Os dias para Prince não eram difíceis. Ele estava trabalhando apenas de casa com a desculpa de que tinha um vírus muito contagioso e até mortal.
Seu melhor amigo e sua mãe se encarregavam de levar e trazer tudo o que ele pedia.
E ele estava cansado. Já tinham se passado seis meses e o aterrorizava a ideia de que não faltava muito para o bebê nascer e ele não teria ninguém ao seu lado. Ele ficou olhando pela janela enquanto o sol se punha. Os dias eram, de certa forma, simples, a noite era o que lhe causava problemas. A cama era grande, grande demais para ele sozinho e, embora não quisesse, ainda havia rastros da pessoa com quem ele a havia compartilhado. Mas, o que mais o irritava era o fato de que ele sentia falta, de que se sentia sozinho e de que não tinha ninguém para abraçá-lo e fazê-lo se sentir seguro.
Os abraços de sua mãe ou as palavras gentis de seu amigo não eram suficientes. Ele se mexeu para se meter na cama e às vezes sentia medo, se assustava, pensava que estava em perigo ou algo assim e tinha medo de se mexer na cama.
Esses sentimentos o enchiam de raiva e lhe davam vontade de gritar, mas ele não fazia nada. Ele não queria se sentir assim porque sabia que Maiston estava vivendo uma vida mais do que feliz. Em muitas revistas ou na televisão estavam falando sobre os novos investimentos com a França que haviam sido estabelecidos. Ele não queria ficar feliz com isso, mas, de qualquer forma, ficava e isso só o deixava furioso.
Ele se mexeu na cama e estendeu a mão para pegar um casaco. Maiston não havia levado todas as suas coisas e, embora ele tivesse jogado tudo na cara dele, ele se sentia aliviado por algumas coisas terem ficado porque era a única coisa que lhe dava tranquilidade e um pouco de paz nas longas noites.
Ele levou as mãos à barriga, sentindo-a grande, e sabia que tinha que pensar em um nome, mas nada lhe ocorria. Ele não tinha sido bom nem em dar nomes aos seus cachorros ou ao seu peixinho dourado de infância.
Ele fechou os olhos e quis pensar em algo bonito. Um nome especial porque seria uma menina.
Ele pensou nas estrelas, na lua, no sol e queria que fosse algo simples, curto e que ninguém pudesse esquecer. E ele se lembrou daquelas constelações das quais Maiston às vezes lhe falava. Ele sabia que, embora estivesse feliz naquela empresa e realizando todos aqueles trabalhos, em um momento ele desejou estudar astronomia. Ele gostava quando ele falava sobre isso porque ele sempre contava histórias bonitas.
E seus olhos se encheram de lágrimas. Ele odiava ter aquelas lembranças. Ele odiava ter aquelas lembranças bonitas porque elas o destruíam. Seu coração era pequeno e doía cada vez que ele pensava naquele Alfa.
Ele levou a peça de roupa ao nariz sentindo aquele aroma quase extinto de café que pertencia aos seus feromônios. Ele gostava daquele aroma, não era intenso, mas era perfeito para ele. E ele queria tê-lo ali, apertou a roupa contra o peito e chorou em silêncio. Porque à noite ele se quebrava, desmoronava e chorava, mas durante o dia ele parecia alguém decidido e capaz de tudo.
— Olá, olá, cheguei — disse alguém abrindo a porta. Ele se aproximou sorrindo e alegre como sempre.
Prince olhou para cima vendo seu melhor amigo: Taylor.
Ele o viu chegar com algumas sacolas onde havia comida e sorriu para se aproximar dele. Eles conversaram felizes porque se amavam e eram amigos há muito tempo. Ele era um menino gentil e engraçado, então eles sempre riam muito. Ele nunca ficava com raiva ou chateado com nada ou ninguém. Ele nunca o tinha visto brigar ou insultar ninguém e nunca o havia deixado sozinho.
Ele era simples, trabalhador, gentil, divertido e charmoso quando gostava de alguém. Ele era Beta, mas costumava chamar muita atenção por ser visivelmente atraente, além de ser modelo. Seu cabelo preto cacheado era algo que as meninas e meninos gostavam muito e, por isso, ele teve muitas namoradas e namorados. Seus olhos eram castanhos, mas ao sol pareciam brilhantes e lindos.
