capítulo 14

#REBECA#

Estava um caus lá fora, só dava para ouvir as balas e os gritos de apavoro.

Não era tão diferente de tudo o que eu passei na infância, então, não sentia medo, só aflição por causa da minha filha.

Acho que a troca de tiros, durou uma hora, mais ou menos, e de repente, parou, ficando em silêncio absoluto.

Depois de um tempo, ouvi passos na escada, fui para trás da mesa, para tomar distância.

Logo depois, um homem negro, abriu a porta com uma escopeta nas costas e uma revólver na mão.

Ele me olhava com malícia, ele pegou o rádio e disse para alguém do outro lado.

HOMEM - Patrão, encontrei a mina do Soberano.

HOMEM 2 - Traz ela para mim, vamos tentar ganhar tempo.

Ele guardou o rádio e veio na minha direção.

Quando ele estava perto o suficiente, aproveitei a distração dele, o desarmei, dei um empurrão nele e sem exitar, atirei.

Sabia que não dava mais para esconder o meu passado do Guilherme, então me sentei e esperei.

#SOBERANO#

Enfrentamos os malucos que estavam a tentar invadir, e apesar de ter durante algum tempo, foi fácil de mais.

Após algum tempo em silêncio, eu escutei um tiro, assustado, voltei correndo para o QG.

Chegando na minha sala, me deparei com a Rebeca sentada na mesa, segurando uma arma, e o corpo de um homem no chão.

Mandei tirarem o homem dali, e fiquei observando a Rebeca, ela não esboçou nenhuma reação, nada.

Depois, quando estávamos sozinhos, eu me sentei na frente dela e perguntei.

SOBERANO - Quem é você?

REBECA - Eu não sou ninguém.

SOBERANO - Não vem com essa, você desarmou um homem que era o dobro do seu tamanho, me conta a verdade, por favor.

Ela respirou fundo, olhou para os meus olhos e disse.

REBECA - O meu nome Olivia Rebeca Santoro.

SOBERANO - Filha do Roberto Santoro?

REBECA - Sim, conhece o meu pai?

SOBERANO - Todo bandido conhece o maior mafioso de São Paulo, ele esta te procurando, tem até recompensa.

REBECA - Imagino.

SOBERANO - Por que fugiu?

REBECA - Aconteceu a quase cinco anos, eu tinha um irmão que ficou muito doente, o tratamento era muito caro e os meus pais me disseram que estavam falidos, eu era executora, não me metia nessa parte dos negócios deles, então, não questionei nada do que disseram. Nessa época, eu namorava um cara, ele disse que pagaria o tratamento do meu irmão se eu me casasse com ele, eu não o amava, só estava com ele, por pressão dos meus pais.

SOBERANO - Você é casada?

REBECA - Não, consegui a anulação com a ajuda de um amigo.- Ela respirou fundo e continuou.- Eu aceitei a proposta, o meu irmão era só uma criança, tinha muito o que viver, ficamos dois meses noivos, eu acreditava que o meu irmão estava fazendo tratamento e estava melhorando.- Disse começando a chorar.

SOBERANO - O que aconteceu depois?

REBECA - O meu irmão foi parar no hospital, dias depois do meu casamento, fomos para o hospital, onde ele morreu de overdose.- Ela disse, e eu fiquei chocado.

SOBERANO - O que? Ele não estava doente?

REBECA - Foi essa mesma pergunta que eu fiz aos meus pais.- Disse limpando as lágrimas.- Os questionei e a minha mãe com lágrimas nos olhos de arrependimento, confessou que eles haviam envenenado o meu irmão, para que eu me casasse, eles nunca estiveram falidos.

SOBERANO - Eu sinto muito.

REBECA - Voltei para a casa do meu marido, achando que teria apoio, mais foi justamente o contrário, encontrei ele na cama com uma prima minha, quando cobrei explicações, ele me bateu e me trancou em um quarto na ala dos empregados, onde só ia lá para me bater ou me estrup@r, em uma dessas vezes, a Juliana foi concebida.

SOBERANO - Como fugiu?

REBECA - Depois que a Juliana nasceu, todos na casa surtiram, eles queriam um menino, para o Patrick, recebesse a herança do pai, então, eles queriam dar um fim na minha filha, para que eu pudesse engravidar de novo. Quando um dos capangas da casa, abriu a porta, eu me escondi atrás dela, e com um garfo, furei a veia cefalica, peguei a Juliana e fugiu.

Não disse nada, só a abracei, ela precisava de carinho e apoio, coisa que nunca deram a ela.

Agora entendo o motivo dela acordar gritando, o que ela passou não deve ter sido fácil, mais eu pretendo curá-la, darei o amor que lhe foi negado.

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