O tempo passava rápido.
Prince pensou que teria mais tempo, mas já tinha passado quase um ano e meio desde o nascimento da bebê, e ele não podia continuar assim. Taylor estava sempre presente, e muitas vezes ele saía com Cassi para não levantar suspeitas. Ele a levava para passear e comprava muitas coisas para ela.
Ela já tinha aprendido a andar um pouco e conseguia dizer algumas palavras, embora ainda não tivesse largado as fraldas.
E as crianças ficam doentes. As doenças estão sempre presentes, independentemente da idade ou do clima. Naquele momento, Prince estava com Cassi doente. O desespero o dominava porque Taylor estava viajando e a mãe dele não atendia o telefone. Ele ligou até perceber que ela devia ter esquecido o celular em casa quando ele a visitou naquela manhã.
Cassi não parava de chorar e a febre não baixava. Ele estava tentando fazer todo o possível para baixar a febre, lembrando-se de como sua mãe ou seu pai faziam, mas nada estava funcionando.
Ao usar o termômetro, viu que marcava 38 graus, e o medo o dominou. A clínica ficava a mais de vinte quarteirões de distância, e ele pensou que deveria levá-la. Procurou roupas para cobri-la porque sabia que a rua estava cheia de jornalistas por causa de uns rumores que tinham começado sobre seu casamento que, sem dúvida, eram falsos. Ele não pretendia se casar, mas, por ter sido visto com Reich, era o que todos estavam dizendo.
E já fazia alguns meses que ele vinha se certificando de que Reich não soubesse de nada. Ele sabia que Reich era alguém confiável pelos meses que o conhecia, mas Prince ainda não estava pronto para lhe dizer que tinha uma filha que manteve escondida por medo de Maiston.
— Cassi, vamos lá, não chore mais, por favor. Estou assustado e não tenho ninguém para quem ligar — murmurou ele.
Ele pegou seu celular para colocá-lo no bolso e simplesmente a pegou no colo porque não ia deixar que nada de ruim acontecesse com ela. Saiu do apartamento para pegar o elevador, sabendo que o carro estava esperando lá embaixo, e, ao chegar à recepção, viu a multidão esperando na entrada.
Pensou em sair pelos fundos, mas não tinha tempo. Tinha que sair por ali. Ele ajeitou o cobertor para cobrir a cabeça de Cassi enquanto ela continuava chorando e avançou o mais rápido possível.
— Quando será o casamento?!
— Onde vocês vão se casar?
— Há quanto tempo vocês estão morando juntos?
— Você estava traindo seu ex-marido com ele e foi por isso que se divorciaram?
— Era você o vilão do relacionamento?
Ele tentou ignorar as perguntas e o motorista tentou ajudá-lo a avançar rapidamente.
— É um menino?
— Você tem um filho com Reich Valencia?
— Já chega!! — gritou ele com força. — Me deixem passar!!
Ele nunca tinha reagido assim com os jornalistas, então todos ficaram um pouco surpresos e recuaram. Prince aproveitou aqueles segundos apenas para avançar e entrar no carro enquanto ouvia os sons das fotos que estavam tirando e soube que não ia conseguir mais esconder algo assim. Ele sabia que Maiston iria descobrir tudo.
Ao chegarem à clínica, Cassi foi atendida imediatamente.
Ele andou de um lado para o outro esperando por uma resposta positiva enquanto chorava. Ele nunca tinha se sentido tão assustado e sozinho. Não tinha como contar para sua mãe e também não podia preocupar Taylor, que estava literalmente do outro lado do mundo. Ele secou as lágrimas e estava indo para o banheiro chorar em paz quando viu o médico saindo.
— O senhor é o pai da Cassi Jones?
— Sim, ela está bem? — perguntou ele, trêmulo.
— Vocês tiveram sorte. Ela estava com uma febre muito alta e, se tivessem demorado mais um pouco, ela poderia ter morrido. A febre em crianças pequenas pode ser muito perigosa, mas já está tudo sob controle.
Ele assentiu, sentindo as lágrimas caírem.
— Posso vê-la?
— Por enquanto não, talvez em algumas horas. Ela ficará em observação até amanhã por precaução. Fizemos alguns exames e vimos que ela está com deficiência de ferro, sódio e algumas vitaminas. Ela se alimenta bem?
— Sim, ela sempre se alimentou bem. Sua carteira de vacinação está em dia e tudo. Eu sempre compro os melhores alimentos.
