Sem poder evitar, Prince estava se lembrando da mesma coisa.
Estava na cama enquanto Cassi dormia e, em sua mente, estava revivendo aquela lembrança claramente, como se tivesse acontecido ontem. Sabia como eram os Alfas e que tudo era mais difícil para eles, mas que, apesar disso, Maiston havia preferido mil vezes cuidar dele do que fazer algo que ele não queria.
E os Alfas raramente faziam algo assim porque, a maioria deles, nada mais via os Ômegas como um simples brinquedo sexual para satisfazer seus desejos e só.
Pensou muitas noites nisso, lembrou por muitos dias de seus feromônios com aroma de café e, depois disso, o café se tornou seu favorito, apesar de que antes o odiava. Fechou os olhos porque daquela vez se sentiu especial, daquela vez Maiston o fez se sentir especial e, de um dia para o outro, o havia destruído. Não quis chorar. Não queria chorar nunca mais, então apenas se levantou para se aproximar da janela e ver a lua. Era lua cheia, então parecia maior, mais brilhante e mais bonita. Sorriu porque o moreno sempre lhe falava da lua ou das estrelas e ele tinha todas aquelas lembranças vivas:
—Claro que não, quem disse? — perguntou o Alfa enquanto estavam sentados no parque.
—Não sei, todos dizem isso.
—É uma bobagem — murmurou sorrindo. — Olha, aquela estrela que está ali se chama Sirius. Essa estrela ocupa a posição número um dentro das mais brilhantes do céu noturno, então pode chegar a ser observada durante o dia. Encontra-se a uma distância de oito mil e seiscentos e onze anos-luz da Terra e é uma supergigante de cor branco-azulada.
Prince sorriu ao ouvi-lo dizer tudo isso em seu ouvido. Sentiu seus lábios beijando sua bochecha e se aproximou mais dele. Estava um pouco frio, mas ao lado de Maiston isso não se sentia tanto porque seu corpo era grande e o protegia de tudo.
Queria que ele continuasse falando das estrelas, então olhou para cima.
—E aquela ali?
Maiston olhou para onde ele indicava.
—É Arcturus. Encontra-se na posição número quatro das mais brilhantes e está situada dentro da constelação de Boieiro. É uma estrela gigante de tipo espectral de cor laranja. Encontra-se a uma distância de trinta e seis vírgula sete anos-luz da Terra — murmurou, vendo-o sorrir, feliz.
Era noite, mas ele pensou que, nem todas aquelas estrelas, eram mais lindas do que o Ômega que tinha ao seu lado. Sentiu seu cheiro, aquele mesmo aroma de rosas que o havia deixado louco da primeira vez e pensou que o amaria para sempre.
—Fala-me de outras constelações — pediu.
Era um parque que costumava ser muito visitado à noite, mas onde estavam sentados não havia ninguém por perto. Prince poderia ter medo pensando que poderia haver algum ladrão ou algo parecido, mas não. Sabia que Maiston não deixaria que nada lhe acontecesse jamais.
—Outras constelações? — perguntou, beijando sua bochecha.
Observou-o enquanto assentia, mantendo os olhos fechados. Deu outro beijo mais perto de seus lábios e então foi para a outra bochecha.
—Diz-me qual é a tua favorita — sussurrou.
—Vejamos — disse e beijou seus lábios.
Prince se perdeu completamente naquele beijo. Sentiu sua língua contra a sua e se esqueceu de que estavam sozinhos ou do que estavam falando. Maiston se afastou para ir até seu pescoço e ele o ouviu respirar com rapidez.
—Minha constelação favorita és tu — disse com voz rouca em seu ouvido. — A primeira vez que te vi, brilhavas mais do que todas elas, minha linda rosa.
—Estou falando sério — esclareceu com a respiração acelerada. — Qual é a tua favorita?
Abriu os olhos, vendo seu rosto perto do seu. Seu cabelo preto às vezes se desgrenhava, mas isso só o fazia parecer mais atraente do que já era. Gostava de sua pele e, acima de tudo, de acariciá-la. Sentia que a cor dele e a sua eram perfeitas e se misturavam perfeitamente. Suas mãos grandes acariciaram sua bochecha e ele ergueu o olhar para ver o céu noturno. As estrelas não se destacavam muito por causa da iluminação da cidade, mas Maiston o havia levado a muitos lugares onde as estrelas pareciam um paraíso.
—A constelação de Cassiopeia.
—Cassiopeia?
O moreno assentiu.
—Sim, há uma história que conta que Cassiopeia era a esposa do Rei Cefeu. Era muito bonita e muitas vezes se gabava de que ela e sua filha eram mais bonitas do que as ninfas do mar, as Nereidas. Estas se queixaram com Poseidon, que libertou um monstro na terra de Cefeu. Para salvar seu país, o rei e a rainha sacrificaram sua filha, Andrômeda.
Prince assentiu porque ele sempre contava histórias das constelações e estrelas de que gostava.
—Não é difícil reconhecê-la porque suas cinco estrelas, dependendo de onde se olha, formam um M ou um W.
—Eu gosto dessa.
—Eu gosto de ti.
Prince soltou um suspiro, tentando esquecer aquela lembrança, mas era difícil quando, em todas as estrelas que via, estavam as histórias que o Alfa lhe contava. Procurou onde estava aquela constelação e não foi difícil encontrá-la. De onde ele estava, via-se claramente um M.
