Prince abriu os olhos lentamente acreditando que tudo não havia passado de um pesadelo. Teve a intenção de se ajeitar para poder continuar dormindo placidamente quando notou a cama muito dura, fria e estranha, quando a sua era quente, macia e perfeita.
Ouviu passos e ficou olhando para os lados vendo tudo estranho ao que era seu quarto e se sentou com um solavanco.
—Calma, mexa-se com cuidado — sugeriu uma enfermeira.
Ele a olhou porque nunca a tinha visto e teve medo de perguntar, mas, mesmo assim, perguntou:
—O que aconteceu comigo?
—Você desmaiou, ficou inconsciente por duas horas. Deve fazer movimentos lentos. A tontura na gravidez é complicada e...
Ele parou de ouvir quando tudo começou a girar novamente e a escuridão retornou para abrir os olhos, piscando algumas vezes. Engoliu em seco e levou a mão à testa porque doía nas laterais. Ele gemeu e ouviu uma voz masculina.
—Você está bem?
—Diga-me, por favor, que foi um sonho — implorou porque não podia ser verdade.
Ele se recusava totalmente a estar grávido em uma situação como aquela. Ele pensou que estava quase a ponto de tocar a fama para que um bebê viesse complicar tudo e ainda mais quando ele estava divorciado há dois meses e não tinha cruzado uma única palavra com o moreno de seu ex-marido.
Ele se sentou na cama, suspirando.
—Bem, eu gostaria de dizer que sou bom em fazer piadas, mas estaria mentindo. Definitivamente, você está grávido — disse ele, mostrando-lhe um papel que o comprovava.
—Como foi que tudo isso aconteceu?
—Bem, você sabe, quando duas pessoas se amam, costumam mostrar seu amor fazendo...
—Eu sei como aconteceu! — ele exclamou olhando furioso para o médico que engasgou.
—Claro, por isso eu digo que você sabe.
—Estava tudo bem — murmurou mais para si mesmo —. Como eu saio dessa?
—É melhor ir para casa descansar, você tem uma consulta agendada para amanhã, onde poderá saber de quantos meses está, mas, pelo que você me disse, deve estar de dois meses.
Ele não queria se mexer e queria ficar naquela maca para sempre se sentindo miserável. Ele evitou pensar naquele Alfa durante os dois meses que se passaram e sentiu que estava lidando com tudo muito bem, mas agora ele percebeu que, além de tê-lo deixado enganado, com sua reputação manchada e vendo milhares de pessoas falarem sobre os chifres que foram colocados nele, ele também o deixou grávido.
Ele saiu do hospital e colocou um óculos de sol e um boné para cobrir o cabelo castanho. A última coisa que ele queria era que algum paparazzi o visse e começasse a falar sobre alguma coisa.
Ele entrou no carro, ficou olhando para frente pensando para onde ir e para quem contar tudo o que estava acontecendo. Ele fechou os olhos para pensar na última vez que eles estiveram juntos porque ele tinha certeza de que eles usaram camisinha. Ele começou estando cem por cento confiante e então caiu para noventa, oitenta e cinco, setenta, quarenta e então ficou com dez por cento de certeza.
E ele queria chorar porque não podia estar grávido quando tinha tantos planos a realizar. A frustração o dominou e ele fechou os olhos pensando que ficaria sozinho. Ele teria sua mãe e seu melhor amigo, mas ainda estaria sem aquela pessoa que o fazia se sentir seguro.
Ele se sentiu estúpido depois de alguns segundos e simplesmente ligou o carro.
Ele dirigiu até o centro da cidade, estacionando o carro na calçada. Ele desceu cobrindo o rosto e olhou para os dois lados antes de atravessar a rua, pois a última coisa que queria era ser atropelado como um golpe final da vida em tudo o que estava acontecendo com ele.
Ele viu uma floricultura chamada:
Rosas de amor.
Ao abrir a porta, ele viu uma mulher de cabelos castanhos arrumando algumas rosas. Ela parecia ter alguns fios grisalhos no cabelo que caíam pelas costas. Suas mãos tocavam delicadamente as rosas que ela segurava e ela ergueu os olhos para ver seu filho entrar. Ela sorriu porque estava pensando nele. Ela caminhou para abraçá-lo e acariciar suas bochechas com ternura.
—Querido, eu estava pensando em você — ela murmurou feliz até notar seu rosto.