— Certo, e o pai dela?
Prince ficou em silêncio, sem saber muito bem o que responder. Ele baixou o olhar por alguns segundos e disse:
— Ele não sabe.
— Entendo. Não se preocupe, é apenas uma pergunta de rotina.
— O senhor acha que ela está doente porque nunca conviveu com ele?
O médico negou com a cabeça.
— Foi apenas um resfriado muito forte que a derrubou porque ela está com a imunidade baixa, só isso.
— É que às vezes ela chora muito à noite, e eu tenho algumas roupas dele, então, quando ela sente o cheiro, ela se acalma.
O médico o encarou por alguns segundos porque Prince parecia visivelmente assustado. Ele podia ver suas bochechas cheias de lágrimas e seu corpo tremia.
— É possível que, quando ela crescer, ela seja dominante e por isso consegue sentir os feromônios do pai. No entanto, acho que não é tanto porque ela sabe que não tem o pai por perto, mas sim pelo fato de que talvez os seus feromônios a deixem inquieta porque ela sente falta dele. Os Ômegas precisam muito de seus Alfas durante a gravidez e, se ela nunca conviveu com ele, pode ser isso. Com licença, tenho outros pacientes para atender, mas não se preocupe, Cassi já está estável.
Prince não disse nada e o viu partir.
Ele se sentou, soltando um suspiro e tentando se acalmar, sabendo que estava tudo bem. Ele engoliu em seco e secou as bochechas, indo para a lanchonete da clínica comer ou beber alguma coisa. Pediu um café, mas não bebeu nada. Ficou olhando o vapor se dissipar e se sentindo sozinho novamente.
Ele queria ser corajoso e acreditava que estava indo bem o tempo todo, porém, não se sentia mais assim. Ele estava, de certa forma, normal, mas as coisas pioraram quando ele viu Maiston e, embora tivesse agido de forma fria, vê-lo novamente tinha sido demais, e tinha sido muito pior ter que enfrentar novamente todos aqueles jornalistas que estavam sempre à espreita. Finalmente, ele bebeu o café quase gelado e foi ver se podia ver a bebê.
Ao ouvir uma resposta positiva, ele sorriu.
Ele caminhou até abrir uma porta e a viu ali dormindo. Seu coração se partiu ao vê-la tão pequena daquela maneira e ele se aproximou para se sentar ao lado dela. Ela estava dormindo e, ao tocar seu rosto, ele percebeu que a temperatura dela já estava normal. Ele ajeitou o cabelo castanho dela e sorriu ao ver seus longos cílios como os de Maiston.
Ele pensou que talvez ela não tivesse a cor de pele de Maiston, mas a maioria de suas feições eram herança dele.
— Me perdoe, Cassi. Por causa da minha ideia estúpida e covarde de te manter sempre trancada, quase aconteceu algo horrível com você. Sinto muito por não ser tão corajoso quanto prometi, mas agora só me resta enfrentar o que eu causei.
Ele fechou os olhos com força.
— Talvez, quando você conhecer seu pai, não vai querer me ter por perto por tê-la mantido longe dele por tanto tempo, e talvez ele queira te afastar de mim, mas vou fazer todo o possível para que isso não aconteça. Eu já o perdi, se eu te perder também, então não terei mais nada.
Ele soltou um soluço e chorou novamente. Só quando ele chorava o suficiente, se sentia capaz de se reerguer, e ele sabia que agora seria muito mais difícil. Bastou olhar as notícias no celular para saber que todos estavam falando dele e que não demoraria muito para que Maiston descobrisse, fosse tirar satisfações e fizesse da sua vida um inferno.
Ele sabia que não adiantava dizer que a filha era de outra pessoa ou mesmo de Taylor porque bastaria fazer as contas para saber que ela era do moreno.
Quando Prince pôde ir para casa, teve que enfrentar tudo de novo. Eles estavam lá fora, como abutres, esperando para destruir tudo como sempre, mas ele não se intimidou. Saiu com a filha nos braços ignorando tudo que diziam e tentando não pensar em todas as fotos que estavam tirando.
E ele refletiu sobre quanto tempo ainda tinha.
Talvez dois dias.
Talvez um.
Ou talvez apenas algumas horas até que o pai aparecesse.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Clesiane Paulino
por isso vc deve contar primeiro Prince 😮💨😮💨😮💨😮💨
2025-04-06
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