— Aqui estão alguns bolinhos doces com geleia e geleias, do jeito que você gosta.
Prince sorriu pegando a sacola e cheirando tudo delicioso.
— Você não deve comer muito porque vai continuar engordando. Você já é como tamanho oitenta — brincou Taylor sentando-se.
Em qualquer outro momento, o moreno teria dito algo a ele, mas ele estava muito feliz por experimentar o que ele havia lhe trazido. Ele se sentou no sofá saboreando o que estava mastigando e fazendo sons mostrando que era isso que ele tanto desejava.
— Você terminou os modelos? — ele perguntou vendo-o comer alegremente.
— Sim, eles estão ali na mesa.
Taylor se aproximou para ver o que havia nas folhas. Ele não sabia muito sobre desenhos, a sua área era modelagem. Ele foi um dos principais modelos em todos os desfiles das roupas de Prince, mas, o que ele sabia era que seu amigo sempre criava coisas legais.
Ele olhou para todos eles até chegar a uma folha que estava no final. Ele a pegou nas mãos vendo roupas iguais às de todos os outros e com perspectivas diferentes. Não era grande porque era claramente roupa de bebê. Ele não disse nada por alguns segundos porque nunca tinha visto algo assim. Ele estava acostumado a ver lingerie sedutora e muito ousada, a ver roupas especiais, únicas e diferentes. O que ele estava vendo era algo fofo, doce e bonito.
Ele olhou para o amigo vendo-o quase engasgado com o que estava comendo. Ele sabia que ele não estava se divertindo muito e às vezes ficava com ele à noite apenas para ouvi-lo chorar.
E ele queria ajudá-lo. Era o que ambos sempre faziam porque, em vez de amigos, ambos se amavam como irmãos. Eles tinham passado por muitas coisas juntos e até, em algum momento, tinham sido namorados, mas ambos perceberam que isso era tão estúpido e que estavam imaginando coisas onde não eram que simplesmente decidiram apagar isso de suas vidas porque eram amigos e era isso.
Ele se aproximou dele para vê-lo terminar de comer tudo o que ele havia comprado. Ele não se surpreendeu porque muitas vezes ele mal havia lhe entregado algo quando ele já havia engolido tudo.
— O que é isso?
Prince olhou em sua direção para ver o que ele estava segurando.
— Uh... são roupas de bebê — ele respondeu o óbvio.
— Eu sei que são roupas de bebê, mas o que você está planejando fazer? Quer lançar uma nova geração de roupas ou algo assim?
— Eu não sei — murmurou o Ômega. — Eu só estava pensando que teria que comprar roupas para o bebê. Eu sempre uso minhas criações, mamãe também e você também, mas então percebi que não há uma linha de roupas para bebês em minhas lojas.
— Você quer vendê-las?
Ele assentiu.
— Sim, eu quero que ele use roupas bonitas.
— Você não acha que vai ser estranho? Qualquer um que saiba vai pensar imediatamente no porquê e você não quer que Maiston saiba — ele o lembrou.
Prince processou suas palavras porque seu amigo estava certo.
Ele olhou para ele por alguns segundos e seus olhos castanhos eram grandes, mas sempre gentis. Eles lhe deram a confiança para dizer o que quer que fosse porque ele sabia que tinha toda a sua confiança e acima de tudo seu afeto.
Ele engoliu o que estava em sua boca e olhou para baixo por alguns segundos.
— Bem, eu realmente não tinha pensado sobre isso.
— Não estou dizendo que é errado, Prince, mas todos vão começar a falar quando virem que agora você tem roupas de bebê do nada quando seus modelos são sempre extravagantes, ousados e exóticos.
Ele suspirou sentindo a fome desaparecer. Havia muitas coisas que iriam acontecer. Ele não seria mais capaz de se esconder para sempre porque todos estavam falando sem parar. Ele também não conseguia inventar que estava com outros vírus porque todos presumiriam que ele estava quase morrendo. Ele não conseguia encontrar uma maneira de calar toda a imprensa ou fazer todos os paparazzi saírem do apartamento onde ele estava hospedado. Ele nem tinha ido visitar a casa que estava em seu nome e não tinha tido tempo de cuidar do hotel.
