Eram mais ou menos dez horas da manhã e Suzy estava já pronta.
— Vamos?
Eu estava sentada no sofá, lendo alguma revista sem graça, quando então olhei para ela e neguei com a cabeça
— Não to afim. — confessei em voz baixa, quase como um resmungo.
Mas ela não se deu por vencida e continuou insistindo enquanto se sentava do meu lado.
- Vai deixar eu ir sozinha? - questionou com os seus olhos repletos de chantagem.
Eu então suspirei alto e coloquei a revista de lado.
Afinal, não seria uma má ideia.
Estamos sem celular, sem internet e nem nada. Isso seria bom para conhecer os lugares ao redor e respirar um pouco.
— Ta bom. Ta bom, então vamos. — aceitei por fim.
Ela abriu um sorriso fechado e subiu para pegar um casaco, para caso o tempo esfriasse.
Eu apenas peguei as minhas sapatilhas, as calcei e esperei por ela.
.
.
A minha avó nos avisou, por onde poderíamos andar e por onde não devíamos nem cogitar passar pela frente.
Suzanne na hora, concordou com tudo dito por ela, mas eu sabia bem que ela não estava dando a mínima, então, eu tive que fazer o papel de irmã mais velha e responsável.
— Tudo bem, vó. Não se preocupe - afirmei acalmando-a.
Ela então, mais aliviada, disse:
- Cuida dela, viu Lívia. Você é minha neta mais responsável que tenho.
Eu então sorri e balancei a cabeça.
- Pode deixar.
.
.
Começamos a prosseguir o nosso trajeto andando pelos corredores do sítio repleto de grama verde, até chegamos ao lado de fora do imóvel.
Andamos até uma árvore imensa que abria caminho até um tipo de "floresta" ou matagal.
— Melhor não irmos por aqui não, hein. — hesitei enquanto Suzy estava a todo o vapor para trilhar pelo terreno coberto de mato, grama e árvores.
— Vamos Lívia, confia. — ela insistiu já pegando uma faca de serra de dentro do casaco.
— O que é isto? — questionei apontando para o utensílio.
Ela respirou fundo quase como se fosse bufar.
— Uma faca, Livia. Não se preocupe.
Eu então, mesmo receosa, segui os passos dela e fomos.
Havia pés de manga e palmeiras por todo o lado que se olhasse. O céu em si já estava radiante por si próprio, e com aquelas obras da natureza que brotavam pela terra, só fez que o cenário ficasse mais perfeito ainda.
Suzy andava tão apressada, que por um momento deve ter esquecido que eu estava lá. Não que caminhar fosse um problema para mim, mas, a minha doença me limitava a bastante coisa, entre elas, caminhar, correr ou fazer coisa que me cansasse e me causasse fadiga.
Nesse momento, eu já estava pingando suor e não conseguia nem falar direito.
- Es..espera... - murmurei para Suzy enquanto tentava alcança-la.
Suzy parou me esperando pedindo silêncio com a mão.
Estavamos basicamente meio longe da casa da minha avó, eu e ela estava no meio do pequena floresta, eu admirando toda vista, e ela parecendo procurar por algo.
De repente, ela levantou a faca e...
- Não acredito que você veio até aqui só para isso - indignei-me.
- Fiquei com vontade desde de que vi esse pé de amora, ontem. - confessou com satisfação.
Suzy corta algumas amoras avermelhadas e coloca dentro de uma pequena sacolinha.
As folhas eram simples, ovadas a cordiformes, cartáceas, de margens serrilhadas e recobertas por uma pilosidade que as tornavam ásperas ao toque.
Eu, então, ouvi um barulho vindo como se fosse de pegadas e rápidamente fiquei atenta. Eu sabia muito bem que era perigo para nós duas ficarmos sozinhas lá.
Entretanto, ao invés de falar com Suzy para irmos embora, já sabendo que ela não ia me ouvir, caminhei cautelosamente até ao som que nós cercava.
Então avistei uma lagoa, com águas claras e rodeada com o terreno repleto de gramado verde.
Mas de repente Suzy me chamou, gritando fortemente meu nome:
- Lívia! - exclamou
Fiquei preocupada e automaticamente sair correndo, crendo que ela poderia está em perigo, já que a alguns instantes atrás ouvi sons de pegadas pelas folhas caducas caídas e espalhadas pelo solo.
- Não é para sair daqui, sem noção. - ela repreendeu minha atitude com um ar de autoridade em seu rosto e em seu tom de voz.
Aproximei-me dela e, meio que estranhei sua postura.
- Ficou responsável agora,foi?
- Sempre fui. - retrucou.
Eu então gargalhei em alto e bom tom e juntas voltamos para casa
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Claudia
Quantas travessuras ♾🧿
2023-03-11
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