CAPÍTULO I: ESTIGE - PT.4

— Segregação racial? Que bonitinho! O que você é? Um homem-bomba ou não transou bem na noite passada? Porque eu entendo que o produto nacional seja de péssima qualidade, não está fácil pra ninguém… — debochou.

Sem pestanejar, um movimento com as pernas imitando a arte do Taekwondo se levanta em direção a Yu, que preparava as macias mãos para trazer seu instrumento cortante, à luz do dia. Porém, um corpo extremamente alto e forte se põe rapidamente em sua frente, segurando com apenas uma mão o golpe do agressor, levantando uma enorme cortina de poeira, que cegava todos os integrantes do grupo, inclusive Yu, que tentava ver as características da presença, mas o sol criava uma sombra muito grande em seu corpo, mas uma voz extremamente grave, lembrando o primitivo ‘‘disk-sex’’, marcou sua memória:

— Você e seus discursos fétidos, Gigas!

Se afastando lentamente de presença protetora, Gigas continua seu deboche:

— Chegou o defensor dos fracos e oprimidos! Meu amigo Khalan…

Yu fica espantado sem, conseguir ter uma reação maior que lembrar da noite passada, enquanto os dois continuam a retrucar, a bolsa de Yu e roubada e repassada a Gigas, rapidamente:

— ‘‘Isso só pode ser brincadeira mesmo…’’ — pensou ironicamente.

A presença protetora retrucava:

— Não posso negar que tínhamos alguma amizade…

— Como sempre querendo dar um de herói, e esquecendo dos seus… você não acha que isso pode te custar muito caro futuramente?

Pegando um pedaço da madeira bem pesada no quanto da rua, continuava a fuma o cigarro, até que chega perto do rosto de Khalan e bafora a fumaça em seu rosto, contudo o sarcasmo era algo que não custava a aparecer no momento:

— E eu não sabia que agora você estava assustando criancinhas, que decadência para sua gangue, hein?

— É mesmo…? — respondeu.

— Ah, aproveitando o ensejo… eu queria saber quando está cobrando para assustar uma casa com dois cômodos? — ironizou.

Esperando uma reação violenta de Gigas, que não aparecia, Khalan via que está aberta uma brecha entre o raciocínio um pouco lento do gangster, para tirar a bolsa das mãos de ex-amigo, que um combate corporal numa luta de arte marcial, porém acaba perdendo, deixando voar a bolsa de Yu, perdendo sobrando apenas seu cigarro, que acaba voando alto após sua queda:

— O mesmo preço que o Ngam tiraria se vendesse você aos árabes… — vociferou.

Após soltar um riso alto, Gigas estava caído no chão, observando o céu poluído, até que é ajudado pelos outros membros da gangue, que se espalham pela rua, deixando os lados resolverem a questão, afinal não iam sem meter em briga de nível diferente.

— Você acha que valeria alguma coisa para os estrangeiros? — ironiza. — Ah! Eu esqueci de adubo é comercializável…

Gigas retruca:

— Você sabe que ele não deveria estar nesse lugar, olha a cor dele? É de família rica, seria uma ótima troca!

— O quê?

— ‘‘O dia já começou bem agitado né? Eu já virei mercadoria de um mercenário altamente louco’’ — pensou Yu. — ‘‘Onde é que eu fui estacionar meu carro?’’

— Já imaginou? Bastava só um belo embrulho em cordas grossas e umas belas mordaças nessa linda boquinha e a gente iria ganhar uma bolada, mas você apareceu para atrapalhar meu plano e ainda me fez perder o cigarro, vê só a ironia!

— O que você ia ganhar com isso, Gigas? Glória?

— A sua sorte é que você é meu amigo e sabe lutar muito bem, senão eu já tinha dado um fim em você em dois tempos…

Gigas se aproximando de Khalan, acendendo outro cigarro, olhando para Yu com um sorriso bem doentio, que não se sentia reprimido pela intenção sombria do gângster, até que é interrompido do seu transe milionário:

— Se você fosse meu amigo, pensaria que este menino não tem nada a ver com a nossa situação.

— O quê?

— Não estamos aqui porque queremos, já pensou que é isso que eles lá de cima querem? Que nos matemos mutuamente enquanto eles experimentam seus caros cafés, fumam charutos importados e transformam nossas casas em pastos para gado?

— Sua teoria é invejável… — ironizou.

— Você acha que eu também gosto da vida que todos aqui vivem? Olha onde eu moro? Onde você mora é pior que isso aqui, não é? Mas se miscigenados como nós estudarmos, podemos ter nem que seja um pouco mais de dignidade…

— Isso se antes eles não nos matarem…

— Temos que pisar em cima da carne morta para vivermos diante da insignificância que eles pensam que representamos para a sociedade, já que não temos força para combater essas desigualdades por sermos minoria, pelo menos se nos unirmos podemos fazer alguma diferença ou servir de exemplo…

Assim que termina, uma salva de palmas era dada por Gigas, que estava com um semblante sádico no olhar:

— Que discurso lindo! Palmas para ele! Só você no seu mundo acha que isso mudará em algum momento, você não vive  no mesmo mundo que eu… essa sociedade narcisista e cheia de fobias imundas só quer aniquilar todas que não sirvam ao seus interesses… — vociferou.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***