Theo estacionou o carro em frente à entrada do hotel, desceu e entregou as chaves ao manobrista. Em seguida, caminhou até a recepção, onde foi imediatamente recebido por seu assistente pessoal, Rafael, e pelo gerente do hotel, Fernando.
— Senhor Castelhano, seja bem-vindo. — disse Fernando, com cordialidade.
— Bem-vindo de volta, chefe! — cumprimentou Rafael, acompanhando Theo, que, no entanto, não parou para saudá-los formalmente. Apenas acenou com a cabeça e, em tom sério, perguntou:
— Como estão as coisas por aqui?
— Tudo sob controle e conforme o senhor solicitou. — respondeu Fernando, com evidente orgulho.
— Chefe, este documento precisa da sua assinatura com urgência. Trata-se do desligamento da babá ocorrido na terça-feira. — explicou Rafael, entregando uma pasta preta com uma caneta.
— Ótimo. — disse Theo, respondendo a Fernando antes de parar para assinar os papéis. Após concluir, devolveu a pasta e a caneta a Rafael e seguiu em direção à recepção.
Rafael Martins 35 anos.
Theo é um dos poucos empresários que mantêm um assistente pessoal do sexo masculino. Ele simplesmente não consegue lidar com mulheres. Suas experiências com elas nunca foram bem-sucedidas — sempre achou que mulheres são complicadas, interpretam tudo de maneira errada. As únicas duas exceções em sua vida são sua mãe, sua filha Sophia e Dona Rute, a babá da menina.
Ao chegar ao hotel, Theo passou primeiro pela recepção. Sempre que ele entra em um ambiente de trabalho, todos os funcionários se levantam imediatamente. Ele é extremamente exigente, inclusive consigo mesmo.
Os colaboradores devem manter uma aparência impecável: uniformes sempre limpos e passados diariamente, cabelos penteados e barbas aparadas, no caso dos homens. As mulheres devem usar os cabelos presos em coques baixos, unhas curtas e bem cuidadas, esmalte claro, maquiagem leve e batons em tons suaves. O salto deve ser sempre baixo.
Dentro do hotel, há um espaço exclusivo para os cuidados pessoais dos funcionários, onde podem cuidar dos cabelos e das unhas — tudo custeado pela empresa.
Após verificar a recepção, Theo seguiu para o restaurante. O ambiente precisava estar impecável. Ele observou tudo com atenção: os pratos brancos com o logotipo do hotel — C&H, iniciais de Castelhano Hotels — em preto, os talheres brilhando, os guardanapos brancos dobrados com perfeição, também com o logotipo estampado. Cada detalhe era inspecionado minuciosamente.
Em seguida, visitou a cozinha, onde costuma passar mais tempo. Observa atentamente a conduta de cada funcionário, o nível de higiene do ambiente e a apresentação final dos pratos. Nesse setor, o silêncio é regra. Todos devem usar avental branco, que vai até a metade das canelas, e touca cobrindo completamente os cabelos. Apenas o chef tem permissão para falar, e apenas para dar comandos.
Depois, Theo passou na sala de segurança e monitoramento. Lá também, além da aparência irrepreensível, os profissionais devem estar atentos a qualquer movimentação, dentro ou fora do hotel. Ele não tolera descuidos, conversas paralelas ou cochilos durante o expediente.
Paga o dobro do salário médio de mercado, e em troca exige ética, comprometimento e responsabilidade absoluta. Não é à toa que o Castelhano Hotels é um dos mais renomados do país, frequentemente recebendo celebridades e políticos.
Theo é filho único do senhor Vítor e da senhora Luiza Castelhano, fundadores do hotel. Cresceu entre os corredores do lugar. Foi o pai quem lhe ensinou tudo sobre o negócio: como tratar os clientes, o que exigir dos funcionários e como recompensar os que se destacam. Já adulto, Theo cursou Administração e, ao assumir a empresa, expandiu os negócios com mais duas filiais em outras cidades do mesmo estado. Embora menores, seguem os mesmos padrões rígidos da matriz.
Após elogiar Fernando pelo trabalho e fazer algumas observações sobre detalhes que chamaram sua atenção, Theo se despediu e caminhou até o elevador, rumo à boate, acompanhado de Rafael. Deixava esse espaço por último, pois os assuntos ali costumavam ser mais delicados.
— Chefe, como mencionei ao telefone mais cedo... — começou Rafael, entregando novamente a pasta preta, desta vez com um currículo em mãos — À tarde, apareceu uma mulher procurando emprego. Achei ela muito estranha.
— Estranha de que modo? — Theo perguntou, pegando a pasta sem olhar para o assistente. Entraram no elevador, e Rafael apertou o botão do subsolo, onde ficava o andar executivo da boate. Ele continuou:
— Tudo nela me pareceu estranho, chefe. Fala com sotaque, tem uma aparência de quem nunca precisou trabalhar... Não sei, tive um pressentimento ruim. Parece que veio só para espionar o senhor e saber como as coisas funcionam aqui.
Theo nem chegou a ler o currículo de Lucy. Fechou a pasta, devolveu-a com desdém e disse friamente:
— Dispense-a. Não estou com cabeça para lidar com uma presença feminina agora.
— Como o senhor preferir. Eu disse a ela que o senhor estava viajando e que só voltaria à noite. Caso ela volte, eu mesmo a dispenso.
Quando o elevador se abriu, Theo saiu em direção ao seu escritório, nos fundos da boate, atrás do balcão. No caminho, cumprimentou alguns clientes. De repente, uma onda de calor percorreu seu corpo ao perceber para onde Rafael indicava com um leve movimento de cabeça.
— Parece que ela voltou, chefe. — a voz de Rafael o trouxe de volta à realidade — É aquela mulher ali.
Lucy estava parada em um canto discreto, encostada na bancada onde os pedidos eram feitos, observando o movimento ao redor. Estava tão absorta em seus pensamentos que nem notou os olhos intensos e intimidadores de Theo fixos nela.
Seu coração disparava só de imaginar a possibilidade de ser contratada. Vir ali todos os dias, ou melhor, todas as noites...
"Meu Deus! O que estou fazendo aqui? Meu avô me mataria se soubesse que estou pensando em trabalhar neste lugar. E minha filha... O que ela pensaria de mim no futuro?" — pensou, tomando um gole de água para tentar aliviar a garganta seca de ansiedade.
"Lucy, sua idiota! Ficou maluca? Esse lugar não é para você." — repreendeu-se mentalmente. Tomou outro gole, pousou o copo na bancada e pediu a conta. O atendente, no entanto, não lhe cobrou nada. Ela agradeceu, preparou-se para sair, mas, antes que pudesse dar um passo, foi surpreendida: alguém a puxou pelo braço.
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Cisne
Coitada!! Será que vai perder a filha?!
2023-03-03
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