Capítulo 6

Leonor e Alicia caminhavam pela calçada em silêncio, seguiam a madre superiora que com uma carranca séria guiava as jovens até a igreja.

— Esperem aqui, me confessarei primeiro.

A velha mulher falou com autoridade caminhando em direção a sacristia.

— Ande logo.

Alicia sussurrou a Leonor que a encarou preocupada.

— Eu não vou.

— O que?

— Não vou, se a irmã Candelária descobre que eu saí estarei enrascada.

— Não seja boba, ela vai demorar uma eternidade naquele confessionário, sabe o quanto ela é neurótica quanto as penitências, não vai dar um toco em um Deus grego como o Thiago.

Leonor respirou fundo se pôs de pé, arrumou em seu corpo o hábito amassado e o véu.

— Que Deus me perdoe.

Caminhou depressa em direção aos grandes portões da igreja, do lado de fora um carro preto esperava por ela.

— Senhorita Leonor Giordano?

— Sim.

— Thiago Ferragamo espera pela senhorita.

Leonor olhou para os lados temendo ser vista , sabia que bastava um único burburinho ou comentário malicioso das beatas que frequentavam a igreja para botar em risco a reputação pela qual havia presado todos os anos em que esteve resguardada dentre os muros do convento, ao entrar no carro tirou o véu que cobria seus cabelos, os ajeitou como pôde em um coque desconstruído, estava envergonhada pela forma como estava vestida, nem de longe os trages castos que usava eram algo atraente, Leonor se auto depreciou por pensar daquela forma, seria apenas um café, algo inocente com um homem lindo e educado que acabava de conhecer, sabia que não deveria estar alí mais que mal haveria em um simples encontro entre amigos? eram amigos afinal ele havia dito, para alguém inocente e pura como ela a palavra era lei, homens tinham que mantê-las não importava a situação em que estivessem.

— Senhorita.

Ouviu em tom respeitoso assim que abriu a porta diante dela, Leonor caminhou em direção ao How, segurava firme o véu em sua mão.

— Com licença, estou aqui para ver Thiago Ferragamo.

A recepcionista olhou para ela com um olhar frio de julgamento.

— Me acompanhe, ele espera por você em sua suite.

— Suíte?

Os olhos de Leonor se arregalaram em seu delicado rosto.

— Ele disse que me esperaria no restaurante do hotel, tem certeza que ele pediu para encontrá-lo na suite?

A mulher não respondeu, apenas continuou caminhando, apertou os botões do elevador apontando para dentro dele quando se abriu.

— O senhor Ferragamo lhe espera no quarto 322, é a cobertura não haverão outros no andar.

Leonor caminhou como se andasse para morte, seu corpo se tremia e um frio gélido doía em seu estômago, enquanto percorreu o caminho que dava acesso a suíte pensou mil vezes em desistir, voltar para trás e quase o fez, quando se pôs de costas para correr novamente até o elevador ouviu a voz rouca de Thiago ecoar como um trovão pelo corredor.

— Leonor.

Ele disse.

— Que bom que veio.

A jovem se virou com a face sultimente corada, os braços cruzados frente ao corpo não escondiam o medo e exitasão.

— Disse que tomariamos um café, no restaurante e não em seu quarto.

Ele Caminhou até ela, as mãos em seus bolsos davam a ele um ar ainda mais misterioso.

— Achei que teríamos mais privacidade em minha suite, imagino que não queira que todos a vejam em minha companhia? está usando hábito e saberiam que está vindo de um convento.

Ela o encarou receosa, Thiago tocou seu rosto de um jeito gentil e sorriu maléfico quando ela não se afastou.

— Confie em mim, estará segura em meu quarto, não faríamos nada demais não é mesmo?

Ofereceu a mão a Leonor que a segurou trêmula, Thiago abriu a porta de seu quarto, uma mesa grande de café da manhã havia sido posta bem no meio da suíte, nela as coisas mais deliciosas que podiam ser oferecidas em uma refeição.

— Está esperando mais alguém?

Ela perguntou em tom quase inaudível.

— Não, somos apenas nos dois.

Puxou a cadeira para que ela se sentasse .

Thiago a serviu com um sorriso falso em seu rosto, naquela mesa conversaram por horas e tudo se repetiu nos dias seguintes que vieram, sempre o mesmo ritual, da missa para o hotel, o homem parecia interessado em tudo, completamente tudo o que ela dizia, Leonor nunca havia se apaixonado então sequer se deu conta que aos poucos Thiago plantava faceiro o sentimento nunca conhecido em seu coração.

— Então é filha unica?

— Na verdade é quase isso, minha mãe já tinha um filho de um casamento anterior quando se casou com papai, eles morreram em um assistente quando eu tinha três anos, hoje somos apenas meu pai e eu.

Levou a boca um torrada coberta por geleia de framboesa, Thiago a encarou de forma vazia se deu conta que Felipo Giordano sempre seguia um mesmo patrão para fazer suas vítimas, mulheres viúvas ou separadas com um filho pequeno, estavam sempre sozinhas ou mais facilmente manipuláveis quando ele se aproximava delas.

—E você? seus pais?

Os olhos de Thiago tinham ódio vivo estampado, disfarçou levando a boca a xícara de chá que tinha às mãos.

— Eu e Guilhermo somos órfãos, minha mãe faleceu a dez anos, nosso "pai" pouco tempo depois.

— Sinto muito.

— Não sinta.

Falou mais ríspido do que planejou fazendo com que ela se assustasse.

— Me desculpe, esse assunto é algo um tanto quanto difícil para mim.

Leonor segurou sua mão na intenção de consola-lo largou ao ver seu olhar profundo e intenso cair sobre ela, escuro como a noite.

— Tenho que ir.

Se pôs de pé, Thiago fez o mesmo ficando frente a frente com sua face, os olhos de Leonor o encaravam de um jeito inocente enquanto os dele eram como duas lâminas afiadas cravados em sua alma.

— Por favor, fique.

Tocou seu rosto a fazendo arrepiar, Leonor fechou os olhos sentindo um arrepio quente percorrer sua pele.

— Eu, eu não posso, a essa altura Irmã Candelária já deve ter dado por minha falta.

— Então prometa-me que irá voltar.

— Quando?

— Amanhã.

— Não sei se posso.

— Quando então?

— Na virgília, será em três dias todas as freiras iram estar em um retiro, ficarão somente as noviças, mais é tarde.

Levou a mão a cabeça.

— Te espero, a buscarei eu mesmo.

Leonor sorriu.

— Então virei.

Se virou em direção a porta mais foi impedida por ele, Thiago segurou seu queixo com as pontas dos dedos, selou de um jeito gentil um beijo no canto da boca da moça que o encarou assustada, a delicada mão tocou os lábios com se estivesse hipnotizada.

— Até mais anjo.

Thiago se sentou em sua poltrona quando ela saiu, acendeu um charuto com um olhar vazio em seu rosto, sem coração ou piedade aguardava o momento certo para dar mais um passo a caminho do golpe perfeito.

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Comments

Joelma Portela

Joelma Portela

o desgraçado do Felipo matou a mãe e o irmão da Alicia

2024-04-11

2

Nil

Nil

Quero ver onde vai se dar esta vingança, não tiro a razão dele, só não concordo dele usar a menina, mais vamos lá aguardar o que a escritura vai determinar

2024-03-24

0

Nil

Nil

E muito interessante quando existe uma vingança, aí é que fica picante a narrativa, pois aí se apaixona e vem a tona o desejo do amor e a razão /Hey//Hey//Hey//Hey/

2024-03-24

0

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