Góticos: O Testemunho Da Loucura

Góticos: O Testemunho Da Loucura

Capítulo 1

Algumas escolhas que fazemos podem nos levar a um caminho permeado por dificuldades que nos tolhem a visão impedindo-nos de divisar as nuanças coloridas que enganam a criação. Que dizer então da possibilidade de se permitir alcançar o sucesso?

Vez ou outra ocorre de sermos brindados com um encontro casual, nem sempre passível de explicação lógica, mas que nos envolve de modo tão intenso que se impossibilita ignorá-lo.

Talvez uma fantasia pueril ou mesmo uma viagem psicodélica, definiriam os céticos. E ainda assim a certeza de estar vivendo a maior aventura de nossas vidas nos faz ver a realidade onde todos os outros enxergam apenas sonhos.

Reunir esta tendência inata ao devaneio e a busca frenética por um mundo menos insensível gera, na maioria das vezes, uma sensação de completa insatisfação. Não encontrar eco, às aspirações que nos são tão caras, pode tornar-nos amargos e descrentes.

Se juntarmos a estas contrariedades tão comuns traumas pessoais experimentados ainda quando em formação, o resultado será ainda mais problemático. Uma bomba ambulante preste a explodir espalhando seus efeitos devastadores por um maior ou menor número de indivíduos.

Onde encontrar a tábua salvadora que possa servir de apoio para que não se cometa desatinos irreparáveis? Filosofias nos parecem palavras vãs desprovidas de sentido; conselhos soam como sons disformes e distantes, nada faz sentido. O eu anula o grupo e nada mais importa.

Ainda assim a vida nos sorri.

Podemos negar qualquer fator que não nos revele nossas próprias amarguras, mas ainda assim eles se perpetuam ante nosso torpor. Negar o nascer do sol ou o cair da noite, olvidar a sonoridade nascente do sorriso espontâneo ou desdenhar o olhar terno que nos lança a vida é um modo destrutivo de enfrentar as vicissitudes que nos golpeiam.

Não que intente vestir-me de erudição e posar de doutrinador, mas será mesmo que nos encontramos totalmente isolados de qualquer emoção mais venturosa? Devemos nos entregar a toda sorte de aflições e flagelar nossa existência com sucessivos acessos de desespero?

Uma pessoa. Não importa quem seja ou onde se encontre. Uma única pessoa pode ser o diferencial entre o abismo e as estrelas. Onde encontrá-la? Como reconhecê-la? Podemos confiar em suas manifestações?

Seria fácil poder encontrar alguém em quem pudéssemos depositar tanta confiança a ponto de nortear nossa existência seguindo as orientações que ela nos desse. Mas estaríamos, desta forma, realmente vivendo?

Talvez jamais nos encontremos com um ser etéreo e evoluído como Darkness, mas se o achamos tão sublime, por que não tentar imitá-lo? Tornar nossas as potencialidades que ele demonstra possuir? Difícil? Sim, sempre é difícil vencer nossas limitações. Só não devemos esquecer que estas limitações nos são impostas por nossas convicções revestidas de comodismo doentio. Só colhemos aquilo que plantamos.

Antes de sairmos procurando por Darkness no âmago de fulano ou sicrano, por que não torná-lo vivo em nós? Abraçar conceitos doutrinários oriundos de uma mente alheia é o maior sinal de que não estamos indo para lugar algum. Conhecer este ou aquele sistema filosófico religioso pode e deve servir como parâmetro para nossas reflexões. Mas apenas isto. Parâmetros não devem ser tomados em conta de leis indiscutíveis ou inquestionáveis.

A opção pelo modo como experimentaremos nossa existência não deve se prender a conceitos que não nos sejam inerentes, ou corremos o risco de deixarmos este mundo plenos de insatisfação. Neste sentido, somos tão normais quanto qualquer outro viajante desta imensa nave material.

As angústias são concretas assim como o são todos os fatores que nos cercam. Se cada um procurasse tornar-se uma estação de recepção, filtração, transformação e retransmissão das energias que grassam por toda criação, o mundo em que vivemos tornar-se-ia, ao menos, diferente. Talvez menos insensível e injusto.

Antes que nuvens turbulentas fendam os olhos que anseiam por um panorama menos insensível, apresento o relato de uma vivência incomum, tenha acontecido ou não, mostra que quando a hora é chegada nada pode nos deter e, talvez mais capital que tudo, quando respeitamos nossa própria maturidade nunca incorremos em deslizes. Todas nossas experiências se tornam lições imprescindíveis a nosso crescimento.

Darkness pode ser um conceito ainda distante para muitos, mas Fobos, Lilith, Deimos, Pandora, Mefisto, Set, Eve e Hades podem ser encontrados em muitas ruas das muitas cidades deste nosso mundo.

Pessoas que conhecem as mazelas do mundo tendem a incorporar apenas as dores e lamentações, mas quando não se acomodam ou se acovardam o efeito é outro. Rebelam-se diante do revés e alimentam-se de energias supremas lutando aguerridamente até superar sua condição infeliz.

Convido aqueles que tiveram suas vidas corroídas por acontecimentos embalados por infortúnios ou que tenham experimentado situações que aflitivas que silenciem suas decepções e procurem ouvir a força que ainda habita, latente, seus âmagos. Utilizem-na para reverter as expectativas que criaram. Rebelem-se contra a insensibilidade do mundo e mostrem o quanto são sensíveis. Não agrilhoem seus sonhos e suas liberdades apenas por receio de serem vistos como estranhos. Somos únicos e apenas a nós nos cabe a responsabilidade pela condução que damos a nossas vidas.

Libertem-se da mesmice e vivam!

Ass: Hades!

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