Maiston estava sentado a ver uma revista enquanto almoçava alguma coisa. Mastigava com calma e engolia da mesma maneira porque estava alegre. Sentiu que não podia haver nada que lhe pudesse estragar a tarde quando chegou a uma parte onde falavam de Prince.
E, conforme ia lendo, foi sentindo, lentamente, como se a sua calma fosse demasiado longe. Foi lendo a entrevista que lhe tinham feito sobre os seus planos para o novo hotel e acabou por cuspir o último que tinha posto na boca ao ler que, um dos seus hotéis, o ia transformar num motel. Começou a tossir e pôs-se de pé para gritar a plenos pulmões:
— !!!Jim!!!
O amigo estava do outro lado do corredor, mas o seu grito ouviu-se quase por todo o edifício. Soltou um suspiro tendo mais do que claro o que tinha visto e avançou o mais rápido que pôde para tentar dar-lhe alguma desculpa boa. Abriu a porta e não teve tempo para nada quando o ouviu:
— Como pudeste deixar que isto acontecesse, idiota?! Deixei-te encarregado desse hotel para que não o deixasses fazer merda nenhuma a esse maldito Ómega!
— Bem...
— Era suposto o teu trabalho ser fácil! Só tinhas que lhe tornar a vida impossível porque és meu melhor amigo, não dele!
— É que aconteceu que...
— Ele lavou-te o cérebro?! É que ele manipula todos! Como te deixaste manipular quando és tão grande e ele tão pequeno?!
— Não é dessa forma porque...
— És um grande idiota! Deixaste que ele transformasse o meu hotel num motel!
Jim acabou por desistir de poder falar porque tinha ficado claro que não ia adiantar de nada. Preferiu sentar-se e apoiar o queixo na palma da mão enquanto o via ralhar e ralhar sem parar como se fosse uma velha totalmente amargurada. Viu-o caminhar de um lado para o outro sem parar e deu como certo que ia criar um buraco no escritório.
Tinha estado a pensar em dizer-lhe que, naquele preciso momento, tinha sido abduzido por uns extraterrestres e que não tinha tido tempo de se negar ou de o evitar, depois percebeu que nem sequer por dizer isso, o ia ajudar em alguma coisa.
Não o surpreendia porque tinha estado sempre no meio dos dois. Se eles discutiam tinha sempre que ir ter com o outro para lhe perguntar o que tinha acontecido e ir ter com o outro para lhe dizer o que fazer. Em poucas palavras, era o pombo-correio dos dois quando eles discutiam por alguma coisa. Se fechasse os olhos, conseguia lembrar-se muito bem de todos esses momentos em que os tinha que ouvir e ver os dois ao mesmo tempo a discutir e a ralhar.
Às vezes não entendia como tinham conseguido ser um casal quando passavam mais tempo a discutir. Eram o típico casal de amor-ódio que deixava qualquer um louco.
Soltou um suspiro quando reparou que o amigo se tinha sentado.
Assumiu que era o fim, mas depois viu-o levantar-se para continuar a ralhar sobre coisas que tinham acontecido há uns três anos atrás. Nem sequer sabia como é que ele se lembrava de tudo isso porque ele nem se lembrava do que tinha comido ontem de manhã.
— Ele vai transformá-lo num lugar sórdido! Vai estar cheio de prostitutas e vedetes!
— Mas ele...
— Sempre com essa maldita obsessão de sexualizar tudo e...
— Claro, agora incomoda-te, mas, quando ele vestia aquela lingerie para ti, andavas todo babado.
Maiston não o ouviu porque continuava a falar sem parar. Queria arrancar os cabelos só de imaginar no que é que todos iam começar a falar dele. Não conseguia entender. Não sabia como é que ele se continuava a comportar da mesma maneira que antes o irritava e, o que mais o irritava, era que ele sabia que o estava a fazer para o provocar.
Passou as mãos pelo cabelo e soltou um suspiro exasperante.
— Ele vai transformar tudo em pornografia — finalizou fechando os olhos.
Só de imaginar nas coisas que iam estar lá dentro punha-lhe os cabelos em pé. Estava furioso, muito furioso, queria ir buscá-lo e pôr fogo ao hotel e não queria saber de mais nada. Queria destruir tudo só para o chatear tal como ele o estava a chatear.
