...Certa vez, alguém me disse, que é melhor ter amado, e ver seu amor despedaçar frente aos teus olhos, do que nunca ter sentido tal felicidade dolorosa, mas se eu pudesse escolher, preferiria nunca tê-lo conhecido. Mas comecemos do início...
Woodwell, Nigthmare 1870
Os raios de Sol refletiam pela janela aberta, e iluminavam a penumbra gélida daquele quarto quase vazio, trazendo consigo uma manhã de primavera, mas ainda eram sentidos os ventos álgidos do inverno. Woodwell estava vazia, as pessoas começavam a se preparar, escolas abriam, tabernas e as incontáveis guildas de assassinos do grão Mestre.
O garoto se levantou, cambaleando com dificuldades, adentrou o pequeno comodo a esquerda dele, esfregou seu rosto e preparou seu banho, a água da tina estava em uma temperatura agradável, o que fizera ele não querer mais sair dali; mas ele saiu, vestindo em seguida seu uniforme de aprendiz de ferreiro em Woodwell, apesar de não ser um ramo visto com bons olhos naquela pitoresca cidade, era de estrema necessidade. A cidade de Nightmare não era igual às outras, os daqui eram proibidos de estar lá, e para sair da província, era preciso portar uma permissão especial dos anciãos, mas os de lá, não entram aqui, a cidade não pode ser encontrada, apenas por aqueles que já a conhecem - ou pelos escolhidos - pessoas comuns nem se quer sonham com nossa existência.
Agora falando dos escolhidos, são aqueles cuja cidade chama, aqueles que tem um propósito a ser cumprido aqui, seja para o bem ou para o mal.
Ele se manteve em frente a superfície que mal refletia alguma coisa, observando sua própria feição; Petter era um rapaz alto e atlético, com cabelos castanhos, longos na altura dos ombros, e olhos estranhamente acinzentados, qualquer um que o olhasse, diria que o jovem Nightano era um gato. O tempo se esvaiu, e o jovem saio para enxugar seus cabelos, com um pedaço de pano a parte, e descera em seguida para tomar seu café da manhã; pensando por um estante, em toda sua rotina, e concluiu, que se ainda morasse com seus pais, tudo seria bem mais fácil, mas ele se vira...
Passando-se os minutos, ele já havia terminado seu café e subiu para terminar de se arrumar; logo correu pelas escadas em direção a porta, e entrou em seu barco, que era a única maneira de se locomover, caso estivesse indo a outro setor da cidade, e logo o jovem seguiu para iniciar o dia que mudaria sua vida para sempre
Assim que chegou, foi direto para os fundos da ferraria do senhor Edwin Rein - ele era seu mestre e seu pai - um senhor de poucos amigos, bravo e austero, alto, forte e de cabelo parcialmente grisalho. Passou seus olhos por todo o ambiente, em busca de seu melhor amigo Bean, que se não fosse hétero, já seria o senhor Rein. Ele não tinha nem chegado na porta e já pode ouvir os gritos chamando por ele, Bean também era alto, mas um pouco menor que ele, seus cabelos cortados castanho e olhos da mesma cor o deixam com um ar meigo.
— Petter! — Grita Bean no meio do corredor.
— Meu Deus! Bean! Que vergonha! — Falou o ignorando e adentrando os fundos do lugar.
— Credo! Que mau-humor logo cedo. Você precisa de sexo para melhorar sua vida! — O menor diz com a mesma mente pervertida de sempre.
— Nem todo mundo é pervertido igual você. — Petter logo cortara o assunto.
Não se sentia muito confortável falando dessas coisas, mas logo o professor adentra a sala, e fala por diversos minutos e logo chega a terrível hora da prova prática, onde seria decidido quem passaria, e Bean como sempre não havia prestado atenção em nada, e estava desesperado lhe perguntando o que fazer.
— Não, eu falei para você para de sair com essas putas e estudar.
— Não seja tão mal com seu amigo lindo aqui — Ele faz bico tentando parecer fofo
E para Petter fora impossível resistir, mesmo que se odiasse internamente por isso; o moreno já nutria essa paixão secreta pelo seu melhor amigo a anos, e sim, ele passou tudo o que sabia a ele.
Tudo estava em um silêncio perturbador, seu pai com cara fechada logo ditou como seria a prova
— Vocês irão fazer uma Bracamarte de lâmina curva, com aço de damasco. Vocês tem três horas.