Ele tirou os óculos escuros, revelando os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
—O que foi, Prince?
—Podemos conversar, mãe?
A mulher assentiu sem hesitar e correu para mudar a placa de "aberto" para "fechado". Os dois caminharam até o fundo para se sentarem e ela o viu preocupado e pálido. Ela não sabia o que estava acontecendo com ele, mas estava claro que ele não estava lidando bem com a separação. Ele costumava parecer forte, independente e feliz, mas ela o conhecia bem demais para saber que era uma fachada.
Ela não hesitou em se separar do Alfa depois de saber pelas notícias e jornais sobre a traição, mas isso não significava que o amor por ele tivesse desaparecido de um segundo para o outro com um estalar de dedos.
—O que foi, meu príncipe?
Ele olhou para sua mãe e soltou um longo suspiro para dizer:
—Estou grávido, mãe.
Ela queria ficar feliz, pois é a reação que, em qualquer outra hora, teria tido. Ela não tinha mais filhos e sempre quis ser avó, mas viu no rosto de Prince que ele não estava feliz, mas assustado. Ela queria dizer alguma coisa, mas nada lhe ocorreu porque ela não sabia o que dizer em um momento como aquele.
—Oh querido...
—O que eu vou fazer? — ele perguntou e suas lágrimas rolaram pelo seu rosto novamente.
—Calma, meu príncipe. Você sabe que eu estou sempre com você. Somos uma dupla imparável.
Ela acariciou suas bochechas secando aquelas lágrimas e se aproximou para abraçá-lo. Ele se agarrou a ela porque tinha uma confusão na cabeça. Ele sabia que uma gravidez era complicada, mas que tudo era mais fácil quando você estava com aquela pessoa especial e ele não a tinha. Ele fechou os olhos com força e as carícias de sua mãe em suas costas foram mais do que perfeitas porque acalmaram muito sua angústia.
Ela tentou pensar em uma maneira de ajudá-lo e fazê-lo saber que ele nunca estava sozinho, mas era complicado quando ele estava passando por situações como a de seu filho. Ela se sentiu triste e fechou os olhos sentindo seu corpo quase tremer. Ela não gostava de vê-lo assim e queria absorver todo o seu medo e dar-lhe toda a sua força.
Quando ele se afastou, ela pegou um lenço para secar as lágrimas e deu-lhe um sorriso esperando que ele se sentisse melhor.
Ela sabia que uma gravidez não era algo tão simples como somar um mais um e que, naturalmente, estar sozinho tornava tudo muito mais complicado. Ela teve seu parceiro ao seu lado e, embora ambos fossem Betas, o apoio durante a gravidez era essencial.
—Estou com medo. Eu pensei que tudo estava bem, eu sentia dor por dentro, mas presumi que tudo estava se acalmando e agora eu descubro isso. O que eu devo fazer agora?
Ela segurou o rosto dele.
—Ouça, querido, você não precisa ter medo porque eu te conheço muito bem e sei que você é forte. Que importa se você não tem aquele Alfa de quinta categoria ao seu lado? Você não perde nada porque ele perdeu tudo.
—Mas ele tem alguém agora, eu não tenho ninguém — ele murmurou.
—Ninguém? Você me tem, você tem seu melhor amigo e muito mais.
Prince fechou os olhos e suspirou.
—Eu não quero...
—Não, não diga isso, Prince. Não diga que você quer se livrar desse bebê.
Ela podia ver em seu rosto, em seus olhos verdes, que ele estava desesperado.
—Eu vou ficar sozinho, mãe, o que você quer que eu faça?
—Que você lute. Você é forte e conquistou milhares de coisas. Você tem a inteligência do seu pai e muito da minha determinação. Você precisou de alguém para se tornar famoso? Você precisou de alguém para aprender a desenhar? Você conseguiu tudo sozinho e aquele Alfa foi um idiota. Escute, eu sei que não posso te obrigar a ficar com ele, mas você tem que pensar que tem capacidade para muitas coisas.
Prince ficou pensativo ao ouvir aquelas palavras. Ele sabia que eles não estavam ligados e que muito menos havia uma marca os unindo a Maiston. Ele sabia que as decisões sobre o casamento foram precipitadas e imaginou, assim como todos os dias anteriores, que Maiston nunca o amou, muito menos o quis, e que o único que realmente sentiu algo foi ele.
Ele queria manter a cabeça erguida, sua mente livre de maus pensamentos e se levantar.