Deixou-se cair na cadeira cansado e não soube o que fazer. Pegou novamente na revista para ler o que tinha lido há bocado e foi quando viu a nova imagem.
Cerrou os olhos durante uns segundos porque o conhecia bem, demasiado bem na realidade, por isso não lhe foi difícil reparar no facto de que o seu rosto parecia um pouco mais gordo, por assim dizer, as suas bochechas. Também reparou que o seu cabelo estava mais comprido, mas que continuava com o mesmo sorriso cheio de malícias que ele tinha visto tantas vezes.
— É ideia minha ou ele está mais gordo? — comentou.
Jim levantou o olhar, reparando que ele estava a ver uma fotografia dele, e assentiu.
— Sim, acho que ele engordou uns quilinhos. Talvez seja porque está a sofrer por ti — comentou a rir-se.
— Ele não sofre, ele faz sofrer que é diferente. Só de o ver, dói-me a cabeça.
— Mas, a sério, ele está mais gordo, e mais estranho. Já sabes, diziam que ele tinha apanhado um vírus quando foi de férias e depois não foi visto durante muito tempo, talvez não se tenha mexido muito de casa.
Maiston ficou a examinar a imagem porque a história do vírus era outra coisa que lhe parecia estranha porque ele acreditava no facto de que erva daninha nunca morre e sabia que ele nem sequer apanhava uma pequena constipação nos Invernos mais rigorosos como para ter apanhado um vírus nas férias.
— Há aqui qualquer coisa que não bate certo — disse ele. — Aconteceu-lhe alguma coisa.
— E isso preocupa-te? — perguntou Jim com um sorriso a examinar o seu rosto.
— Não, nem um bocadinho, mas aconteceu-lhe alguma coisa. Se eu não conhecesse bem esse Ómega controlador, não o diria.
O outro soltou uma gargalhada.
— Ultimamente a única coisa que fazes é ver revistas como um louco. Só falta esperares pelo carteiro à porta do prédio para lhe tirares tudo. Não reparas que a única coisa que procuras é alguma coisa sobre esse Ómega controlador como lhe chamas?
Maiston continuava a ler a entrevista de Prince quando, ao processar as palavras do amigo, atirou a revista para longe.
— Eu não faço isso. Não quero saber o que ele faz ou o que lhe acontece.
— Estavas agora mesmo a dizer que estavas preocupado por lhe ter acontecido alguma coisa — disse ele olhando para a revista caída no chão.
— Nunca disse isso, não voltes a mencionar o facto de que é evidente que lhe aconteceu alguma coisa.
Jim encolheu os ombros para dizer:
— É a mesma coisa, meu amigo, mas é melhor irmos comer o que temos. Embora, pelo que vejo, já comeste.
Levantaram-se para irem para outro sítio do edifício. Iam encontrar-se para almoçar com uns investidores que os visitavam muito. Eram três, por isso a mesa estava com cinco pessoas.
Maiston cumprimentou os rapazes e limitou-se a sentar-se. Tinha comida à sua frente, mas não conseguiu provar um único bocado porque os seus pensamentos não o permitiam de todo. Ficou a olhar para a mesa o tempo todo enquanto os outros continuavam a falar dos assuntos que deviam ser tratados. Quis esquecer tudo, embora soubesse que lhe era impossível, pois, mesmo que quisesse negar, uma parte dele preocupava-se com aquele Ómega que lhe tinha feito nascer cabelos brancos mais cedo do que devia.
Só por causa dele é que tinha começado a pintar o cabelo porque não queria que pensassem que ele tinha mais idade do que a necessária.
Fechou os olhos durante uns segundos porque aquela fotografia estava estranha. Sabia tudo sobre ele e conhecia-o com ou sem roupa mais do que na perfeição e sabia o que ele mais odiava.
Engordar.
Era algo que ele nunca se permitia. A maioria das refeições que ele consumia eram de legumes e que o obrigava a consumir também. Não podia dizer que eram más, mas muitas vezes apetecia-lhe comer outras coisas e não podia. Por isso, devido a isso, não lhe cabia na cabeça, por mais que pensasse, o facto de ele ter engordado.
Não quis ligar às palavras de Jim, mas, o pensar que se devia à sua separação, causou-lhe maior preocupação do que a que já tinha. Ele estava a levar bem ou, de certa forma, é o que ele imaginava. Não se preocupava com muitas coisas e estava a divertir-se com o Ómega que tinha.
