Theo entrou em seu escritório com a imagem de Lucy gravada na mente.
— Conheço essa mulher... seu rosto me é familiar — pensou, caminhando até a mesa. Sentou-se na cadeira e apoiou a cabeça sobre uma das mãos, murmurando: — Tenho certeza de que já a vi em algum lugar... mas onde?
Rafael interrompeu seus devaneios.
— Com licença, estarei lá fora se o senhor...
— Chame aquela mulher. Vou lhe dar uma chance — Theo interrompeu.
— Como quiser, senhor. Com licença.
Rafael saiu apressado. Percebeu que Lucy já se dirigia à saída e, ao notar que ela não o ouvira, a alcançou e a segurou pelo braço com certo ímpeto.
Assustada, Lucy tentou se desvencilhar, mas ao reconhecer a voz, acalmou-se.
— Me desculpe se assustei você. O chefe está aqui e deseja falar com você. Por favor, me acompanhe — disse Rafael, soltando o braço dela.
Lucy o seguiu em silêncio por um corredor longo e mal iluminado. Pelo caminho, diversos seguranças, vestidos de preto, permaneciam imóveis como estátuas.
— Quanta segurança para o poderoso chefão — pensou, tentando distrair-se do nervosismo e acalmar o coração disparado.
Ao chegar à porta do escritório, Rafael bateu levemente e aguardou autorização para entrar. A voz grave que respondeu por trás da porta fez Lucy estremecer.
Rafael entrou, seguido por ela. Apresentou-a de forma formal e logo se retirou.
Lucy permaneceu parada, sem saber o que fazer. Theo parecia concentrado nos papéis à sua frente, sem levantar os olhos. Ela observou o ambiente: tons escuros predominavam, móveis de madeira marrom, sofá e cadeiras em tecido preto. Ao fundo, a mesa de trabalho; adiante, um sofá grande e confortável. Uma das paredes exibia uma televisão, e a outra, um bar embutido com diversas garrafas.
Foi surpreendida pela voz seca de Theo:
— Por quanto tempo pretende ficar aí admirando o lugar?
— D-desculpe — gaguejou.
Sem sequer olhá-la, Theo indicou que se sentasse.
— Mais um arrogante que se acha o centro do universo — pensou ela, irritada.
— Diga, por que está aqui, senhora... — ele pausou, como se tivesse esquecido o nome dela, enquanto folheava o currículo.
— Lucy. Meu nome é Lucy.
— Certo. Lucy — repetiu, ainda focado nos papéis. — E, respondendo à minha pergunta?
— Estou em busca de um emprego, senhor — respondeu ela, esforçando-se para manter a educação apesar da grosseria.
— Prossiga.
Lucy inspirou fundo.
— Se o senhor estiver ocupado, posso voltar em outra ocasião.
— Está com pressa, dona Lucy?
Ela arqueou a sobrancelha, incomodada.
— Não gosto de atrapalhar.
— Pode falar. Consigo ouvir sem precisar olhar para você — respondeu ele com desdém, fechando a pasta e guardando a caneta em seu suporte.
Pegando novamente o currículo, Theo a encarou.
— Aqui diz que seria seu primeiro emprego. Por que uma mulher da sua idade nunca trabalhou antes?
Constrangida, ela esfregou os dedos, tentando conter o nervosismo.
— Porque até pouco tempo eu não precisava.
— Hum... e o que mudou? Acabou o dinheiro?
— Sim — respondeu, seca.
O semblante de Theo se fechou. A próxima pergunta veio carregada de julgamento:
— E está disposta a ter contato físico com os clientes?
— Como assim? — perguntou, confusa e envergonhada pelo tom da pergunta.
— A vaga é para garçonete, dona Lucy.
— Entendi. Nesse caso, não posso — respondeu com firmeza.
— Por quê? Tem algo contra? — provocou, cruzando os braços.
— Claro que não. Apenas imaginei que fosse na cozinha ou no setor de limpeza.
Theo ficou em silêncio por alguns segundos, encarando-a. Levantou-se, foi até o bar e serviu-se de uma bebida.
— Aceita uma?
— Não, obrigada — respondeu, ainda mais desconfortável com o clima da conversa.
Sentindo-se arrependida por ter ido até ali, Lucy reuniu coragem para se levantar.
— Acho melhor eu ir. Desculpe o incômodo, senhor.
Antes que alcançasse a porta, foi surpreendida por uma frase:
— Tenho uma proposta para você. Disse que tem uma filha pequena, certo?
Lucy assentiu, sem compreender o rumo da conversa.
Theo esvaziou o copo em um único gole e serviu-se novamente.
— Com essa proposta, não precisará se afastar muito da filha. E nem trabalhar todas as noites. Serão apenas algumas, durante a semana.
Lucy se levantou abruptamente, indignada.
— Acho que o senhor entendeu errado. Com licença.
Ao tentar sair, sentiu as mãos dele em sua cintura. Assustada, virou-se de imediato.
— O senhor ficou louco?! Me solte! — gritou.
Theo a virou bruscamente, encostando-a contra a porta.
— Vai fazer o tipo santa agora? Conheço bem mulheres como você. Está aqui para ganhar dinheiro, não é?
— Me solte! O senhor não sabe nada sobre mim! — gritou, tentando se desvencilhar.
— É fácil largar o marido e sair por aí atrás de outro mais bonito e rico, não é, vagab...
Antes que terminasse, Lucy, tomada pelo desespero e memórias traumáticas, reagiu. Deu uma joelhada certeira nele.
Theo se curvou de dor, permitindo que ela abrisse a porta e saísse correndo, aos prantos.
Contudo, um puxão forte em seus cabelos a fez parar.
— Você não sai daqui antes de ser minha! — gritou Theo, furioso.
Arrastando-a de volta ao escritório, trancou a porta. Lucy, em pânico, procurou algo para se defender. Viu o bar e correu, começando a arremessar copos e garrafas na direção do agressor.
Theo, com um sorriso sinistro, caminhava lentamente, como um predador.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 96
Comments
Francisca pereira
que homem tarado é sem escrúpulos, credoooo
2025-07-25
0
Suel Helen Moraes
que loucura desse Theo 😲
2023-11-13
1
Cisne
Aí que medo
2023-03-04
1