Ele queria fazer tudo certo para que Maiston visse que ele era capaz de tudo como sempre e que sua companhia era irrelevante, mas não estava funcionando bem para ele porque, enquanto ele estava grávido e escondido, ele via nas notícias ou em qualquer lugar que Maiston estava tendo a melhor época de sua vida em outros lugares com aquele novo Ômega.
E só isso era o suficiente para deixá-lo triste.
Taylor não sabia o que fazer quando o viu chorar. Ele não sabia se havia dito algo estúpido de novo ou o quê.
— Prince, não chore, o que há de errado agora? Prometo não dizer mais nada sobre você estar gordo ou parecer um porco ou uma baleia.
Ao ouvir isso, ele se sentiu com mais vontade de chorar.
— Ei, não chore, ok? Não pense em coisas tristes, é melhor continuar comendo os bolinhos que você tanto gosta. Se você quiser mais alguma coisa, eu vou comprar ou direi à Sra. Sarah para vir. Eu ligo para ela?
Ele passou um lenço pelos olhos lentamente e o ouviu soluçar. Ao concordar, ele se levantou para discar o número de sua mãe em seu telefone. Ela não demorou muito para chegar. Ela sempre estava atenta ao filho e, se surgisse alguma emergência, ela largava tudo para ir vê-lo imediatamente.
— Já cheguei, querido, o que há de errado?
Ela deu-lhe um abraço e colocou o cabelo atrás da orelha. Ela olhou para ele atentamente para descobrir por que ele estava chorando.
— Taylor disse que pareço um porco.
— Eu não disse isso — ele se desculpou se afastando um pouco quando foi atingido por uma bolsa.
— Eu te disse para não dizer essas coisas a ele, Taylor.
— Me desculpe! O que ela tem na bolsa? Pedras? — ele perguntou enquanto esfregava o ombro onde a bolsa havia impactado com ferocidade.
— Você não quer saber, garoto. Venha, meu príncipe, vamos descansar um pouco. Já são quase quatro da tarde e você tem trabalhado muito. Lembre-se que o médico disse que você deveria descansar suas dores nas costas. Você tem tudo pronto? Posso ir deixá-lo para que você não precise se preocupar com nada. Taylor! Leve isso se você já estiver indo.
— Ouça, ela disse que você levaria. Por que você se oferece se depois manda outra pessoa, Sra. Sarah?
Ele gemeu quando foi atingido novamente pela bolsa e pegou as coisas em silêncio para ir embora.
— Roupas de bebê? Isso parece fantástico! — ela disse sorrindo.
— Taylor disse que eu deveria pensar melhor porque então as perguntas começarão.
A mãe quis dizer a ele que, como muitas vezes, seu amigo estava dizendo coisas estúpidas e sem sentido, mas não era o caso, pois ele estava absolutamente certo.
— Bem, ele não está mentindo. Você sabe como as pessoas são e elas não demorarão muito para descobrir o porquê de tudo. Eles estão sempre tentando descobrir o que está acontecendo com você e quase ninguém acredita na coisa do vírus temporário, eles estão até falando sobre como é um vírus que sofreu mutação e muito mais.
Prince sorriu ao ouvir aquela bobagem e não pôde deixar de se lembrar dos zumbis.
— Mas eu quero fazer isso. Eu quero que meu bebê tenha muitas roupas bonitas, especialmente para ela.
A mãe sorriu porque estava feliz em saber que, embora no início ele quisesse se livrar do bebê, agora ele estava esperando por ele feliz, mas também um pouco com medo de ter que enfrentar aquela situação. Ela já tinha tudo pronto. Para o nascimento, ela ficaria com o filho pelos primeiros doze meses para ajudá-lo em tudo.
— Você já pensou em um nome?
Ela o viu concordar com um sorriso.
— Eu quero que seu nome seja Cassiopeia. Mais tarde direi a Taylor.
— É um nome lindo e tenho certeza que ela será a bebê mais linda de todas e eu serei a avó mais feliz do mundo. Faltam apenas alguns meses e você será oficialmente uma mãe e eu uma avó. Não se preocupe, mamãe está aqui e você é tão forte quanto eu.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Ana Lúcia
kkkkkkkkk isso porque ele disse que seria um nome simples e fácil misericórdia kkk
2025-03-03
0
Clesiane Paulino
misericórdia de onde ele tirou esse nome...😥😥😥😥
2025-04-01
0
Anne Jay
MDS 😨
É um lindo nome, mas tbm muito difícil
2025-03-12
0