Ele sabia que o tempo continuaria passando e que seu corpo mudaria. As coisas seriam conhecidas e as notícias começariam por todos os lados que ele não seria capaz de tirar ou parar. E ele pensou em uma coisa: que ele não queria que Maiston soubesse.
Ele respirou fundo e secou as bochechas para olhar para a mulher à sua frente, deixando-a saber que ela sempre estaria ao seu lado, não importava o que. E ele pensou que isso era o suficiente e sorriu.
—Então, estamos juntos?
—Claro que sim, meu príncipe — ela assegurou sorrindo. — Éramos um trio imparável com seu pai, mas agora somos uma dupla imparável.
—O que eu vou fazer quando aparecer? Eu não quero que Maiston saiba de nada.
—Claro que não, se você não tem nada a pedir a ele, nem em seus sonhos. Você tem dinheiro suficiente para ser uma mãe solteira sem medo ou falta de nada.
Ele sorriu sabendo que era verdade, mas nunca se preparou para passar por uma situação como aquela. Ninguém estava preparado para ser pai e acontecia que, em muitas ocasiões, os bebês vinham do nada.
Ele baixou os olhos para a barriga e ainda não dava para ver nada, mas isso ia mudar porque havia alguém ali. Seu pensamento sobre o aborto havia dominado sua mente, porém ele estava percebendo que mesmo que fosse pobre, não seria capaz de tirar uma vida pequena, pura e inocente em relação a tudo o que estava acontecendo. Ele não estava feliz, estava triste por muitas coisas, seu coração não estava cem por cento e ele tinha a maioria das feridas abertas que doíam diariamente.
Ele tentou respirar fundo algumas vezes e abraçou sua mãe novamente.
—Sinto falta do papai, se ele estivesse aqui tudo seria mais fácil, não é?
—Claro que sim, querido, mas enquanto estivermos felizes e unidos, ele também ficará feliz. Sempre nos ajudamos em tudo, então não há nada que não possamos fazer. Você sabe que eu vou te ajudar em tudo e que você tem um amigo que também vai te ajudar em tudo.
—Amanhã tenho consulta com a parteira, não quero ir sozinho.
—Então, nós dois estaremos lá — ela assegurou sorrindo. — Vamos ver como está esse bebezinho.
Prince se levantou e eles tinham a mesma altura.
—Tenho que entregar uma nova coleção de roupas no final do mês, preciso me concentrar e encontrar algo que me inspire. Tenho quase tudo pronto, mas ainda faltam alguns.
—Calma, querido, você sempre encontra um jeito de se inspirar. Você tem as roupas mais bonitas e brilhantes de todas. É por isso que você esteve na passarela tantas vezes.
—Ok — disse ele pegando uma das rosas que estavam lá para cheirar e sorriu porque elas sempre o faziam se sentir melhor. O simples fato de ver uma rosa alegrava seus dias. — Eu tenho que ir. Tenho algumas reuniões e mais, mas amanhã eu passo para te buscar em casa com meu motorista às nove.
Ela assentiu e o viu sair. Ela suspirou e sabia que seu filho era forte e esperava que ele permanecesse assim.
Prince entrou no carro. Ele não pensou muito sobre isso e apenas ligou o carro para começar a dirigir pela estrada até chegar ao seu local de trabalho. Era onde ele passava a maior parte do tempo verificando se tudo estava bem. Havia outras pessoas encarregadas, mas ele era o chefe de todos. Ele sempre quis que as roupas fossem criadas com delicadeza e amor, então ele revisava tudo meticulosamente. As lojas onde as roupas eram apresentadas eram todas Unicx, mas onde eram criadas era em uma fábrica de roupas chamada Equação Unissex. Não ficava tão perto do centro da cidade, mas era mundialmente conhecida e as entradas eram sempre protegidas por seguranças onde apenas pessoal autorizado podia entrar.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
caroline souza
Prince é sempre impossível esconder o filho de um pai , por pior que seja agora foi algo que os não esperavam , e lembre se maturidade paternal/maternal é coisa que vem com o tempo.
2025-02-24
3
Clesiane Paulino
o melhor é nunca esconder uma gravidez... mesmo seu ex sendo um escroto ele tem que saber ,esconder nunca é uma boa opção 😮💨😮💨😮💨
2025-03-31
0
Ana Lúcia
kkkkkkkkk 😂 ele sabe doutor
2025-03-03
2