— Enfim, casa! — Theo respirou fundo ao fechar a porta do hall de entrada. O ambiente estava silencioso e impecavelmente limpo. Ele consultou seu relógio Rolex prateado, que marcava 9h30 da manhã.
— Ainda dá tempo! — murmurou, abrindo um sorriso. Subiu as escadas cantarolando e, antes de entrar no próprio quarto, passou pelo quarto da filha, onde deixou um presente sobre a cama, seguindo depois o seu caminho.
Tomou um banho quente para aliviar o suor e o cansaço da viagem. Theo havia passado os últimos dias fora da cidade, cuidando dos negócios relacionados à inauguração de mais um hotel.
Saiu do box com uma toalha enrolada na cintura, aplicou desodorante, colocou a toalha no cesto de roupas sujas e caminhou até a cama. Programou o despertador do celular para as 11h15 e se deitou. Poucos minutos depois, já dormia profundamente.
Theodor Ferrarini Castelhano, conhecido como Theo, tem 43 anos, mede 1,89 m de altura, é pai solteiro e um empresário renomado, proprietário de três hotéis cinco estrelas.
Às 11h15, Theo desligou o despertador, foi até o banheiro, realizou sua higiene matinal e seguiu para o closet. Vestiu uma bermuda bege, camiseta preta e tênis da mesma cor. Após aplicar seu perfume favorito, abriu a gaveta onde guardava os relógios e escolheu um modelo preto. Em seguida, saiu do quarto e pegou o celular sobre a cômoda ao lado da cama.
Desceu as escadas, bebeu um copo de água, colocou-o na máquina de lavar louça e saiu de casa, trancando a porta.
Entrou no carro e dirigiu até a escola da filha, Sophia, que ficou surpresa ao vê-lo esperando por ela na secretaria.
Theo a cumprimentou com um abraço caloroso, pegou a mochila da menina, agradeceu à diretora da escola e saiu com a filha. Passaram no restaurante favorito dela para almoçar e, após a sobremesa, retornaram para casa.
Ao entrar no quarto, Sophia notou o presente sobre a cama. Inspirou fundo, caminhou até o banheiro, tomou banho e, depois, sentou-se à escrivaninha para fazer as tarefas escolares.
Theo permaneceu na sala e telefonou para a empresa responsável pela última babá. Reclamou da falta de ética da funcionária — a quem precisou dispensar — e ameaçou processar a empresa pelo que ela havia feito à sua filha.
A gerente da agência pediu desculpas, implorou por uma nova chance e prometeu encontrar uma profissional que atendesse a todos os requisitos exigidos por ele.
Insatisfeito com as desculpas, Theo respirou fundo e entrou em contato com outra empresa, que se comprometeu a enviar uma nova candidata no dia seguinte.
Ao encerrar a ligação, levantou-se e foi até a máquina de café. Colocou uma cápsula de café expresso e a xícara na posição correta. Enquanto aguardava, telefonou para seu braço direito, Rafael, que apresentou um relatório completo sobre a rotina da empresa durante os dois dias de ausência de Theo.
Rafael também relatou a presença de uma mulher desconhecida que passou a tarde procurando emprego. Theo não demonstrou interesse em saber mais sobre ela ou os motivos da desconfiança de Rafael. Finalizou a chamada e subiu para ver a filha.
Bateu à porta, e a voz de Sophia logo o autorizou a entrar. Seu semblante entristeceu ao perceber que ela ainda não havia aberto o presente. Sentou-se no puff ao lado dela, pegou a caixa e perguntou:
— Não está curiosa para saber o que tem dentro?
— Vou terminar a tarefa e depois abro — respondeu Sophia, sem olhar para ele.
— Precisa de ajuda, filha? — perguntou ele, com carinho.
— Não, estou terminando — dessa vez, ela o encarou com um sorriso no rosto.
Theo esperou em silêncio até que ela terminasse. Seu olhar carregava mágoa e frustração ao perceber o semblante abatido da filha.
Sophia guardou o material escolar, pegou o presente e desamarrou o grande laço rosa que enfeitava a caixa. Abriu um sorriso tímido ao ver o kit escolar de unicórnio que o pai trouxera. Colocou o presente sobre a escrivaninha e o abraçou em agradecimento.
Arrasado por não saber como recuperar o brilho do sorriso da filha, Theo sugeriu que descessem até o jardim para conversar.
Ele contou tudo o que fizera durante os dois dias de viagem e perguntou sobre as aventuras da menina. Mas ela limitou-se a repetir sua resposta habitual:
— Foi legal.
Sophia passou a tarde deitada no colo do pai, no balanço-sofá do jardim. Às 19h, Theo pediu uma pizza de pepperoni e quatro queijos — os sabores preferidos da filha. Após o jantar, ele a colocou na cama e despediu-se com carinho.
Antes de sair, deu ordens aos dois seguranças que permanecem fixos na entrada da casa: que ficassem atentos caso Sophia precisasse de algo e que o mantivessem informado sobre qualquer coisa.
Sophia Gonçalves Castelhano, 11 anos, filha única, é uma menina introvertida e extremamente inteligente.
Pousada de Clara
Lucy se despediu de suas meninas, Clara e Catarina, e entrou no carro. Estava ansiosa — era a primeira vez que saía sozinha à noite. Costumava sair sempre acompanhada do marido, Yussef, ou, eventualmente, do motorista da família.
Agarrou o celular com força, tentando disfarçar a tensão, e passou a observar o caminho ao redor, acompanhando o trajeto pelo aplicativo de transporte.
O motorista, como muitos outros antes dele, não resistiu à curiosidade e iniciou a série de perguntas que Lucy já conhecia de cor:
— Você não é brasileira, né?
— É argentina?
— De onde você é?
— Está gostando do Brasil?
— Faz muito tempo que mora aqui?
— Nossa, fala muito bem o nosso idioma.
Como de costume, Lucy respondeu com monossílabos — “sim”, “não”, “um pouco” —, tentando, educadamente, evitar conversa.
Ao chegar ao destino, pagou o motorista, desceu do carro e enviou uma mensagem para Clara avisando que havia chegado bem. Em seguida, respirou fundo e entrou para encarar o que considerava seu verdadeiro desafio.
Desceu pelo elevador até o andar executivo, onde se localizava a boate. Assim que as portas se abriram, o som alto da música e das conversas já tomava conta do ambiente.
A iluminação era baixa, e o lugar exalava uma energia que lhe era totalmente estranha. O coração de Lucy acelerou, e as mãos começaram a suar frio. Era a primeira vez em sua vida que entrava em um lugar como aquele.
Por sorte, o espaço ainda não estava muito cheio, o que lhe permitiu alcançar facilmente o balcão do bar. Aproximou-se do bartender e se apresentou, elevando levemente a voz para ser ouvida em meio ao barulho.
O rapaz, educado, pediu que ela aguardasse, pois o chefe ainda não havia chegado. Ofereceu algo para beber, e Lucy, com a garganta seca pela ansiedade, pediu apenas um copo de água.
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Cisne
Acho que a tristeza da filha dele tem algo a ver com a mãe ou estou errada?!
2023-02-27
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