Nunca me chame de mentiroso

Ali estava à sensação de pertencimento, calma e proteção novamente, mesmo com sua voz e olhares frios algo me dizia que isso era apenas uma casca, que por dentro teria aquele homem que conheci no rio.

Enquanto meu pai fazia o seu discurso que a comunidade finalmente estaria em paz e agora com uma aliança já que sua linda filha estava prometida ao casamento com o grande Alfa Dodsdemon.

Ao ouvir seu nome sinto meu corpo gelar, afinal todos nem pronunciavam seu nome por medo dele ouvir e acabar te matando, mas pensando melhor ele se aproximou de mim sabendo quem eu era? Eu vou me casar com ele? Disso a Luna não me alertou.

— Você? — me viro para ele mesmo na frente de todos e ele apenas me olha sério e frio, mas meu sangue agora fervia de raiva com a possibilidade de ele ter sido falso comigo.

— Depois.

— O caramba, quero respostas e quero agora — escuto Brat rir baixo, mas ele não se preocupou, afinal Brat era o único próximo para ouvir nossa conversa, mesmo que os olhares de todos estavam cravados em nós.

— Lhe darei — Brat o olho curioso — No momento certo.

— Mentiroso — tento me soltar, mas ele me puxa mais contra seu corpo enquanto vamos saindo do meio de todos, seu aperto era firme nos parando entre seus lobos.

— Nunca me chame disso — ele se aproxima do meu rosto falando baixo assim como Brat fez com a minha mãe, mas eu não corri, não tinha medo dele, na verdade, não tenho medo da morte.

— Não será assim que vocês vão se dar bem, por favor Dods — Brat se aproxima, mas não me mexo ou abaixo o olhar — Eita, poha que ela não corre de você — ele tampa seu rosto para não mostrar que estava segurando o riso.

— Vamos ver depois que os comentários começarem — ele responde Brat ainda olhando firme nos meus olhos procurando alguma reação.

— Que comentários? — merda, tem mais coisas que não me contaram? Como se isso fosse novidade, eles nunca me contavam nada mesmo, ele volta a andar me puxando junto ao seu corpo.

— Bem que você falou — Brat comenta, mas não me respondem, então resolvo travar no meio do caminho.

— Por que parou? — os dois me olhavam atentos.

— Que bom, agora sabem que estou aqui, quero respostas.

— Já disse que terá — ele me responde olhando nos meus olhos, aquela pose fria não estava mais ali, então aquele homem do rio realmente existe ou ele mentia muito bem.

— Afirmo que não acredito em mentiroso — estava o irritando? Sim, estava, mas preciso de respostas e apenas perguntando ele não me respondeu, então vou usar outros métodos, falo dando alguns passos para frente deixando os dois para trás.

— Isso vai ser ótimo — Brat sai rindo passando por mim enquanto Dodsdemon vem em minha direção rindo.

— Você me obrigou, agora não reclame — quando pisco ele me joga em seu ombro me carregando para fora com todos nos olhando.

— Me solta — tento me soltar batendo nas suas costas, mas ele parecia nem sentir — Pelo menos cuida para ninguém ver a minha bunda?

— Brat — ele o chama um pouco mais alto.

— Já ouvi — ele joga uma manta, eu acho, que logo Dods joga por cima da minha bunda.

— Poderia ter me colocado no chão — já quase saindo do centro e indo para algum lugar que não faço ideia de onde seja.

— Aqui está mais gostoso.

— Não acredito nisso — ele agora gargalhava chamando mais atenção ainda por onde estávamos passando.

— Me coloca no chão — volto a falar após um tempo sendo carregada em seu ombro.

— Não.

Não sei de onde tirei tanta coragem, mas aproveitei que estava pendurada de ponta cabeça nas costas, estico meus braços e vejo que dava a altura certa da sua bunda, aproveito o balanço do seu andar e acerto um tapa na sua bunda.

Brat não se aguenta e começa a gargalhar assim que ele para de andar, neste momento percebo a merda que eu fiz, pois, minha bunda também está a sua disposição e comparando a minha mão com a dele eu estava em desvantagem.

— Tem certeza?

— Claro que não, apenas quero que me coloque no chão — tento me soltar e pelo jeito surtiu efeito, pois ele me desceu, mas suas mãos estavam a minha cintura me mantendo colada ao seu corpo.

Quando tive a visão de seu rosto ele sorria, merda ele não deveria estar sorrindo, tento me afastar de seu corpo, mas ele me puxa fazendo nossos corpos se chocarem um contra o outro.

— Por que quer andar? — ele olhava para baixo, pela nossa diferença de altura ainda sorrindo.

— Está rindo do quê? Deveria estar irritado, agora me solta — apoio minhas mãos em seu peito o empurrando, mas não consegui me mexer.

— Irritado pelo tapa? — confirmo com a cabeça olhando ao redor — Há entendi, acha que vou sentir vergonha, você nunca saiu da sua alcateia? Você nunca namorou? — nesta última pergunta percebo que sua voz alterou.

— Nunca.

— Nunca o quê? — sua voz estava mais grossa que o normal e seus olhos estavam ficando negros.

— Para as duas perguntas, é seu lobo? — pergunto tocando em seu rosto e sinto seu corpo ficar tenso, mas mesmo assim ele confirma com a cabeça — Ótimo, alguém com juízo — volto a andar, mas dou apenas alguns passos, pois ele me pega novamente no colo, mas desta vez me joga em suas costas segurando minhas pernas, acabo encostando a minha cabeça em ombro e sem perceber pego no sono.

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