capítulo 4

Como eu imaginava fui demitida Lidiane falou coisas horríveis de mim que eu não fazia meu serviço direito e que sempre dava em cima dos advogados.

saio do escritório que trabalhei durante seis meses e me seguro pra não chorar.

- você ainda tá aqui vagabunda?

diz Lidiane do meu lado na calçada.

- por que a senhora inventou mentiras sobre mim? eu preciso muito desse emprego eu tenho que ajudar minha família a pagar as contas.

digo revoltada Lidiane olha pra mim e abre um sorriso maldoso.

- você pode enganar todo mundo com essa carinha de santa mas não a mim! eu conheço muito bem as mulheres do seu tipo. você veio trabalhar aqui pra arrumar um trouxa pra te bancar.

a olho indignada.

- a senhora não me conhece, eu já disse que não tava dando em cima do senhor Vicente eu fiquei presa com ele não tenho culpa disso.

- você já se olhou no espelho Helena? acha mesmo que uma mulher pobre e com essa aparência vai conseguir conquistar um homem rico e importante como Vicente de Almeida Prado. se enxerga menina.

meus olhos se enchem de lágrimas.

diz olhando pra mim com desdém e deboche.

- eu preciso ir tenho mas oque fazer do que ficar discutindo com uma pobre coitada.

diz e entra.

engulo o choro e vou pro ponto de ônibus.

já no ônibus fico em pé já que o ônibus tá lotado.

penso em Vicente da sua mão grande e forte no meu rosto e dos seus olhos azuis encantadores.

que homem! pensar que eu nunca mais vou vê-lo me dá um aperto no coração.

desço do ônibus e espero o próximo.

penso nas palavras maldosas de Lidiane. eu não entendo essas pessoas que se sentem bem em humilhar os outros.

eu sei que ela é rica bem sucedida e branca mas só por isso ela é melhor que eu? posso não ter feito faculdade mas eu ralo muito pra ter meu dinheiro.

chego em casa e vou direto pro banheiro e tomo um longo banho. demorando alguns minutos minha sobrinha chega da escola.

conto pra ela oque aconteceu e ela me consola esquento o almoço e comemos enquanto ela fala de seu primeiro dia de aula.

de tarde minha irmã chega.

- não acredito que te demitiram só por que usou o elevador social que gente idiota.

- não foi só por isso a Lidiane contou algumas mentiras sobre mim.

- aquela advogada que não perdia a chance de te humilhar?

- sim.

- minha vontade é de ir lá nesse escritório a cobrir de porrada.

diz furiosa.

- nem pense nisso Carla, Lidiane é rica e advogada você sabe que a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco.

digo e ela suspira frustrada.

- o mundo é tão injusto.

- não sei oque vou fazer agora Carla esse dinheiro que ganhava ajudava muito aqui em casa.

ela pega nas minhas mãos.

- não fique assim maninha tenho certeza que você vai arrumar outro logo logo.

- espero que sim. sabe não foi tão ruim ficar presa no elevador o senhor Vicente é muito gostoso e a forma doce que ele falou comigo... ele não é como esses homens ricos que nem olham na nossa cara. Vicente é um homem muito especial.

suspiro encantada ao lembrar do meu Vicente.

Carla me olha preocupada.

- cuidado maninha você sabe que homens como esse tal Vicente não faz parte do nosso mundo! no fundo todos eles são iguais. lembra oque a mamãe dizia rico só se casa com Rico.

- eu sei Carla mas eu queria tanto que alguém como ele olhasse pra mim.

- você vai conhecer alguém legal e que seja do nosso mundo.

diz e vai trocar de roupa.

minha irmã se preocupa comigo eu sei que ela não diz isso pra me magoar.

Vicente será que eu nunca mais vou te ver?

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