— Vou lhe mostrar como será o seu trabalho. É muito fácil, não se preocupe — disse Theo, enquanto tirava o paletó, jogando-o no sofá, e avançava com passos predatórios.
Lucy estava apavorada. Estendeu a mão para pegar outro copo, mas ficou chocada ao perceber que já havia quebrado todos. Olhou ao redor, procurando uma saída além da porta, que Theo havia trancado e da qual guardava a chave no bolso. Havia outra porta, mas para alcançá-la, ela precisaria passar por ele primeiro.
Encurralada, sem saber o que fazer, Lucy pegou uma garrafa de uísque e a apontou em sua direção. Pensando que a fera talvez se importasse com o preço da bebida, ameaçou:
— Não se atreva!
— Isso vai lhe custar caro, boneca — disse Theo com um sorriso diabólico, enquanto desabotoava a camisa.
— Por que está assustada, hein? Não foi para isso que veio até aqui? Pelo dinheiro! Estou errado? Diga! — gritou ele.
— Pare ou vai se arrepender! — gritou Lucy com as mãos trêmulas, entre lágrimas.
Uma gargalhada sinistra ecoou pela sala, fazendo Lucy tremer dos pés à cabeça. Theo soltou outra risada enquanto se aproximava dela. Determinada a impedi-lo, Lucy atirou a garrafa em sua direção.
Theo se desviou a tempo, mas ficou furioso. Em passos apressados, alcançou-a, puxou-a pelos braços e a empurrou contra a parede.
— Por que está fazendo isso?! — soluçou Lucy.
— Pare de chorar. Isso é feio para uma mulher de trinta e cinco anos, não acha? — sussurrou ele com desprezo em seu ouvido.
Lucy tentou empurrá-lo, mas seu corpo magro e frágil não era páreo para a força do agressor. Com a mão esquerda, Theo prendeu os braços dela acima da cabeça. Com a outra, apertou-lhe o queixo, encarando-a com fúria.
— Por que abandonou seu marido? Não foi pelo dinheiro que veio até mim? Porque sou mais rico e mais poderoso que ele?
Lucy, tremendo de medo, presa ao olhar dele, não conseguiu dizer nada além de soluçar.
— Então me explique... para que todo esse teatro? — continuou ele, zombando.
— A minha vida pessoal não é da sua conta! — gritou Lucy, tentando encará-lo com firmeza.
— Sabe que tem razão. O que importa para mim é a sua eficiência na cama — disse ele no mesmo tom cruel, e começou a beijá-la à força.
Flashback de Theo:
Enquanto esperava sozinho no escritório pelo retorno do assistente com a mulher, Theo se lembrou de onde conhecia Lucy.
Mais ou menos dois anos antes, ele havia saído para jantar com a filha, em comemoração ao aniversário dela. Como a menina não quis festa com os colegas da escola, ele decidiu levá-la ao restaurante do hotel.
Estavam sentados à mesa, saboreando o prato favorito da menina — strogonoff de carne com batata frita —, quando Theo percebeu que Sophia olhava fixamente para uma mesa ao lado.
Seguindo o olhar da filha, Theo viu uma menina de cerca de quatro ou cinco anos sentada com os pais. A mãe a ajudava com tudo, limpava seu rosto quando se sujava, ouvia-a com atenção e sorria o tempo todo. A criança conversava sem parar e sua risada contagiava o ambiente. Parecia flutuar de tanta empolgação.
A beleza da mãe da menina causou em Theo uma tensão estranha. Era a primeira vez que ele sentia algo tão forte por uma mulher.
Ao se levantar para levar Sophia ao banheiro, Theo reparou novamente na mulher. Apesar da altura mediana — cerca de 1,60 m —, ela tinha o corpo curvilíneo, como o de uma sereia. O vestido preto na altura dos joelhos marcava suas formas, e o salto deixava seu corpo ainda mais elegante.
Ele afastou esses pensamentos imediatamente. Afinal, a mulher era casada e, pelo brilho no olhar, parecia feliz com o marido e a filha.
Minutos depois, mãe e filha voltaram de mãos dadas. A menina ficou boquiaberta ao ver um dos garçons segurando um bolo de aniversário, enquanto os outros funcionários se reuniam em volta da mesa, cantando parabéns.
Theo sentiu-se impotente por não conseguir evitar que a filha presenciasse aquela cena. Se soubesse, teria mudado completamente os planos daquela noite.
Inspirou fundo, tentando pensar em algo que distraísse Sophia, que agora observava a cena com os olhos brilhando.
— Meu Deus... o que dizer a uma criança que nunca conheceu o amor de uma mãe? — pensou, frustrado.
Por sorte, a mulher percebeu a presença da menina observando com um sorriso tímido. Então, antes que a filha assoprasse a vela, a mulher se aproximou e cochichou algo em seu ouvido. Segundos depois, a menina correu até a mesa onde Theo e Sophia estavam...
Catarina Khoury, de apenas seis aninhos, era filha única. Herdara a beleza da mãe e a inteligência do pai. Desde muito pequena, falava três idiomas. Embora o português fosse sua língua nativa, os pais também lhe ensinaram árabe, para que pudesse se comunicar com os familiares. Além disso, como Lucy era professora de inglês, fez questão de ensinar a filha desde cedo esse idioma também.
— Oi! Tudo bem? Eu me chamo Catarina. E você? — disse a menina, sorrindo.
— Sophia... — respondeu, tímida.
— Hoje é meu aniversário! — anunciou Catarina, empolgada.
Surpresa, Sophia olhou para o pai, que sorriu para Catarina e disse:
— É o aniversário da Sophia também.
Catarina abriu a boca, surpresa, e exclamou, olhando para a mãe:
— Mamãe, é o aniversário dela também!
O pai de Catarina levantou-se e veio cumprimentar Theo, que se pôs de pé ao reconhecê-lo. Yussef Khoury era um dos clientes frequentes do hotel — costumava almoçar e jantar ali durante reuniões de trabalho, além de realizar no Hotel Castelhano as festas de confraternização da sua empresa.
"Yussef Khoury, 40 anos, é um advogado renomado, amplamente conhecido por sua inteligência e competência profissional."
Yussef convidou Theo e Sophia para se juntarem a eles. Educadamente, e sem querer estragar o momento da família, Theo se desculpou, dizendo que havia surgido um imprevisto no restaurante que precisava resolver.
No entanto, ao perceber o olhar da filha, cheio de esperança, ele permitiu que ela participasse.
Theo caminhou até a mesa para agradecer à mulher também. Yussef a apresentou como sua esposa, Lucy.
Após os cumprimentos, Theo se retirou e saiu às pressas para tirar satisfação com seu assistente, Rafael, e com o gerente do hotel, Fernando.
Entrou em seu escritório furioso, quebrando tudo que via pela frente. Por pouco não demitiu Fernando pelo erro grave cometido.
— Como pôde esquecer?! Como?! — gritou.
— Me desculpe, chefe! — respondeu Fernando, com educação.
— E o que eu faço com as suas desculpas? A minha filha vai esquecer isso?!
Fernando permaneceu em silêncio. Naquele momento, nada seria capaz de acalmar a fúria de Theo ou justificar o erro cometido.
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Cisne
Que cara arrogante, grosso e sem vergonha 😡😡 se acha que o dinheiro é tudo 🤮🤮🤮
2023-03-13
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