Capítulo 15 - Ombro Amigo

Allison

Conseguir ir para o trabalho sem que Yngrid jamais soubesse que eu tinha precisado passar a noite anterior na casa dela.

Não é que eu pensasse que ela iria se importar, mas não estava pronta para responder ás suas perguntas ou ouvir suas opiniões.

Depois de me trocar e colocar um uniforme limpo da sala de abastecimento, fiz o meu caminho para a cozinha. pouco antes de chegar á porta, Fernando saiu e nivelou seu olhar em mim.

-Eu estava procurando por você.

Ele disse, e acenou com a cabeça em direção ao corredor que levava ao seu escritório.

-Nós precisamos conversar.

Ele provavelmente sabia sobre Giovanna. Eu tinha certeza de que todos em seu circulo sabiam nesse momento.

Ele iria me perguntar sobre ela? Eu realmente esperava que ele não perguntasse. Admitir que não sabia de nada me fez soar como se eu não me importasse.

Será que Scott achou que não me importava? Era minha obrigação ligar para ele? Era ele quem estava sofrendo. Sua reação na noite passada tinha me assustado, mas se ele precisasse de mim eu tinha que superar isso.

-Você dormiu ao menos?

Fernando perguntou olhando para mim.

Assenti com a cabeça. Não tinha realmente dormido bem, mas tinha conseguido dormir um pouco.

A caminhada ajudou a me esgotar a tal ponto que não conseguia manter os olhos abertos, uma vez que me deitei.

Fernando abriu a porta e a segurou para que eu pudesse entrar.

Entrei e caminhei até ficar ao lado das cadeiras em frente á sua mesa. Ele ficou na frente de sua mesa e se sentou na borda dela, cruzando os braços o peito.

Uma carranca enrugou sua testa enquanto ele me estudou. Estava começando a me perguntar se isso era sobre outra coisa. Pensei que era sobre Giovanna, mas talvez não fosse. Eu tinha feito algo errado?

-Recebi um telefonema de Gustavo está manhã. Ele está no hospital e ele está preocupado com você. Ele disse que Scott apareceu no meio da noite e estava em um acesso de raiva. Como, pela primeira vez em sua vida, Giovanna e Arthur não estavam se falando e agora ela está nessa condição, Scott não está levando isso numa boa. Gustavo estava preocupado sobre a forma como ele te deixou e se você estava bem.

Meu coração doeu.

Odiava saber que Scott está em tamanho sofrimento e não havia nada que eu pudesse fazer.

Ele não iria me ligar e isso só me levou a acreditar que ele não queria falar comigo. Eu era a razão de seu racha com Giovanna.

Eu era a razão pela qual ele não tinha falado com ela nas últimas semanas. Eu era a razão pela qual ele estava passando por isso. Lágrimas encheram meus olhos.

Por mais que não quisesse admitir isso, era eu a razão pela qual isso era ainda mais difícil para Scott.

Se eu não tivesse causado a briga deles, então ele não estaria vivendo com a culpa que eu sabia que ele estava sentindo no momento.

Era por isso que Scott e eu nunca iriamos dar certo.

Fingir que o conto de fadas era real tinha sido incrível. Mas não tinha sido real. Nós estávamos aguardado o momento em que o fato de não me encaixar em seu mundo destruísse tudo. Ele precisava da família dele agora. Eu não era a família dele.

Eu não era nem aceita pela família dele. Como é que me encaixo nisso?

-Eu... eu não sei o que fazer.

Engasguei, odiando que Fernando iria me ver chorar. Não queria que ele me visse chorar. Não queria que ninguém visse.

-Ele te ama.

Fernando disse suavemente. Eu não tinha certeza se ele quer acreditava nessas palavras. Não agora.

Talvez Scott tivesse pensado que ele me amava, mas como ele poderia ainda me amar? Eu o tinha levado a se desligar da Giovanna e agora ele poderia perdê-la.

-Será?'

Era uma pergunta que eu precisava perguntar a mim mesma, não ao Fernando.

-Sim. Nunca o vi com ninguém do jeito que ele é com você. Nesse momento... nos próximos dias ou semanas, não importa quanto tempo isto dure, pode parecer que não. Mas ele ama. Não estou dizendo isso por causa do Scott. Ele é um idiota e não devo nada a ele. Estou dizendo isso para você por causa de você. É a verdade e sei que você precisa ouvir isso agora.

Balancei minha cabeça. Não precisava ouvir. Pensar claramente e decidir o que era melhor para mim e para meu bebe era o que eu precisava fazer.

Poderia trazer uma criança para uma família que poderia nunca aceitá-la? Se eu nunca me encaixei, então como meu filho se encaixaria?

-Eu não posso te dizer em que acreditar. Mas se você precisar de alguma coisa, estou aqui. Sei que Scott tem uma garagem cheia de carros, mas se você não quiser dirigir um deles, então posso te dar uma carona até o médico ou até uma loja. Apenas me ligue se precisar de mim.

Minha próxima consulta médica era em cinco dias. Como é que eu iria entrar na casa? E ele nunca tinha me mostrado onde as chaves dos seus carros estavam ou me dado permissão para dirigi-los.

-Estou trancada para fora de casa. Ele pensou que eu estava com a minha chave quando ele saiu.

Disse a ele.

-Onde você ficou na noite passada?

Ele perguntou descruzando as mãos do seu peito e ficando de pé. Ele parecia com raiva.  Não tive a intenção de deixá-lo com raiva.

Estava apenas levantado um problema que eu tinha, Todas as minhas roupas estavam na casa de Scott.

-Na casa da Yngrid.

-Como você chegou lá?

-Eu andei até lá.

-Mer*#&a! Allison, isso são cinco quilômetros e meio, pelo menos. Estava escuro na noite passada, quando Scott saiu. Você tem um telefone agora, use-o!

Ele estava gritando.

-Eu queria caminhar. Eu precisava caminhar. Não grita comigo.

Levantei a minha voz e olhei para ele.

Fernando deixou a tensão em seus ombros ir embora e suspirou.

-Sinto muito. Eu não deveria ter falado com você desse jeito. É que você é tão determinada a ser independente. Deixe-me ser claro. Ligue-me se você precisar de uma carona. Gosto de pensar que somos amigos. Eu ajudo os meus amigos.

Eu precisava de amigos.

-Eu gosto de pensar que somos amigos, também

Respondi.

Ele acenou com a cabeça.

-Ótimo. Mas como seu chefe eu não vou deixar você trabalhar hoje. Você estará na casa do Scott dentro de uma hora. Eu vou te levar.

Antes que eu pudesse perguntar como, ele tinha o telefone no ouvido.

📱

-Estou com ela no meu escritório. Ela está trancada para fora de casa.

Ele fez uma pausa.

-Sem brincadeira.Ela caminhou até a casa da Yngrid ontem á noite. Vou levá-la até lá, se você conseguir que a faxineira do Scott vá até lá para abrir a casa.

Ele fez uma pausa novamente.

-Sem problema. Fico contente em ajudar. Mantenha-me atualizado, estou com todos vocês em meus pensamentos.

📱

Ele desligou e olhou para mim.

-Gustavo vai mandar a faxineira abrir a casa. Vá pegar algo para comer na cozinha e então nós podemos ir. Ele disse para dar a ela cerca de vinte minutos.

Não estava com fome, mas eu assenti.

-Tudo bem.

Andei em direção á porta, em seguida, parei e me virei para olhar para ele.

-Obrigada.

Fernando piscou.

-O prazer é meu.

                                                            

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