercavam, após o manto verde apontar suas armas e o dar voz de prisão, o moreno caiu em si, e percebeu que era realmente um criminoso, e isso o fizera se render quase em um estado automático.

Enquanto ele era escoltado até a carroça dos guardiões, o mesmo pode dar uma boa olhada naquele fofo e pequeno guardião, um pouco diferente dos outros, extremamente bonito, com lindos cabelos amendoados e estranhas argolas de ferro presas as suas orelhas, parecia perdido, como se tivesse acabado de chegar, ele pensou que podia ser o caso, já que os guardiões viviam roubando pessoas de suas realidades, mas não era coisa para se pensar naquela hora.

Já na carroça, ele tentava imaginar tudo o que aconteceria consigo a partir de agora, não queria e não estava disposto a ir preso, então novamente usou seus poderes recém-descobertos para tentar abrir as algemas, e em um impulso, direcionou uma carga até a parte de trás, fazendo a carroça parar, e como em um piscar de olhos, um acidente havia acontecido, no meio da avenida, as outras carroças bateram umas nas outras, interditando todo o caminho; viu sua oportunidade de fuga chegar, quando direcionou mais uma pequena carga até o guardião que estava de cocheiro, o fazendo desmaiar, em seguida, chutou a porta com força e seguiu em direção a uma rua estreita, que dava em um terreno abandonado; aquele novo guardião não parava de o seguir, ele precisava dar um jeito de despistar o menor que o perseguia, ou encontrar uma forma de se esconder, qualquer coisa para tirá-lo de seu pé por um tempo.

Mais para frente ele encontrara uma fábrica abandonada, perfeita para armar uma emboscada; ele começou a correr mais rápido e se escondeu atrás de uma porta, até que o mesmo passasse por ela. E em um ataque repentino, o agarrou por trás, tapando sua boca; no susto, ele derrubou ao chão sua estranha arma, facilitando ainda mais as coisas.

— Não diga nada! Fica de boca fechada, para seu próprio bem — Disse tentando intimidá-lo.

Petter não tinha intenção alguma de ferir aquele lindo ser, que apenas consentiu suas ações, ele o fez abaixar e entregar sua arma, dando uma leve eletrocutada em seu corpo, apenas para fazê-lo se arrepiar e obedecer, seu pequeno gemido sofrego e quase inaudível, por causa da mão que tapava sua boca, fora como um estimulante, e fizera o maior, mesmo que por um misero segundo, esquecer dos problemas.

Logo em seguida o encostou na parede com certa força, com seu braço esquerdo de um lado e o direito ainda em sua boca, seus rostos estavam tão perto; os olhares se encontraram pela primeira vez, Petter sentiu seu coração palpitar mais forte e sua respiração ficar ainda mais pesada que o normal, aquela aproximação havia se tornando perigosa demais, e ele precisava fazer algo, antes que seus instintos o traíssem, afinal, o garoto estava atrás dele, e não de um jeito bom, fora então que Petter fizera a única coisa que veio a sua cabeça.

Ao ver tudo aquilo acontecer bem diante dos seus olhos, fora a coisa mais legal e assustadora que eu ele já presenciara; como poderia existir um ser humano com poderes? O menor passou a entender que até mesmo para os padrões de Nightmare, era uma coisa incomum — era muito coisa de filme — mas lá estava ele, correndo bem a sua frente. Jimmy o seguiu entre as ruas e vielas, até chegar em uma fábrica, foi só piscar o olho e ele sumiu, segundos depois, estava ele na parede, quando foi que se deixou render? Por que se sentia daquele jeito? Quase em um estado inconsciente perto do garoto?

Eram muitas perguntas, que não podiam rondar agora, seus olhos acinzentados estavam fixos nas orbes acastanhadas do menor; e o que Jimmy via, não parecia ser o olhar de um assassino, mas sim de alguém que precisava desesperadamente de ajuda.

Aquele momento só serviu para levantar mais questionamentos, pois por um breve momento, o menor quis muito beijá-lo, em simultâneo, se condenando por ter tal pensamento; mas antes que pudesse ter alguma reação, ele fugiu, o derrubou no chão e saiu, mas Jimmy podia ter ido atrás dele, ele deveria ter ido, mas não foi, perdendo o suspeito, era sua culpa; como poderia se justificar? Ele não tinha cabeça para isso, a única coisa que conseguia pensar, eram naqueles olhos acinzentados, como uma manhã fria de inverno, e se ele também sentiu o mesmo, ou se todos esses pensamentos, não passavam de fantasias sórdidas de uma mente perturbada?

Ficou ali por alguns minutos, até os outros guardiões o encontrarem;  apenas contou tudo o que havia acontecido, e antes que pudessem encher seus ouvidos com críticas e reclamações, ele sai em direção a Derek e o abraçou, sem rodeios, não se importando com o fato de ter acabado de o conhecer.

— Meu Deus! Jimmy, o que aconteceu? Eu já estava ficando preocupado com você — Derek  falou o envolvendo em um abraço acolhedor.

— Eu perdi ele senhor, me desculpe! — Disse em referência.

— Tudo bem, não se preocupe com isso, não foi culpa sua, eu vou te levar para sua nova casa, para descansar um pouco, sim? Eu vou colocar mais guardiões atrás dele, por hora, apenas descanse.

— Obrigado senhor! — Apenas agradeceu e o seguiu rumo a minha nova casa.

Já em seu novo quarto, seguiu direto para banheiro, precisava de um banho quente demorado para esquecer de tudo, e para sua surpresa não existia, era preciso aquecer a água previamente. Alguns minutos depois, esperando a água esquentar em um fugãozinho a lenha feito de lata, despejou a mesma em uma grande tina e tomou seu banho.

Após terminar, ele ficou sentado na cama, ainda com seu uniforme de policial, cuja a mesma se tornara minha única roupa agora; não conseguia evitar pensar, e quanto mais tentava entender, mais confuso parecia ficar, ele estava em uma guerra interna, parte de si, queria pegar logo o suspeito e acaba com tudo isso, mas a outra parte, só queria vê-lo de novo, entendê-lo, conhecer seus medos, seus anseios; parecia impossível ele ter gostado de alguém, assim tão rápido, o universo não pode ser tão cruel contigo.

Agora estar em outro mundo, parecia ser o menor dos seus problemas, se acostumar com uma época diferente da sua, em uma cidade pertencente a outra realidade, já não era nada.

Então ele adormeceu horas depois, chorando, mais uma típica noite da sua vida.

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