Em seguida, saiu para atender seus clientes, quando de repente, Petter tem sua atenção roubada por um cara de cabelos pretos separados ao meio levemente caídos em sua face e olhos pretos penetrantes, pedindo seu martelo emprestado.
— Ei! Petter! Me empresta seu martelo ai, por favor? — Pediu Chan, o valentão da turma.
Petter não falou nada, apenas entregou o mesmo a ele, e voltou a se concentrar na prova.
Quando terminou a aula e todos já haviam finalizado a prova, o garoto procurou por todos os lados seu martelo, para depois se lembrar que havia emprestado o mesmo, indo até Chan para perguntar sobre o objeto, mas sua resposta o surpreendeu.
— Que martelo? Esse é meu.
Chan fazia o tipo folgado, mas apesar de ser bonito, essa marra toda o deixava completamente insuportável.
— Não finge demência, você pegou meu martelo durante a prova — Indagou já alterando sua voz, sem perceber o que estava prestes acontecer.
Petter nunca fora de brigar, mas hoje, ele estava especialmente cansado, e não estava disposto a aturar as birras do garoto a sua frente.
— Qual é Petter? Vai querer brigar por um martelo? Se você quer tanto ele, então toma — Chan arremessa com força o mesmo em direção a Petter.
O martelo havia batido em seu peito, logo caindo ao chão, e a essa altura, todos já estavam fixos neles; suas atitudes desencadearam uma reação irracional para qualquer ser humano normal, e em questão de segundos, estava ele, partindo para cima do garoto, dando um soco em seu rosto, o fazendo cair ao chão, e sem tempo de reação, Petter abaixou, agarrando a blusa do garoto com uma de suas mãos, e começou a socar e socar aquele rosto, repetidas vezes; só se ouvia gritos dos arredores incentivando a briga sem parar, até que o senhor Edwin, aparecera correndo na direção da briga, com semblante raivoso, na intenção de separar os garotos atracados ao chão.
— PETTER, PARA! JÁ CHEGA! JÁ CHEGA! — Grita sem ser ouvido.
Ele agarrou aquele corpo por trás, na tentativa de o tirar de cima do rapaz, que já estava gravemente ferido, mas foi inútil, pois Petter, em um acesso de raiva, virou e desferiu um chute na barriga do mais velho.
As coisas começaram a mudar depois daí, ele sentiu seu corpo queimar e ser eletrificado conforme batia naquele ser; quando de repente, algo surge, como uma luz fraca de inicio, mas que fora se intensificando, raios começaram a sair de suas mãos ensanguentadas, e então, foi quando aconteceu - o último soco - aquele que mudaria o rumo de sua vida para sempre, e se ele soubesse, jamais teria brigado por um martelo. Fora então que direcionado com toda sua raiva que parecia só aumentar, juntou-se os raios em suas mão, e explodiram aquela maldita cabeça...
E do nada tudo virou escuridão, ele era um assassino agora, milhões de pensamentos inundaram sua cabeça, o que acabara de acontecer? Ele não entendia, estava tudo tão confuso...
Assim que levantou, sentiu uma calma inexplicável, mesmo todo sujo com o sangue do Chen, ele sorriu, isso mesmo, ele sorriu
— Eu matei... matei ele, eu sou eu assassino! — Murmurou paralisado, quase em um estado catatônico.
Não conseguia tirar seus olhos do corpo morto do Chen, seu crânio despedaçado e o chão da ferraria totalmente manchado de sangue e a massa encefálica, era uma visão perturbadora, que ficara gravada em sua mente para sempre. E apesar de praticamente venerarem os assassinos ali, graças ao grão Mestre, também existem leis. Assassinatos em instituições de ensino eram terminantemente proibidos pelos anciãos.
Perdido em seus pensamentos, ele teve seu momento de contemplação interrompido, pelos gritos de medo e desespero, estavam por todos os lados, olhou a sua volta, não havia mais ninguém ali, caminhou em direção a entrada da ferraria, onde havia pessoas por todos os lados, correndo em direção a saída, chorando e se perguntando o que havia acontecido.
Ele estava caminhando com o olhar fixo em suas próprias mãos, se questionando, de onde viera esse tal poder e desde quando tinha ele? Eram tantas perguntas, mas nenhuma delas tivera o tempo de ser si quer pensadas, pois no final do corredor, uma voz forte veio em sua direção lhe roubando a atenção.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 18
Comments