Pare

Ponto de vista — Heitor

Isso foi culpa minha? Talvez se eu tivesse explicado melhor, ela não teria sido torturada de tal forma.

Eu ainda não sei o nome dela, mas realmente me chamou atenção. Claro, fiquei surpreso que era apenas ela na gangue, afinal aquela reputação era tão grande ao ponto de dizerem que haviam várias mulheres envolvidas, essa foi a teoria levantada. Ninguém acreditava que uma única pessoa faria tantas coisas, e teria tantas aparências.

— Mas agora eu tive a oportunidade de ver seu rosto de verdade, apesar de estar machucado… — Eu ri pensando nisso.

— Senhor? Está tudo bem?

— Sim, está!

(Bom, em breve vou precisar de mais trabalhos igual a esse, então…)

Vai acontecer um evento, todos irão com máscaras, e claro, preciso de uma ajudinha dela. Pretendo recompensar adequadamente aquela garota, espero que faça um bom trabalho novamente!

Contatei a gangue, e expliquei que queria vê-la apenas para conhecer tamanha fonte de rumores. Enviei as informações sobre a festa, e será em dois meses, nesse tempo ela já estará melhor.

— Vamos voltar agora, Wilson!

Essa mansão em que eu estava não era a principal, aqui era apenas para negócios, nenhum mesmo a propriedade está realmente no meu nome verdadeiro. Os empregados eram contratados daqui, mas o único que me seguia diariamente era o mordomo, onde quer que eu fosse.

— Antes, peça para colocar um informante naquela gangue!

(Quero saber sobre a vida dela…)

Eu voltei para minha verdadeira casa, e já tinha uma imensa papelada para cuidar.

— Irmão! — Henri veio correndo até mim.

Somos apenas nós dois desde que meu pai morreu, nossa mãe fugiu com outro homem depois de ter Henri.

— Onde você estava? Demorou mais dessa vez!

— Me desculpe, estive resolvendo uns problemas!

— Tudo bem, foram apenas dois dias! — Ele sorriu.

— Então, como foi seu primeiro dia de aula?

— Foi divertido, eu conheci uma menina que gostei!

— Sério? Qual o nome dela?

— Manuela!

— Espero que traga ela aqui para brincar!

— Vou fazer isso daqui um tempo!

Depois de conversar com Henri, fiquei o resto do dia revisando documentos, não somente dos meus negócios da máfia, mas também das minhas empresas.

(Não era atoa que eu sou o homem mais rico da cidade.)

— Senhor, a Senhorita Martini está aqui para vê-lo!

(Amanda…)

— Diga que estou ocupado! — Eu olhei novamente para o meu documento.

— Vai continuar me evitando até quando? — Ela entrou.

— Já te disse para não tomar liberdade na minha casa!

— Mas antes não foi você que tinha dito para eu agir como se fosse minha casa?

— Isso era antes!

— Heitor, para que tanto drama? É somente uma briguinha, dessa vez você levou a sério demais!

— Briguinha? Acha que vou continuar aceitando as suas puladas de cerca?

— O que você pode fazer? Você me ama, por mais que queira negar!

Amanda é minha amiga de infância, antes, eu sofria muita pressão para me casar com ela no futuro, e acabei cedendo a tentar algo. No final, eu realmente acabei gostando dela, mas não acredito que seja amor.

— Gostar é uma coisa, amar é outra!

— Mas você não gosta de mim, na verdade, você me odeia! Eu sei que eu errei, mas o que posso fazer? Heitor, eu realmente odeio estar presa a alguém por tanto tempo!

— Então no seu ver tudo bem me trair?

— Bom, você pode fazer o mesmo se quiser, mas você ainda vai continuar me amando!

(Ela sempre é tão convencida!)

— Vou repetir mais uma vez, eu não te amo! Amanda, se eu amasse você, acha que eu aceitaria o que você faz? — Me aproximei dela.

— Prefiro acreditar que sim, afinal, essa é a nossa relação!

Nós dois não estávamos juntos, mas constantemente nos envolvemos. Houve um tempo que decidimos tentar ter algo, mas ela fica com vários homens, e eu não aceito ser traído assim.

E por que ainda fico com ela? Bom, ela foi a única mulher que já esteve na minha vida, acho que apenas me acostumei a estar com ela, mas se Amanda desaparecesse, para mim não mudaria nada.

Nós nos beijamos, mas eu me perguntava se era assim com todos? Não é algo que aquece o coração igual as histórias que Amanda me obrigava a ler com ela.

— Vamos para o quarto? — Ela puxou minha gravata.

— Hoje não…

— Nossa, você é realmente chato! Se continuar assim, não vou poder evitar de ir atrás de outros homens!

— Se isso importasse mesmo, você nunca teria procurado por eles antes!

— Ah, esqueça um pouco isso, vai?

— Por que não procura eles para isso?

— Ah, você sabe a razão, você é muito bom naquilo, e sabe que às vezes fico frustrada! O último cara com quem eu estive foi realmente horrível, ele era virgem, e ainda por cima o dele era bem pequeno!

— Amanda, pare! Não quero saber desse assunto!

— Você é muito insensivel, por isso acho que nunca vai encontrar outra mulher que te queira além de mim!

— Como quer que eu não seja quando você usa um palavreado tão vulgar se referindo vergonhosamente a mim de forma descarada?

— Sério, você às vezes é irritante! Que tipo de linguagem é essa? Fale menos formal, nossa relação merece!

— Apenas saia, eu estou ocupado!

— Aff, eu vou voltar à noite!

— Tudo bem, agora sai logo!

(Estou ficando com dor de cabeça.)

Ela realmente voltou à noite, e por mais que eu não quisesse, ela me chateou tanto ao ponto de eu ceder as vontades dela.

No dia seguinte, me levantei bem cedo, meu irmão por incrível que pareça já estava acordado.

— Bom dia! — Ele sorriu enquanto pegava uma torrada.

— Você parece bem animado hoje, aconteceu algo bom?

— Hoje é o dia que vamos ao museu!

(Ah, aquela viagem da escola que ele havia mencionado dias atrás…)

— Sua babá preparou tudo?

— Sim!

— Que clima encantador! — Amanda apareceu repentinamente, tomando a torrada da mão do meu irmão.

— Já te disse para não fazer essas coisas!

— Você também me disse para ficar longe de você, e no final passamos a noite juntos de novo!

— Amanda, o meu irmão!

— Acha que essa criança não sabe das coisas? Venho aqui há muito tempo, ele não deve se importar comigo!

— Sua bruxa feia! Irmão, por que ainda aceita essa mulher repugnante aqui?

— Olha, garoto, se você não…

— Amanda, vai embora agora! Estou ficando irritado, e não vou te perdoar se continuar!

Ela fez cara feia e saiu.

(Insuportável, no que eu acabei entrando?)

— Irmão, você não vai se casar com ela, certo?

— Claro que não, fique tranquilo!

Meu irmão sorriu, mas ainda estava irritado.

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