Acreditava que só ele estava vendo as estrelas, relembrando velhas histórias e momentos que haviam sido destruídos e danificados, mas Maiston estava igual. Era-lhe impossível dormir e estava apenas na varanda de sua casa, olhando o céu noturno. Sentia que aquela cama não era confortável, apesar de haver alguém ali dormindo com ele. Sentia-a dura, fria, estranha, quase cheia de pregos que se cravavam em suas costas, nada mais provocando dor e mal-estar que pareciam intermináveis.
Engoliu em seco e, ao amanhecer, cada um foi para seus respectivos afazeres sem imaginar que, depois de tanto tempo, se veriam frente a frente.
Maiston simplesmente foi trabalhar. Chegou para fazer o que tinha que fazer, mas, mal pôde, simplesmente foi deixando seu escritório e cancelando seus compromissos sem dizer nada a Jim porque estava cansado. A dor de cabeça não o deixava em paz por um segundo e até seus olhos doíam. Caminhou pela rua quase como um zumbi, olhando para o celular enquanto segurava uma maleta.
Estava a ponto de atravessar a rua, esperando que um carro o atropelasse para acabar com tudo de uma vez.
Queria tomar algo para refrescar o corpo. Quis ir beber até perder a consciência e, quem sabe, morrer por alguma intoxicação. Conhecia os gostos do Ômega e os restaurantes que ele costumava frequentar, então, quando viu um de seus favoritos, simplesmente entrou. Um dos garçons o conduziu a uma mesa onde ficou sentado, esperando que lhe trouxessem um café. Ficou ali sentado, olhando para o nada e, quando seu café chegou, nem sequer bebeu um pouco.
Os minutos foram passando e foi esfriando até que não saiu mais vapor. Muitas vezes eles tinham ido a esse restaurante juntos e ele quase podia vê-lo à sua frente, sorrindo e dizendo coisas bonitas como sempre fazia, o que o Ômega com quem ele estava agora nunca fazia.
Olhou o celular para perceber que nem sequer tinha uma mensagem dele, quando Prince sempre perguntava como estava o trabalho, se estava cansado, se estava com fome, se sentia tanta falta dele quanto ele sentia, ou se o amava tanto quanto ele.
Fechou os olhos e passou as mãos pelos cabelos quando, de relance, viu duas pessoas passarem. Não deu muita importância até sentir aquele cheiro que ele poderia identificar mesmo estando entre um milhão de pessoas. Olhou para a direita para vê-lo sentado com alguém e não era qualquer pessoa, não era Taylor, seu melhor amigo, mas era o mesmo cara que havia lhe perguntado se podia se aproximar dele. Não soube o que dizer nem o que fazer. Ficou olhando para eles porque Prince estava sorrindo e era um sorriso tão lindo como os que dava quando estava com ele.
Então, sentiu tudo frio, tudo gelado. Naquele segundo, sentiu que todo o castelo que havia criado com simples cartas de baralho desabava de forma brusca e de uma só vez, sem lhe dar tempo para nada.
Seu corpo tremeu ao vê-lo falar como se fossem melhores amigos, ao ver que pareciam felizes. Ficou olhando para o castanho porque era óbvio o fato de que ele havia mudado um pouco, mas continuava perfeito para ele. Seu coração doeu e ele acreditou que estava à beira da morte. De forma desajeitada, levantou-se sem perceber que um garçom passava com algumas coisas e ambos se chocaram.
As coisas caíram no chão, fazendo com que todos olhassem naquela direção para saber o que havia acontecido.
Prince também olhou e foi quando o viu, mas ele não quis parecer fraco e Maiston viu como ele lhe lançou um breve olhar sem a mínima importância para continuar falando com quem estava à sua frente. E ele não quis ficar ali sabendo que ele estava naquele lugar.
O moreno os viu se levantarem e ignorou sua roupa molhada ou o quão quente o líquido havia caído sobre ele. Viu-o se afastar como se nada fosse, como se ele fosse um estranho e o fato de que o Ômega não olhou para trás nenhuma vez foi pior. Avançou, abrindo caminho entre quem cruzava seu caminho e foi quando se deparou com milhares de jornalistas que haviam surgido do nada. Tentou avançar para ver como um casal seguia Prince, que entrava em um carro com Reich para ir embora.
—O que acha de ver seu ex-marido com outro Alfa? — perguntou um.
—Eles eram um casal muito famoso. Acha que sua fama diminuirá se não for casado com ele? — questionou outro.
—Seu ex-marido pensa em se casar novamente?
—Sente-se preparado para vê-lo refazendo sua vida?
—Reich Valencia é um de seus maiores investidores. Vai rescindir seus contratos com ele?
Não sabia quantas perguntas lhe fizeram, mas sentiu-se sufocado. Todos estavam em cima dele com os microfones, sem lhe dar tempo de escapar, e ele pensou em todas aquelas vezes que Prince teve que enfrentar todos os jornalistas e a imprensa sozinho.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Clesiane Paulino
agora entendi o prq do nome Cassiopeia... dói não é Maiston ver quem vc ama com outro... vc não deu valor ,tudo poderia ter sido resolvido com diálogo, mas vc preferiu resolver com traição 😤😤😤😤
2025-04-06
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Ana Lúcia
a tai de onde ele tirou o nome da filha kkk
2025-03-05
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