17 - Phillip

Diego foi expulso do time, e  a vaga dele de atacante ficou aberta. Ninguém ousou questionar o treinador sobre tal escolha, mas todos me olhavam como se eu fosse uma espécie de Salvador, principalmente os lobos que estavam no time.

Saber que eles aguardavam minha decisão de ir e interceder por Diego era mais um peso que caia sobre as costas do filho do alfa e famoso quarterback do colégio, mas graças aos céus isso era facilmente resolvido.

— Boa tarde, chamei todos vocês aqui para comunicar oficialmente a expulsão de Diego do time. — a voz do treinador soou pelos armários do vestiário onde todos estavam sentados, inclusive o próprio Diego que ainda tinha marcas pelo rosto da briga.

Todos fingiram espantos e logo os olhos de alguns se voltaram para mim.

— Treinador… A vaga será ocupada por alguém do time ou ficará em aberto? — aquele foi meu questionamento e a decepção com misto de raiva rondou muitos rostos ali.

 Ignorei aquele ar de rejeição que se formou no vestiário e aguardei o treinador se pronunciar, ele também parecia surpreso por não me ver questionar sua decisão.

— A vaga já está sendo ocupada, conversei com o diretor e teremos algumas mudanças no time. Em breve saberão o que é. — murmúrios começaram a se formar quando ele finalizou sua frase e apenas com o olhar severo do mesmo, eles se calaram.

— Dispensados, todos vocês. Ah, Foster, você fica. — O treinador estava de costas para um armário em específico, tal armário estava vazio enquanto todos saiam do vestiário percebi que Diego estava parado na porta ainda me esperando, mas desistiu quando viu que eu não iria sair.

— Sei que Diego é seu amigo, me surpreende o fato de você não brigar pela permanência dele no time. — ele falou tão baixo e firme, mas ainda sim de uma forma bastante curiosa.

— Eu estava na festa, vi a confusão toda. Diego não é santo, ele ofendeu os Beauchamp e deu o primeiro golpe… Como seria nosso mundo se revidassem bebida jogada no rosto com violência? A garota até onde meu pai soube ficou desacordada por doze horas, e atualmente está afastada da escola. É justo deixar o causador disso impune? Ele pode ser meu amigo, mas está errado e merece punição. —  cruzei os braços na altura do peito e suspirei respondendo o que achava verdadeiramente de toda a situação.

(...)

Os dias no colégio passaram mais rápido que o comum, a notícia que Thalía estava partindo para outra cidade alegrou meu interior e até me deixou respirar de forma mais tranquila. Diego depois daquela reunião no vestiário se ausentou um pouco da escola e alguns garotos que andavam juntos comigo se afastaram, em sinal de revolta. Mesmo que seja por pouco tempo, eu soube como era viver sem estar rodeado constantemente por pessoas que só desejavam algo em troca.

(...)

O famoso festival de San Angelo se aproximava e com ele um pouco de paz, Kevin andava bastante irritado não conseguia entender o que estava acontecendo com ele, e como era o membro mais novo de sua alcatéia uma hora ele iria acabar falando.

— Olívia, por onde andou essa tarde inteira? — Kevin estava no andar de baixo questionando Liv que pelo jeito havia acabado de chegar. Ela sempre gostou de sair e enfrentar Kevin, talvez por ser a filha mais velha e ter visto e ouvido as traições que sua mãe sofreu, talvez isso lhe desse algum direito, mas o rosnado dele fez meus pelos se eriçarem na nuca, e com um pulo já estava nos degraus da escada olhando os dois. Olívia com os olhos assustados fixos em Kevin que mantinha sua mão fechada ao redor do pescoço da garota.

— Sério? Anda tão estressado que agora vai se voltar contra seu próprio bando? Solte ela. — falei firme ao descer as escadas devagar mantendo minha concentração somente no pulsar do coração de ambos, o dela estava disparado como um passarinho preso e o dele batia devagar quase em uma dança como se contasse os segundos para dar o golpe fatal.

— Não sente o cheiro? Essa insolente estava com ele. Qual é a única coisa que peço a vocês? Ficar longe de qualquer Beauchamp e no entanto ela está aqui fedendo a Luke Beauchamp. — Kevin cuspiu as palavras e no segundo seguinte soltou Liv que caiu no chão buscando por ar.

 Ele pegou seu coldre onde estava sua arma e distintivo e saiu batendo a porta.

— É verdade? Estava com Luke Beauchamp? — perguntei sem rodeios enquanto terminava de descer os degraus e  me sentando no quarto degrau a encarando. Olivia me encarou, a postura de garota forte e destemida por um mísero segundo caiu.

— Sim… Eu meio que gosto dele e ele gosta de mim, quando estou com ele, as coisas parecem diferente… O cheiro dele é extremamente agradável, não fere minhas narinas iguais o cheiro dos outros lobos que o papai teima em me apresentar, sem contar que  não tenho vontade nenhuma de me transformar quando estou com ele… — Liv falava tão absorvida em seus pensamentos que o brilho em seu olhar a denunciava. Os lobos quando encontravam seu parceiro tinham todos esses sintomas e  quando se apaixonavam, não sentia mais a necessidade de se transformar. Deveria ser uma sensação ótima, principalmente porque as piores transformações eram na lua cheia, quando nossos instintos animalescos assumiam o controle e nos tornavam irracionais. Podiamos  escolher viver como humanos ou como lobos, porém uma vez no mês tínhamos que nos entregar aquela dolorosa sensação.

— Eu não entendo porque não podemos nos aproximar deles? Os proprios anciãos bateram o martelo dizendo que a familia Beauchamp é bem vinda a alcateia…  — Olivia lançou aquele novo conhecimento em minhas mãos e subiu as escadas com raiva, apenas escutei a porta do seu quarto bater com força. Saber exatamente que as ordens repassadas a Mary e sua familia não vinha dos anciãos e sim dos caprichos de Kevin, somente me fazia crer que ele estava agindo nas sombras querendo provocar uma guerra.

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