Aidan estava saindo no mesmo horário de sempre do trabalho. Fazendo o trajeto costumeiro até o metrô, que continuava pacato como todas as noites anteriores. Entra no vagão se sentando em um assento aleatório.
Para a sua surpresa, a garota da noite anterior entra novamente com pressa e quase sem fôlego por correr bastante para não perder o transporte.
Aidan olha fixamente para a garota, que parecia nunca mudar de expressão, continuava não se importando com absolutamente nada que acontecia à sua volta. Abre novamente o misterioso caderno e começa a escrever algo muito importante pelo jeito concentrado e dedicado que ela fitava em cada linha.
Ao terminar fecha o caderno e coloca dentro da bolsa, põe os fones nos ouvidos e encosta o rosto melancólico na janela do vagão. Aidan tem uma ideia e tira seu caderno de folhas brancas de dentro da bolsa, com um lápis apropriado começa a desenhá-la.
Poderia até parecer bizarro imaginar que estaria usando o seu hobby para desenhar uma desconhecida qualquer. Mas algo nela aguçava a sua curiosidade como um enigma a ser desvendado.
A garota olhava para o nada sempre na mesma direção, era como se seu corpo estivesse ali, menos os seus viajantes pensamentos a deixando em total inércia a viagem inteira.
...
Assim os dias vão se passando, algumas vezes ele a encontrava no metrô, outras não. Estava virando uma situação rotineira para o Aidan encontrá-la e nunca ser notado. Faziam duas semanas que ela não entrava mais naquele vagão, deixando ele um pouco triste, chegando até cogitar que se passava apenas de uma turista que estava passando uns dias na cidade.
Aidan se pega olhando para o desenho dela no seu escritório, não percebendo seu primo entrar de fininho que ficou ao seu lado observando a cena meio confuso.
Evan - O que você tanto olha para esse desenho?
Aidan acaba tomando um susto e fechando rapidamente o caderno.
- Você está ficando louco? Como entra na minha sala assim sem bater\, seu idiota!
Evan não se controla tento uma crise de risos ao visualizar o rosto do primo vermelho igual um pimentão. Aidan empurra a cadeira que desliza para trás e se levanta com muita raiva.
Aidan - O que você quer? Fala logo! Não pense só porque é meu parente que está livre de ser demitido.
Evan - Calma primo, estou com você! Só achei interessante encontrá-lo tão entretido olhando para essa imagem.
Aidan - Ah, vá se catar! Cadê as planilhas que te pedi para fazer?
Evan - Trago em duas horas!
Aidan - Quero em uma!
Evan - Que seja!
Aidan pega o telefone fazendo uma ligação na linha dois.
- 📞 Traga um café puro para mim!
Ele finaliza a ligação e senta novamente em sua cadeira, se concentrando na tela do notebook que fazia seu rosto ficar iluminado pela tela.
Evan - Então!
Sem tirar a visão da tela ele responde:
- Aidan - O quê?
Evan - A garota ora, quem mais poderia ser?
Aidan - Eu não sei!
Evan - Como assim, você não sabe quem é a garota que desenhou?
Aidan - Não!
Evan - Primo, você está bem? Tem certeza que o término conturbado do seu relacionamento não lhe afetou?
Aidan sobe a visão o olhando e arqueando as sobrancelhas.
Evan - Você tá meio esquisito! Não vai me dizer que está apaixonado por um fantasma?
Aidan solta uma risada alta e gira a cadeira até o meio.
- Claro que não!
Evan - Menos mal, já estava começando a ficar preocupado. (risos)
Batidas na porta...
Aidan - Pode entrar!
A secretária entra segurando uma bandeja com um pequeno bule de prata e duas xícaras de louça branca, e os serve.
Aidan - Obrigado, pode se retirar!
Secretária - Sim, senhor!
Eles tomam café em silêncio por um longo tempo, até Aidan ligar o telão onde passavam vários projetos de imóveis, enviados pelo arquiteto.
Evan - Esse projeto é milionário, hein?
Aidan - Vou investir uma considerável bagatela nesse projeto!
Ironiza Aidan.
Evan - Bagatela? (risos) O que é pouco para você é muito para mim. Quero um dia chegar a pelo menos um terço do que você tem e andar de metrô como um cidadão comum.
Aidan - Não fale besteiras!
Evan - Só lamento ser o fracassado da família. Meu pai perdeu tudo nos cassinos de Las Vegas, isso me deixa chateado, só nos deixou dívidas de jogo.
Aidan - Detesto jogos, já te disse que pago essas dívidas.
Evan - Não, primo, já estou conseguindo quitar tudo com meu salário.
Aidan - Seu pai não vale nada! Deixou esposa e filho na miséria, ainda bem que conseguiram se reerguer.
Evan - Lamento muito tanto pela tragédia da morte de seus pais, eles não mereciam isso.
Uma lágrima escorre pelo rosto de Aidan ao relembrar do trágico acidente de carro que ceifou a vida de seus pais quando ele tinha vinte anos. Carregava a dor da perda, a qual achava que ninguém era capaz de entender tal sofrimento.
Evan - Meus tios eram pessoas muito boas, lembro até hoje quando ia passar as férias na sua casa de campo, que incrível era.
Um sorriso brota nos lábios de Aidan por conseguir transformar boas lembranças em saudades. Era assim que ele conseguia lidar com o luto.
Eles conversam por mais alguns minutos até Evan sair da sala, deixando-o sozinho. Aidan abre uma bolsa de couro e guarda o caderno de desenho. Logo ele volta a se concentrar no trabalho, mas algo inesperado aconteceu naquela tarde.
Seu celular começa a tocar freneticamente. Ao verificar quem era, ele franze a testa. Era Sara, tentando se aproximar dele.
Aidan se pergunta em voz alta:
- Acha mesmo que sou um otário e que vou atrás de você como um cachorro adestrado? Não desta vez\, minha querida.
Ele tinha uma certa raiva em seu semblante, mesmo ainda amando-a apaixonadamente. Não poderia se humilhar depois de ter sido ignorado e descartado por uma mulher que nunca se importou com ele, quanto mais amá-lo.
Aidan deixou o tempo cuidar de tirá-la de sua mente. Era muito difícil, mas ele não iria voltar atrás depois de constatar que ela nunca o amou. Não estava disposto a nadar contra a correnteza.
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Atualizado até capítulo 134
Comments
maiana silva
é isso aí Aidan se valorize vc vai esquecer essa Sara.
2024-05-07
4
Maria Das Graça
Aidan e Emilly vão ser a cura um do outro
2024-04-20
8
Gedna Feitosa Gedna
Parabéns Aidan pela ótima decisão tomada.
2024-03-09
18