10 - Phillip

Tem quem diga que ser o filho do xerife da cidade tem seus benefícios, mas nem sempre fui o filho do xerife, antes disso era apenas o filho de um lobo. Nasci como Phillip Ross, o garoto prodígio de uma cidade pequena em Minnesota, minha mãe Daiana Ross morou em San Angelo e ela disse que fui fruto de um caso de uma noite apenas, ao descobrir a gravidez nos mudamos para Minnesota e quando completei cinco anos, um homem dizendo ser meu pai apareceu na porta e me tirou dela, embora hoje em dia eu acredite que ela tenha me dado a este homem, pois uma mãe de verdade não abriria mão de seu filho sem lutar, certo? É o que escolho acreditar.

Kevin Foster quando me trouxe para morar junto com ele, o mesmo havia acabado de virar sub xerife. Para amenizar o impacto que ele tinha abandonado um filho por cinco anos, traria para sua recém adquirida reputação, foi criada a história de que ele pensando no bem de seu filho enviou a criança e a mãe para longe, pois não queria arrastar seu filho para a confusão da matilha. O mais engraçado é que todos acreditaram nisso, ignorando o fato de que ele já era casado quando fui concebido e que veio a ficar viúvo no ano seguinte.

Não é ruim ser um lobo. Em regra os lobos têm até seus dezessete anos para desenvolver qualquer habilidade que afirme seu lugar na alcateia, mas também não éramos monstros a ponto de expulsar alguém que não tivesse habilidade alguma, um humano. Me orgulhava de fazer parte dessa alcateia e nunca compreendi por qual motivo todos tinham raiva da familia Beauchamp, isso claro até conhecê-los. Minha memória é ótima, tinha dez anos quando conheci Luke, Cristal e o mais novo Juan, todos eles vestindo aquele ar de superioridade, esnobes e pouco se importando com as regras da alcateia, mais tarde eu descobriria que eles eram os lobos herdeiros de um que foi banido da alcateia por se casar com uma bruxa, porém como seus filhos nasceram como lobos os anciãos optaram por não excluírem eles de uma vez. Entretanto a semente do nojo já tinha sido plantada e se todos me viam como o filho do alfa, agiria como tal.

A escola era o melhor lugar, sempre era o mais popular tanto entre os lobos que lá estudavam quanto entre os humanos e ainda tinha o time de futebol onde com muito sucesso e esforço tinha conseguido o lugar de quarterback. Apenas tinha uma coisa que em nada me atraia, as garotas, não conseguia entender muito bem o porquê, afinal tinha tudo o que um rapaz podia sonhar, inclusive a líder de torcida mais bonita era completamente rendida e ainda sim não as achava atraentes. Me recusava a acreditar naquela história idiota que todo lobo tem sua alma gêmea.

Todo meu pensamento mudou quando duas semanas atrás em mais um final de treino eu a vi, a garota de cabelos compridos, olhos castanhos claros e totalmente tímida. Louise Beauchamp, este era o seu nome, pela primeira vez na vida queria me exibir e ser o verdadeiro filho de alfa que tinha na escola, mas então após observá-la por longos dias sem que ela soubesse, notei que se alguém suspeitasse que a achava interessante, sua vida se tornaria um inferno, não apenas pelas garotas a qual nunca dei bola, mas também pelos lobos, uma vez que ela era uma Beauchamp. Thalía a líder de torcida já tinha espalhado pela escola que a mesma era do time esquisito, apenas por ter visto em uma aula de literatura meus olhos cravados na garota. Então, não seria por minha culpa que a experiência dela no colégio seria ruim.

Mas ainda sim algo me intrigava no cheiro dela, Louise não cheirava como os demais membros de sua família, seu aroma era doce, quase inexistente o cheiro de lobo em si e olha que ela vivia em uma casa cheia deles. Naquela manhã o cheiro dela pareceu mudar, mas somente porque o cheiro que predominava ali era o de seu primo Luke. Os membros mais velhos da familia tinha o costume de beijar a testa das garotas da familia para impedir assim que outros lobos se aproximasse, ainda não entendia porque um beijo na testa, mas de alguma maneira o após esse beijo na testa o cheiro do lobo envolvia todo o corpo da pessoa como uma espécie de casulo de proteção.

Confesso que ouvi-la falar sobre mim me deixou um pouco alegre, algo dentro do meu ser se remexia sempre que ouvia sua voz ou sentia seu perfume e hoje no campo de treinamento tive certa dificuldade em me concentrar, afinal ela ficou o primeiro período inteiro na arquibancada. Sua amiga Rose parecia legal, fiquei feliz por não se deixar abalar pelo que Thalía fez.