— Maiston.
Ouviu o seu nome ser pronunciado e, mesmo assim, foi-lhe impossível sair daquele devaneio.
— Maiston.
— Ouve — disse Jim dando-lhe um toque no ombro.
Devido a isso, levantou o olhar e viu todos. Não sabia do que estavam a falar ou se lhe tinham feito alguma pergunta.
— O que se passa? — perguntou olhando para todos.
Conheciam-se há muito tempo e costumavam fazer muitos negócios, por isso podiam ser considerados amigos de certa forma.
— Só te estava a dizer como é que estás com o teu novo Ómega — questionou um dos rapazes.
— Está tudo a correr bem, Reich, e tu como estás? — perguntou ao rapaz de cabelo loiro.
— Está tudo bem, mas há uma coisa que te queria perguntar.
Maiston limitou-se a assentir.
— Então, já estás separado do Prince há muito tempo, já tens uma nova cara-metade e tudo, por isso, presumo que não te importes que o convide para sair, pois não?
Jim e os outros três rapazes estavam a falar, no entanto, ao ouvirem-no perguntar aquilo, não conseguiram evitar ficar calados. Todos ficaram a olhar enquanto Reich apenas esperava uma resposta à sua pergunta.
O moreno perdeu-se nos seus pensamentos novamente porque, em qualquer outro momento, ele teria tido o direito de lhe dizer alguma coisa e de lhe mostrar que ele era dele. No entanto, agora não podia fazer nada disso porque nem sequer havia uma marca pelo meio ou estavam ligados. Pestanejou algumas vezes, apercebendo-se de que, agora mesmo, de certeza que muitos Alfas estavam a desejar ocupar o seu lugar.
Prince era um Ómega lindo e sabia muito bem o quão paquerador, ousado e sedutor ele podia ser quando gostava de alguém.
Olhou para Reich e não quis preocupar-se muito, dando como certo que o Ómega não ia gostar nem um bocadinho. Sabia também como eram os seus gostos e conhecia um pouco o Alfa, o que lhe permitia saber que ele tinha certas atitudes das quais Prince não ia gostar nada e que o ia rejeitar sem lhe dar uma única oportunidade de sair nem até à esquina.
— Não vejo por que é que me havia de importar, nem o motivo para me fazeres uma pergunta parva dessas. Não quero saber o que ele faz nem com quem o faz — disse ele não dando importância a nada.
— Bem, espetacular, eu sei que não te devia ter dito nada, mas acho que, como foste seu marido durante alguns anos, achei que seria bom poder comunicar-te.
Maiston assentiu.
— Não há problema nenhum.
— Perfeito. Ouvi dizer que ele tem uma apresentação na próxima semana, por isso vou lá vê-lo para poder falar com ele. Não sei o motivo da vossa separação, mas penso que nenhum Alfa quereria perder um Ómega como ele.
O moreno soltou uma gargalhada.
— Reich, nem sabes onde te estás a meter. Aquele Ómega é um controlador. Vai querer controlar-te com o dedo mindinho. Tentou fazê-lo comigo, mas não conseguiu nem vai conseguir.
Não pensou mais no assunto e pediu desculpa para ir à casa de banho. Ao sair da sala, reparou que estava a transpirar muito e chegou quase desesperado à casa de banho porque já há muito tempo que não ficava tão nervoso por causa de alguma coisa.
E pareceu-lhe completamente estúpido.
Deu um sorriso porque, se ele estivesse com qualquer outro Alfa, ele devia era era ficar indiferente. Lavou as mãos com calma e depois saiu da casa de banho a ajeitar a gravata. Não pensou muito no assunto e decidiu ir comer a um lugar muito especial com o seu Ómega porque havia que celebrar o facto de se ter livrado do Prince.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Monica Souza
Eu não estou gostando da atitude desse alfa , ou seja, do ex marido, quem desdenha quer comprar, tomara que ele engula cada palavra que ele disse do Prince, esse ômega que é rico e tem tudo
ainda fica sofrendo por um idiota desse, passava com outro na cara dele. e é isso que espero que aconteça, perdeu mané.
2025-02-15
3
Clesiane Paulino
vamos ver até quando esse seu ego vai ficar tão elevado Maiston😤😤😤😤
2025-04-02
0
Ana Lúcia
kkkk tá querendo morrer kk
2025-03-04
2