Após o Dr. Daniel fazer todos os exames e ver que eu estava completamente bem, ele puxou uma cadeira e se sentou ao lado da cama onde eu estava deitada.Em momento algum ele permitiu que eu me movimentasse ou que retirasse lençol que cobria o meu corpo.Eu já estava começando a estranhar a forma como ele estava agindo.
- Aurélia, você se lembra do que aconteceu ? - ele me perguntou.
Pensei por um breve momento.Levou alguns segundos para que as memórias do momento em que o carro estava capotando voltassem a minha mente.E em resposta a as lembranças, acabei apertando fortemente os meus olhos na tentativa de esquecer tudo.
- Sofremos um acidente de carro. - eu respondi ainda com os olhos fechados.
- Exatamente. - concordou o médico. - Mas agora, eu preciso que você seja forte para o que eu vou te contar. - falou ele em seguida.
- Sobre o que ? - perguntei confusa.
- Aurélia, você ficou em coma por um mês. - respondeu ele.
- Um mês ? - repeti surpresa.
- Exatamente.E enquanto você estava desacordada, aconteceram algumas coisas. - disse ele.
- Que coisas ? - perguntei preocupada.
- Antes de falarmos sobre isso, eu tenho que te comunicar que a sua mãe não conseguiu resistir aos ferimentos causados pelo acidente.Eu sinto muito. - contou o médico.
Senti uma dor atravessar o meu coração.A minha mãe era a minha melhor amiga.E saber que ela havia morrido por causa de um acidente destroçou o meu coração.Lágrimas inundaram os meus olhos imediatamente e caí em prantos.
- Minha mãezinha. - soltei entre os soluços enquanto levava as minha mãos até o meu rosto.
Então eu senti algo estranho.Só a minha mão direita havia tocado o meu rosto.Por isso, ergui todo o lençol que me cobria.Dando de cara com o lugar do meu braço esquerdo e da minha perna direita completamente vazios.
- O que aconteceu comigo ? - eu perguntei nervosa.
- Seu braço e sua perna ficaram presos nas ferragens do veículo onde você e seus pais foram encontrados.Você chegou a tempo de ser salva e os seus membros foram tratados para que pudessem se recuperar totalmente.Porém, depois de duas semanas do seu acidente, tanto o teu braço como a sua perna necrosaram e tiveram que ser amputados.Eu sinto muito. - respondeu o médico.
- Então o senhor quer dizer que além de eu ter perdido a minha mãe, eu me tornei uma pessoa deficiente ? - eu perguntei ao Dr. Daniel enquanto eu olhava o nada.
- Sim.Sinto muito. - respondeu ele.
- Por favor, pare de dizer que sente muito. - eu pedi um tanto irritada.
Assim que lhe pedi isso, voltei a chorar desesperadamente.Como eu iria conseguir viver dali pra frente sem um braço e uma perna ? O que seria de mim ?
Por conta disso, tive um ataque de pânico e precisei ser sedada para que eu pudesse me controlar.
Foi extremamente difícil aceitar a minha nova condição durante os três primeiros meses.E para tentar me incentivar, meu médico sem se importa com quanto iria custar, comprou as minhas próteses.Ele havia dito que tinha pedido elas para que se parecessem o máximo possível com os membros de verdade que eu havia perdido.E por isso, eles tinham articulações e o meu braço e mão esquerda se meviam como se fossem de verdade.
Após esse ato de generosidade, eu não consegui mais continuar dizendo para mim mesma que não seria ninguém.Me levantei daquela cama de hospital e comecei a fazer fisioterapia para voltar a andar.Não foi fácil, mas todo esforço valeu a pena.
~ Dias atuais ~
Me acordei num tranco e completamente ofegante.Reviver o momento do acidente era muito difícil para mim.Eu sonhava com isso constantemente, mas optei por não contar ao meu pai sobre isso.Eu não queria preocupa-lo.
Ainda sentada no sofá, virei a minha cabeça na direção da cozinha após notar que a luz de lá estava acesa.Me levantei tentando fazer o mínimo de barulho possível e fui ver o porquê da luz estar ligada.
Assim que entrei na cozinha, vi o meu pai tentando ligar o forno do fogão.
- O que está tentando fazer ? - perguntei enquanto cruzava os braços.
- Tentando colocar o macarrão com queijo no forno.Mas não sei como ligar isso aqui. - respondeu ele enquanto coçava a cabeça.
- Deixa que eu faço isso pai.Vá se trocar. - eu falei rindo.
Sem ter como discordar, meu pai subiu as escadas indo até o seu quarto e só desceu depois de ter trocado de roupa.Eu estava colocando o macarrão em cima da mesa quando ele retornou a cozinha.
- Você caprichou no jantar hoje. - ele comentou enquanto se sentava.
- É pra comemorarmos.Até fiz o nosso bolo favorito. - eu respondi enquanto o servia.
- E o que vamos comemorar ? - perguntou ele animado.
- O senhor está olhando para a nova assistente pessoal do senhor Henrique Henderson. - eu respondi.
- Eu sabia que você conseguiria minha filha.Meus parabéns. - disse o meu pai quase gritando.
- Obrigada pai. - agradeci sorrindo.
- E quando você começa ? - perguntou ele.
- Semana que vem. - eu respondi.
- Fico muito feliz por você.Tenho certeza de que a minha menina fará coisas grandes. - falou o meu pai todo orgulhoso e eu sorri ao ouvir as sua palavras.
Aproveitamos o nosso jantar e depois atacamos a sobremesa.Depois que a minha mãe se foi, meu pai se tornou o meu único amigo e eu amava passar o máximo de tempo possível com ele.E vê-lo feliz com o meu sucesso, já era mais do que o suficiente para me fazer feliz.
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Atualizado até capítulo 105
Comments
Lena Macêdo E Silva
Deus não escolhe os capacitados mas sim capacita os escolhidos!
sou uma entusiasta a história de superação e admiro muito pessoas que si superam diariamente com garra, força, coragem, dedicação e determinação. a elas meus aplausos e tiro o chapéu 👏👏👏👏🤝💗 desde de criança presencio e me alegro com as minhas e dos outros não digo deficiência mas peculiaridades e dons especiais de cada um de nós que somos seres únicos e importantes.
2022-08-09
5
Joana Monteiro
essa é muito boa
2022-02-22
0
Vanessa Martins
encontrei sua história hj estou amando parabéns
2020-11-13
6