Capítulo 13

Eles enfim acabam sentando no chão em cima do lençol para comer. Enquanto isso, Emily procurava ao redor alguma coisa boa no quarto, mas não encontrava nada. Até o cheiro era ruim, exalando mofo de uma parede com infiltração.

Emily - Sabe aquele caderno que eu perdi? Eu escrevia minha vida nele.

De repente, ela começa a se abrir, e Aidan presta toda a sua atenção nela.

Emily - Eu comecei a escrever depois que ele morreu.

Aidan - Ele? O cara que te deu esse anel?

Emily - Ele não chegou a me dar esse anel, não houve tempo.

Inesperadamente, um rato enorme passou pelo quarto e entrou em um buraco na parede. Ambos se levantaram rapidamente.

Emily - Oh meu Deus!

Eles perderam o apetite, era impossível comer com prazer nessas condições deploráveis. Aidan pegou o lençol e cobriu um sofá velho perto da janela. Ele tentou deitar enquanto Emily tentava camuflar a sujeira do colchão da cama com outro lençol.

Aidan se deitou no pequeno sofá, mesmo sendo apertado e tendo metade das pernas para fora.

Emily - Tem certeza de que quer ficar aí? Eu sou menor que você, então eu posso ficar no sofá.

Aidan sorriu com os olhos fechados.

- Claro que não\, isso não faz sentido\, você fica na cama!

Ela sorriu um pouco sem graça e se deitou de lado na cama, olhando para ele.

Aidan - Não consegue dormir?

Emily - Não!

Aidan - Então, continuando o assunto, o que aconteceu com seu namorado?

A pergunta a surpreendeu, então o silêncio prevaleceu por um longo tempo, cerca de dois minutos. Ele continuava com os olhos fechados, mas estava acordado, naturalmente se perguntando se fora invasivo demais com algo tão pessoal.

Aidan - Desculpe!

Emily - Ele foi assassinado.

Isso o pegou de surpresa e ele abriu os olhos, ajeitando-se no sofá de maneira mais confortável. Ele fitou o teto, começando a entender o motivo da tristeza e desdém dela em tudo ao seu redor.

Aidan - Sinto muito!

Emily - Ele era policial, aquele tipo de pessoa que entrava em uma briga para separar, o famoso apaziguador.

Ela suspirou profundamente e fechou os olhos.

Emily - Ele iria me pedir em casamento na noite da minha formatura, que por sinal também foi a trágica noite em que eu o perdi.

Aidan - Eu peguei o seu caderno!

Emily - O quê?

Aidan - Quando você saiu do vagão, percebi que tinha deixado no assento, peguei e fui atrás de você para te entregar. Mas então, você sabe o resto, ficou dentro da bolsa que eu carregava que aquele ladrão roubou.

O silêncio reinou mais uma vez naquele quarto até que ela o quebrou.

Emily - Tudo bem! E obrigada por ter vindo atrás de mim. Se você não tivesse feito isso, eu estaria sozinha aqui agora, quem sabe. Em uma única noite, já passamos por tantas coisas, a sensação que eu tenho é a de que te conheço há anos.

Aidan - Também sinto essa mesma sensação.

Ele poderia até contar que a observava há um bom tempo no metrô, mas achou melhor omitir isso.

Emily - E você?

Aidan - Eu?

Emily - Sim, quer compartilhar algo da sua vida?

Aidan - Bem, ao contrário de você, eu pedi uma pessoa em casamento, mas ela não aceitou e foi embora para Londres.

Emily - Mas ela foi embora por algum motivo especial?

Aidan - Não sei, quero esquecer que aquela mulher um dia existiu na minha vida.

Emily - Você ainda a ama!

Exclamou ela, ainda mantendo a visão nele deitado no sofá.

Aidan - Não, esse sentimento acabou!

Emily - Não acho, você está apenas muito magoado.

Aidan - Não é tão simples assim, Emily. O amor é algo muito forte. Talvez eu ainda não tenha sentido por alguém. Só tenho sentido paixão, e ela acaba rapidamente. É como uma fogueira, começa alta e aos poucos vai diminuindo até restar somente cinzas.

Emily - Isso foi muito profundo!

Aidan - (risos) Quando se sente emoções, as palavras brotam e saem naturalmente.

Emily - Que horas são?

Aidan olha para o pulso e lembra que o relógio foi roubado.

- Não é muito cedo\, nem muito tarde. Você quer ir a algum lugar\, moça?

Ele pergunta brincando, fazendo Emily rir.

Emily - Não hoje. (risos)

Ambos cerram os olhos, estavam cansados. Aidan não conseguia achar uma forma confortável para dormir, e cada vez que se movimentava rangia a madeira podre daquele minúsculo sofá.

Emily - Você pode dormir aqui.

Ela estava deitada de lado, com as mãos sob o rosto e as pernas dobradas devido ao frio.

Emily - É uma cama de casal, não há necessidade de você sofrer nesse sofá dos anões da Branca de Neve.

Ele sorri e sem protestar se levanta para se deitar ao lado dela, frente a frente. Os dois se encaram por um tempo.

Emily - Tenho medo de altura.

Aidan - Mais um de seus segredos revelados? (risos)

Emily - Sim, mas já estou trabalhando nessa fobia.

Aidan - Tenho certeza de que você vai conseguir vencê-la, és uma mulher forte.

Ele estava sendo hipnotizado pelos olhos azuis-oceano dela. Era quase impossível não ficar impressionado com a sua beleza angelical. Emily sente o coração bater forte, perdendo um pouco o ritmo da respiração. Aidan conseguia ver além do que ela mostrava.

Em um movimento rápido e sem malícia, Aidan leva a mão perto do rosto de Emily e, com os dedos, tira alguns fios de cabelo que estavam sobre sua boca, colocando-os de lado. Com um toque macio e delicado em seu rosto, ela fecha os olhos.

De uma hora para outra aquele momento de paz foi interrompido por um barulho fora do quarto: duas pessoas discutindo e falando alto. Emily senta na cama com um susto e Aidan se levanta pegando os casacos.

Aidan - Vamos, vista o seu!

Emily - O que está acontecendo lá fora?

Aidan - Não sei, mas é melhor sairmos daqui.

Ela coloca o casaco rapidamente e pega sua câmera fotográfica, pendurando-a ao redor do pescoço. Os gritos se intensificam e os barulhos de tiros ecoam pelo lugar.

Emily - Meu Deus!

Aidan - Vamos sair daqui logo!

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